Por
Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Conheci-o no matutino: “ O
Primeiro de Janeiro”. Mais tarde, tive oportunidade e o prazer, de o visitar,
na sua casa, no Porto, onde apreciei magníficos quadros, e assisti, encantado,
às derradeiras pinceladas de aguarela, que representava interessante e curioso
rincão da Ria de Aveiro
Daniel Constant, era pintor,
mas era, igualmente: jornalista notável e cronista excepcional.
Ganhou celebridade e tornou-se
conhecido, por ter usado técnica peculiar e inimitável, que lhe permitia fazer
aguarelas magníficas.
Seus lírios, apesar de serem
apenas aguadas, disformes e esfumadas, tinham vida, e beleza invulgar, que os
tornavam inconfundíveis.
Aprendera a técnica com
artistas japoneses, que lhe permitia obter a humidificação do papel, durante o
tempo necessário para ultimar a aguarela.
No pincel, apenas existia a
tinta, tal qual saia da bisnaga; a água estava no papel, que ficava de molho a
noite inteira, mergulhado numa solução, cuja formula nunca me revelou.
Numa tarde quente de Maio, teve
a amabilidade de me receber, na sua bela residência. Na ocasião, interroguei-o:
-” Por que não expõe no estrangeiro?!; em Paris, por exemplo, como
fizeram, e ainda fazem, os artistas de nomeada?!”
Encarou-me de frente, sorrindo,
e respondeu-me deste jeito: - “ Se fosse mais jovem, talvez; agora: não!
Os quadros vendem-se facilmente e por bom preço, mesmo sem sair da minha
cidade…”
Nasceu o artista, em
Matosinhos, no ano de 1907; mas desde os seis anos, conviveu com a Ria, por ter
vivido em S. Jacinto. Dai a paixão pela Ria e pelos barcos moliceiros.
Em 11 de Junho de 1992, foi
homenageado pela Câmara Municipal de Ovar. Informaram-no que seria atribuído, o
seu nome, a rua da cidade.
Daniel Constant, viveu no
Porto, na Rua do Bolhão, na companhia da esposa, a Senhora D. Adelina Conceição
Ludovico Constant.
Como a mulher era algarvia,
passava o tempo de férias, junto do Promontório de Sagres, onde possuía casa.
Com ele iam as sobrinhas. - O
aguarelista gostava de se divertir com as crianças: contava-lhes histórias e
jogavam jogos tradicionais.
Diante do mar azul e imenso:
pintava, pescava e passeava, com a mulher. Deste modo decorriam, de jeito
simples, as férias algarvias.
Como jornalista do periódico: “
O Primeiro de Janeiro”, foi encarregado, durante anos, da secção: “ Turismo
& Gastronomia”.
Era excelente cozinheiro e
autor de vários livros de culinária. Chegou a cozinhar, na residência de amigo,
saboroso almoço, para o Senhor D. Duarte, pai do actual Duque de Bragança.
Normalmente exponha,
periodicamente, na cidade do Porto; em regra, na galeria do jornal onde
trabalhava.
As aguarelas, de rara beleza, “
voavam” em poucos dias; e eram disputadíssimas pelos mais conhecidos
coleccionadores de Arte.
Os temas retratados eram quase
sempre: flores, Aveiro e a formosa Ria. Ricos em cambiantes, largas pinceladas,
de luminosidade fascinante, que a todos encantava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário