quarta-feira, 1 de março de 2023

NA ALMA

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) 

Finalmente chegaram as férias. Férias do meio do ano, que seriam no máximo quinze dias. Os estagiários, entusiasmados, corriam de um lado para o outro. O famoso descanso, e o encontro mais que merecido, com a família. Lina parecia estar entusiasmada com o recesso.

            — Vou sentir sua falta! — Disse Ezequiel para Lina.

— Preciso ir, meus pais chegaram! — Respondeu Lina friamente, pois não correspondia ao amor que Ezequiel sentia e demostrava por ela.

Lina deixou Ezequiel para trás e foi em encontrar com os pais que estavam no corredor. A estudante de medicina abraçou seus pais, escondendo as cicatrizes do rosto, com um excesso de maquiagem. De fato, a estudante não queria mostrar-lhes suas muitas cicatrizes, que se alojavam no rosto, frutos das muitas aventuras, que viveu na Universidade.

Lina e a família, saíram do alojamento dos estudantes, andaram poucos metros e chegaram ao estacionamento público da universidade. O pai Lina reclamou do fato de ter que para o estacionamento, a mãe de Lina sorriu com o fato do marido reclamar quando ter que gastar centavos por minutos de estacionamento. Subiram no carro e ganharam a estrada.

Lina vinha de uma pacata cidade do interior. Após poucas horas a família   chegou em casa. O suor suada, fez a maquiagem de Lina correr pelo rosto, ai foi impossível esconder as cicatrizes da mãe. A mãe Lina notou as marcas assim que desceram do carro.

Então, mãe de Lina, em estado de choque, chamou a filha para uma conversa e franca e a sugestão foi uma visita a um cirurgião plástico. Um médico amigo de longa data da família de Lina, que passava férias no interior.

 Um tratamento caro, mas, que deu fim as cicatrizes alojadas na face. Lina, transformou-se numa outra mulher, sua autoestima, mudou no dia que se olhou no espelho. Enxergando assim, a bela mulher que ocultava o rosto. Sentia-se feliz com sua família, porém ao cair na casa, ela sentia uma imensa falta de Ezequiel. Não telefonou para Ezequiel como combinado. Ficaram quinze dias sem se falarem.

            Passando-se quinze dias, Lina voltou para a universidade, suas pernas estavam, trêmulas, ela suava frio. Afinal, era a saudade de Ezequiel?

— Ei, garota, ainda repartirá o dormitório com o Ezequiel? — Gritou ao longe um amigo de Ezequiel. E Lina, calou-se. — É muito ousadia tua, boa sorte pois você vai precisar! — Emendou o amigo de Ezequiel.

Lina continuou andando e ao chegar nas escadas, a estudante de medicina não se conteve e subiu as escadas correndo. Lina abriu a porta de forma intempestiva. Ezequiel, já estava no quarto, sentiu a presença de Lina e correu até ela. Ela o abraçou, matando a saudade. Naquele dia não saíram do quarto, se saciaram todos os desejos espremidos com muita paixão.

— Havia reciprocidade, naquela mistura de amor e paixão? Lembrou-se das cicatrizes, pensou calada: Já não se encontra na face. Mas, sim, na alma.


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