Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Verão a pino e, o calor estava insuportável e eu
decidi pegar a velha bicicleta e sair para tomar um pouco de ar, decidi tomar a
tranquila alameda ao fim da alameda. Inconscientemente, eu mudei de rumo e
enfrentei na agitada avenida, a três quarteirões além, um pouco mais
adiante, estava o prédio onde Bruno, um amor antigo, morava com a família.
Parei, e da rua pude vê-lo bem, ainda estava jovem,
estava feliz brincando com os filhos pequenos, no parquinho do condomínio
fechado. Curiosa que estava, eu queria saber mais, sem que ele notasse, passava
sempre ao final da tarde para espiá-lo, ele ainda chamava minha atenção.
Lembrei da época, quando éramos crianças e
estudávamos juntos em um rígido colégio particular. Havia a secção, para os
meninos e a secção, para as meninas, a gente só se encontrava na hora do
recreio, para brincar juntos, sobre olhares atentos de inspetores. Crescemos
separados, mas um pouco mais crescidos em baile ou festa, sempre nos
encontrávamos e trocamos olhares e breves palavras. Então, na festa de
formatura, entre sorrisos e abraços, entre as comemorações da realização
pessoal e familiar. Onde os olhares rigorosos, por fim, deram descansos para
todas e todos, em um rompante juvenil, depois de troca de olhares, fisguemos da
festa. E nos amávamos em segredo em um ato de rebeldia!
E a vida dá muitas voltas, nos separamos e cada um
seguiu o seu próprio caminho. Hoje, vendo-o novamente, o meu coração disparou,
voltei novamente ao nosso passado remoto. Passado, distante no tempo e no
espaço, no qual nunca foi bom para mim, cheio de mentiras, meias verdades,
traições. E de tudo que poderia ter sido e não foi, tudo mexeu com o nosso lado
psicológico.
— Elizabety, sou eu o Bruno! Entre, vamos beber
algo. — De repente escuto a voz dele, me chamando para o tempo presente, para a
realidade dura e cruel! Ele notou a minha presença, por fim e, eu perdida em
mim, não havia notado ele se aproximando.
— Como estás Bruno?! — Disse eu constrangida, pois
não sabia quando Bruno tinha sentido a minha presença. Ele, se aproximou do
portão do prédio, parecia que tinha esquecido por completo a prole atrás dele.
E os filhos nem se deram conta que o pai deles estava conversando com uma
completa estranha parada no meio da rua.
— Estou bem! Sinto muito a tua falta — Respondeu
Bruno, com a voz embargada.
— Como assim? Sentiu a minha falta!? — Devolvi
furiosa e pensei comigo mesma, Bruno sempre viveu de mentiras, a vida dele era
uma farsa! — Não, não, e não preciso ir embora. — Esbravejei olhando na cara de
Bruno. Corri, nunca mais voltei a passar na frente do prédio onde Bruno vivia e
nunca mais o reencontrei.
Recomecei a minha vida, longe daquele homem fraco,
que vivia me enganado com juras falsas de amor eterno, foi apenas uma recaída e
nada mais. Decide viver a minha vida, sem olhar para trás!
Para recomeçar é necessário evoluir, é preciso ter
amor próprio para dar a largada. Que haja em nossos corações vontade de
recomeçar, não apenas vontade, mas também muita coragem! Quanta a Bruno!? Já
não sentia mais nada por ele....! Apenas uma certa curiosidade.
Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e
dois sorrisos. Texto
e argumento de Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro,
São Paulo.
Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista,
poeta e contista em Itajaí, Santa
Catarina.
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