Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
– Eu quero voltar lá de novo,
Roberto! — Disse Sylvia animadamente ao marido no volante do carro.
Como era longo e tortuoso o
caminho de volta para casa. E Roberto, de repente, lembra-se da conversa banal
no escritório, dias atrás. Um amigo do trabalho, um pouco mais velho que ele,
vinha com essa conversa: – A pior fase do casamento, Roberto meu amigo, é a
crise dos sete anos! – Roberto nem deu atenção para aquele tipo de conversa
naquela hora do dia e no local de trabalho.
Mas,
no fundo, ele não poderia deixar de pensar em seu relacionamento com Sylvia,
como as coisas estavam frias de uns tempos para cá. Aquele fogo todo, tão comum
no início do namoro e do casamento, era definitivamente coisa do passado. E uma
série de desculpas sem fim, parecia permear a relação dele com Sylvia.
Desculpas de ambos os lados, que os dois toleravam por puro comodismo apenas.
Certo dia, quando Roberto volta do
trabalho para casa, Sylvia venho com uma conversa estranha, sobre tal Hell–fire
Club. Segundo ela, era uma casa noturna para casais modernos e liberais. Nem
adiantou Roberto perguntar onde ela encontrou essa tal casa noturna para casais
modernos liberais.
***
Na mesa ao lado, Roberto reconheceu
a figura sentada com uma mulher à tiracolo, ele só não sabia quem era ao certo.
Era um senhor calvo e de meia idade vestido elegantemente para um lugar como
aquele. A jovem mulher, que o acompanhava, estava vestida com roupas
provocantes e maquiagem pesada que lhe davam a aparência de uma prostituta
barata. Roberto deduziu que estavam em uma espécie de área vip. Em uma segunda
olhada, Roberto lembrou de onde conhecia o senhor calvo, ele foi um candidato a
vereador nas últimas eleições, bem votado por sinal, mas, não conseguiu se
eleger. Roberto viu, quando o senhor calvo esticou quatro carreiras de um pó branco
na mesa. Até que, um segurança apareceu e conduziu o senhor calvo e sua
companheira para fora do recinto, de forma bem discreta por sinal.
– Me empresta, por favor?
– Emprestar o que meu amigo?
– A tua mulher, ora bolas!
A pergunta trouxe Roberto de volta
para a realidade. Era um homem jovem, alto, tez morena e bem-vestido com terno
e gravata, no punho um caro relógio de ouro, que fizera pergunta fatídica.
O jovem estava de pé ao lado de Sylvia, estava
acompanhado de uma mulher que parecia ter saído de um ensaio fotográfico de uma
revista de alta costura. Sylvia estava sentada na frente de Roberto. Ele não
notou, mas Sylvia devorava o jovem desconhecido com os olhos.
A mulher de Roberto, nem esperou a
resposta do marido e, estendeu a mão para o jovem desconhecido mancebo. Mas,
rápido ainda, outra mulher tomou o lugar de Sylvia, uma mulher também jovem,
loura, esguia e muito bonita. Ao sentar-se, a loura não perdeu tempo,
passou com voracidade a mão esquerda no meio das pernas de Roberto e com a
língua, banha a orelha de Roberto com saliva. E, mais que de repente, um
arrepio passa a correr pela espinha dorsal de Roberto. Roberto, não tirou os
olhos e a mente da sua esposa Sylvia e do austero jovem desconhecido, eles se beijam
com ardor, a poucos centímetros dele e da sua mais nova e desinibida companhia.
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
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