Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Concentrei na câmera analógica!
Ao folhear as antigas revistas de mamãe
Gostei sobremaneira
O quão sem esforços
Para ser apresentarem bonitas
As modelos são reveladas
***
Concentrei na câmera digital!
Ao folhear as novas revistas digitais
No tablete de papai
Percebi que são forçadas
As cara e bocas
Das modelos artificialmente fabricadas
Pelas inteligências artificiais
***
E como as pessoas são gentis
E amáveis
Quando conversam com as câmeras
Luzes, refletores, triples
E panos de fundos
***
Já tive a oportunidade de ser fotografada
Amei a minha decisão em recusar
Abriguei-me na minha escrita como resposta
Também gostei de como as pessoas
Ao meu redor fazendo caras e bocas
Ao lerem os meus manuscritos
***
Aventurei-me em uma aventura estética
Nada minimalista
E com máximos efeitos trágicos!
Eu gosto muito do ensaio fotográfico
Que eu não fiz
***
Uma imagética dança calorosa,
Em uma sessão
Com as minhas farpelas favoritas
Adorei as minhas roupas vaporosas
Eram perfeitas sincronias
Com os melhores jogos de maquilagens noturnas
***
Na tranquilidade de luzes suaves e crepusculares
A trágica alma de um flautista renascentista
Sussurra segredos inaudíveis
As medievais melodias carregas
De uma profundidade saudosista
Tecendo canções maviosas
Em cada nota que me toca
Conta um conto dos desejos proibidos
De uma jovem mulher
Perdida em sonhos de quem se ama
Ao toque tranquilo do luar
Da lua em sangue
Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, texto de
Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de
Balneário Camboriú, Santa Catarina.
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