Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Julgam alguns sacerdotes, que
homilias prolongadas, recheadas de preciosa erudição, em estilo obscuro,
fascinam mormente com crentes de elevada cultura; puro engano.
Estando em Roma, tive
oportunidade de prosear com franciscano, que tentou explicar o motivo da rápida
expansão das Igrejas Evangélicas e seitas, no Brasil.
No parecer do erudito
sacerdote, essa proliferação, deve-se o facto da maioria dos pastores
utilizarem linguagem corrente e usarem termos que o povo facilmente compreende.
O padre tem formação superior,
constrói a prática com frases e vocabulário, que as classes mais baixas da
sociedade, em geral, desconhecem.
O resultado é irem buscar
Igreja, que lhes fale ao coração, com palavras simples e corriqueiras.
Verdade se diga, que há quem
frequenta o templo para saborear subtilezas, como santo Agostinho, assistia aos
sermões de santo Ambrósio:
" Ardorosamente o
ouvia, quando prega ao povo, não com o espírito que convinha, mas como que a
sondar a sua eloquência, para ver se correspondia ou exagerava ou diminuía a
sua reputação oratória
" Estava suspenso
das suas palavras, extasiado do que ele dizia." - "Confissões" -
Lº V
Foi desse modo que o
franciscano, homem culto, que temporariamente morava na Via Merulana, em Roma,
explicou-me o motivo da proliferação de seitas, na América Latina.
Termino, levando ao leitor a
opinião de Nicola Bux, Professor da Faculdade Teológica de Bari (Itália) –
autor do livro: " Como Ir á Missa Sem Perder a Fé", " As
homilias são por vezes: demoradas, incompreensíveis e maçadoras, que pouco
dizem aos fieis e menos ainda ao assistente ocasional."
A propósito, recordo o
soporífico sermão, proferido por pastor, prática que assisti na adolescência.
Creio que os crentes, após o terem escutado, ficaram em jejum, com pouca
vontade de voltarem a ouvi-lo.
Ouvi, igualmente, a homilia de
bispo, residente em Luanda, que me cativou – era simples, proferida como
estivesse a conversar á mesa de Café, com amigos.
Os fiéis saíram encantados, e
com vontade de voltarem a ouvi-lo.
Em suma: a prática deve ser
proferida com o coração, vivendo o que se diz; em estilo simples, para que as
palavras entrem, rapidamente, no coração dos crentes e descrentes.
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