Por Leandro Bertoldo Silva (Padre Paraíso, MG)
Todo final de ano somos acometidos pelo
desejo do novo. É um desejo que nos leva a fazer listas de ações —na maior
parte das vezes não cumpridas — e uma infinidade de rituais na esperança de
dias melhores.
Há, também, certa quantidade de gurus
com suas previsões, leituras astrais, queimas de karmas e até mesmo
recomendações de se usar determinadas cores de roupa, comer ou evitar essa ou
aquela iguaria e outras coisas mais na intenção da boa sorte. Não sou contra
nada disso. Desde que se sinta bem, vá em frente. O importante é ser feliz. Mas
deixe-me dizer uma coisa…
Esse ano eu quero o simples sem
excessos, só isso. Em muitas coisas, quase todas, eu desejo o menos: menos
barulho, menos discurso, menos necessidade de mostrar para que os olhos possam
enxergar. Quero aprender com o menino do Manoel, que falava que “os vazios são
maiores e até infinitos” e me formar em desenchimentos.
Sou do tipo de pessoa apaixonada pelo
pequeno, pelo pouco, pelas miudezas das coisas, e isso não quer dizer pobreza
material e muito menos de espírito ou falta de crença em conquistas, muito
antes pelo contrário. Coragem e uma boa dose de sensibilidade se fazem
necessárias para enxergar o quanto é belo o nascer do sol, o cair de uma folha,
o canto de um pássaro, o reconhecimento afetivo de um animal. Junte-se a isso o
sorriso de uma criança e o afago de um idoso e o mundo desabrocha tal qual
pétala de rosas. Ainda bem não ser possível colocar tudo isso em um
quadro, porque nenhuma dessas coisas nasceram para serem emolduradas. É necessário
saber apreciá-las em sua liberdade. E é por isso que são preciosas e raras
porque poucos sabem o gigantismo de cada uma delas.
Que possamos esvaziar-nos de ilusões,
ser água para correr livremente e enxergar o aconchego do silêncio; ele até
pode ser quieto, mas nos diz o certo.
Que encontremos, pois, em nossos
corações, o silêncio das necessárias verdades, e que o simples nos leve às
nossas letras.
Queridos amigos e amigas, desejo a todos
vocês um ano de magnífica beleza. Sejamos poetas das cores, dos sabores, dos
amores, dos encontros sem preconceitos. Que saibamos extrair a preciosidade da
vida em seus menores detalhes. São neles que moram as essências.
Feliz 2023 e até os próximos dias em que
estaremos juntos na continuidade da nossa caminhada e de nossas virtudes.
Forte abraço!
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