Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)
No momento que ocorre este drama, o estado do Maranhão tem mais de mil e
seiscentos registros no interior em vinte e quatro horas e passa e dos mil
centos e um mil, casos confirmados de Covid-19!
Maria
segurava firme nos braços seus dois filhos, ainda pequenos e ela estava
amedrontada, caminhavam pela mata afora, na completa escuridão. A família,
estava não muito longe da favela, onde viviam e pareciam fugir de alguém ou de
alguma coisa apavorante. Muito cansada, Maria se sentou perto de um minúsculo
córrego, de águas cristalinas, estavam famintos e sedentos. Beberam água e
comeram o pouco do que tinham levado.
Logo depois,
recomeçaram a caminhar e chegaram em pouco tempo à beira de uma estrada
deserta. Um carro parou, a poucos centímetros da família em fuga e o vidro do
carro baixou.
— O que
estão fazendo aqui? Este é um lugar perigoso! — Disse a motorista, assustada e
muito preocupada com a cena, que via. Uma mulher jovem, vestida com roupas
simples e com dois meninos pequenos. Estavam maltrapilhos, vagando no meio do
nada caminhando tarde da noite em uma rodovia deserta.
— Por
favor, minha senhora! Sai daqui agora! Ele vai me ver, vai embora! — Sussurrou
Maria aflita para a motorista.
A
motorista olhou com mais atenção e viu os hematomas no rosto magro e sofrido de
Maria, os olhos vermelhos e roxos.
— Mas ele
quem, minha senhora? A senhora não quer mesmo uma carona? — Disse a motorista
em um tom confortador.
De
repente, chegou um homem alto e forte e puxou Maria pelos cabelos com força, a
levando novamente em direção a mata fechada. Maria tropeçou e foi ao chão,
levando as duas crianças junto, a pequena bolsa que ela carregava se rasgou
espalhando, os poucos pertences da família. O homem com tufos de cabelo de
Maria na mão, olhava ameaçador ergueu o punho e jogou os tufos de cabelo em
cima da mulher.
— O
que pensa que está fazendo mulher, tu vais voltar pra casa agora! — Grito o
homem com muita raiva.
Maria se levantou, ela não chorava e nem se lamentava. As crianças choravam e
corriam, tentando acompanhar o casal. Família entrou mata a dentro e foram
tragados pela escuridão.
—
Larga minha mãe, larga ou chamamos a polícia! — Gritou o filho mais velho e
começou a chorar alto.
A
motorista, atônita com a cena que presenciou e o que escutou de longe, pois as
vociferações chegaram até ela, então percebeu que era o esposo e estava a
violentando. Ela pensou em agir, mas não saiu do carro, pois o homem poderia
estar armado. Mas não podia ver tamanha covardia e ficar quieta. Peguei o
celular, mas não havia sinal no lugar ermo, ela saiu dali às pressas e foi
encontrar ajuda no posto policial, não muito longe dali. Ali ela descobriu que
o homem era velho conhecido da polícia, cheios de denúncias de pequenos
delitos, agressões e violência doméstica.
Não
demorou logo em seguida, chegaram autoridades na comunidade onde Maria vivia!
Algemaram o agressor, ou seja, aquele monstro, e o levaram para delegacia, onde
foi preso pois tinha um mandado de prisão em aberto. Enfim, Maria descansou, sentou-se
em frente à casa e abraçou os filhos, vendo o marido aos berros ser levado pela
polícia. Além de ser violentada, sofreu durante anos pressões psicológicas.
A
denunciante, ao em chegar em casa, ela que por anos trabalhou como escrivã, em
uma delegacia de polícia civil, incomodado que estava foi pesquisar alguns
dados sobre violências domésticas e foi isto que ela descobriu: Os índices de
mulheres violentadas na pandemia da Covid-19 aumentaram, em torno de cinquenta
por cento. Mais de quinhentas mulheres, são agredidas a cada hora no Brasil. A
perda ou diminuição da renda familiar, pode ser um dos motivos. Como se não
bastasse o aumento de bebidas alcoólicas leva jovens fora da escola a consumir
bebidas em exagero.
A escrivã aposentada após a leitura da pesquisa deixou esta mensagem na rede
social dela: ‘’vamos refletir! Se acaso não formos vítimas, mais
vizinho, ou parente, não devemos nos calar! Ligue 180 ou 190’. Nenhuma mulher
merece sofrer violência doméstica, sexual, ou até mesmo psicológica, causando
danos morais e diminuição do autoestima.''
Enfim, não corra Maria, dê um basta na violência física, psicológica, sexual e
moral. Não corra Maria
Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e
dois sorrisos. Texto e argumento de Fabiane Braga
Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo.
Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista,
poeta e contista em Itajaí, Santa Catarina.