Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
— Não fique parado, mostre-me seus
encantos! — Falou Lina ao ouvido de Ezequiel. Ezequiel, deitado ao lado de
Lina, então se despiu e fizeram amor insaciavelmente a noite toda.
Um pouco antes de amanhecer, antes
que a universidade acordasse, Lina foi até ao refeitório. Ela sentia-se bem lá.
Como de hábito, com um caderno de anotações. Lina ouviu os estalidos de saltos
altos batendo no chão, a estudante sabia quem era e o perfume confirmou quem
era.
— És uma garota que estuda muito!
Será mesmo, que vale a pena todos estes sacrifícios? — Perguntou a inspetora
para Lina, como se soubesse de algo que a aluna vinha escondendo.
— Não me faça perguntas, preciso de
sua confiança! — Respondeu Lina com a cabeça baixa e ainda preenchendo o
caderno de anotações. A inspetora deu meia volta e os estalidos do salto alto
aos ouvidos de Lina eram estrondos fortíssimos. Lina resolveu voltar para o
alojamento antes que o refeitório se apanhasse de estudantes e funcionários e
assim ela fez.
Lina, agora maquiada, soltou os
cabelos, passando pelos corredores lotados da Universidade, os garotos
assobiavam e gritavam: — Linda! Gostosa! Quero ser seu objeto de prazer. E como
de costume as garotas cochichavam, não disfarçando a ira.
Ezequiel ouvia e via tudo calado,
olhava cabisbaixo, morrendo de ciúmes da amada. Lina fingia não ver Ezequiel,
no decorrer do dia, ela o esnobava completamente. No término das aulas, Lina
pegou seu boletim de notas, determinada como era, praticamente a melhor aluna
do curso. Lina, cursava medicina. Cansada, chegou ao dormitório, no qual
dividia com Ezequiel.
— Finge não me ver? Perguntou
Ezequiel não escondendo a tristeza.
— Estou exausta, realmente não te vi!
— Respondeu Lina friamente e tomou rumo ao banheiro, foi tomar seu demorado
banho. Depois tomou rumo do quarto e foi
dormir.
Ezequiel insone, estava parado de pé
na porta do quarto de Lina. Passou e repassou a estranha relação que
desenvolveu com a estudante, suas idas e vindas, altos e baixos. Ele resolveu
se deitar ao lado de Lina.
— Criamos um vínculo e faz de conta
que não existe? — Falou Ezequiel para a adormecida estudante. Ezequiel passou
horas sentado, ao lado dela. De fato ela parecia estar exausta!
No dia seguinte Lina, não estranhou
sentir e depois ver Ezequiel deitado e dormindo profundamente ao lado dela. A
estudante se levantou com o cuidado de não acordar Ezequiel. Lina foi até o
banheiro, lavou seu rosto e não se preocupou em pentear o cabelo.
Ao voltar para o quarto, Lina olhou
fixo em Ezequiel, que ainda estava deitado na cama.
— O que aconteceu com seu rosto? —
Perguntou Lina horrorizada.
Ezequiel não respondeu, simplesmente
se calou. Haviam cicatrizes ainda abertas e sangravam no resto do
estudante. — Precisa procurar um médico.
— Cale-se! Gosto das cicatrizes, me
fazem lembrar, o que devo evitar. — Falou enfurecido Ezequiel e abaixou a
cabeça. Lina deu meia volta e voltou para o banheiro e por lá passou um tempo
para digerir a citação que estava.
Lina decidiu voltar à vida normal,
como se nada estivesse fora do lugar, tomou banho e voltou para seu quarto para
se aprontar para mais um dia. Lina se aprontou, passou pela porta do quarto e
pouco se importou como estava e onde estava Ezequiel.
Chegando ao refeitório, a
inspetora olhou bem para ela de cima a baixo.
— Espera que saibas o que está
fazendo, qualquer coisa, estarei aqui! — Disse a inspetora de forma mecânica.
Em um dos corredores da
Universidade, um garoto muito agitado, bruscamente parou Lina, era um dos
amigos muito próximo de Ezequiel
— Como tem coragem de dividir o
quarto...
— Não entendi, termine a frase,
ou sente medo? — Perguntou Lina, não demonstrando medo.
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