terça-feira, 1 de julho de 2025

MAIS UMA VEZ ELIZA (EM RECAÍDA)

 Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

Verão a pino e, o calor estava insuportável e eu decidi pegar a velha bicicleta e sair para tomar um pouco de ar, decidi tomar a tranquila alameda ao fim da alameda. Inconscientemente, eu mudei de rumo e enfrentei na agitada avenida, a três quarteirões além, um pouco mais adiante, estava o prédio onde Bruno, um amor antigo, morava com a família.

Parei, e da rua pude vê-lo bem, ainda estava jovem, estava feliz brincando com os filhos pequenos, no parquinho do condomínio fechado. Curiosa que estava, eu queria saber mais, sem que ele notasse, passava sempre ao final da tarde para espiá-lo, ele ainda chamava minha atenção.

Lembrei da época, quando éramos crianças e estudávamos juntos em um rígido colégio particular. Havia a secção, para os meninos e a secção, para as meninas, a gente só se encontrava na hora do recreio, para brincar juntos, sobre olhares atentos de inspetores. Crescemos separados, mas um pouco mais crescidos em baile ou festa, sempre nos encontrávamos e trocamos olhares e breves palavras. Então, na festa de formatura, entre sorrisos e abraços, entre as comemorações da realização pessoal e familiar. Onde os olhares rigorosos, por fim, deram descansos para todas e todos, em um rompante juvenil, depois de troca de olhares, fisguemos da festa. E nos amávamos em segredo em um ato de rebeldia!

E a vida dá muitas voltas, nos separamos e cada um seguiu o seu próprio caminho. Hoje, vendo-o novamente, o meu coração disparou, voltei novamente ao nosso passado remoto. Passado, distante no tempo e no espaço, no qual nunca foi bom para mim, cheio de mentiras, meias verdades, traições. E de tudo que poderia ter sido e não foi, tudo mexeu com o nosso lado psicológico.

— Elizabety, sou eu o Bruno! Entre, vamos beber algo. — De repente escuto a voz dele, me chamando para o tempo presente, para a realidade dura e cruel! Ele notou a minha presença, por fim e, eu perdida em mim, não havia notado ele se aproximando.  

— Como estás Bruno?! — Disse eu constrangida, pois não sabia quando Bruno tinha sentido a minha presença. Ele, se aproximou do portão do prédio, parecia que tinha esquecido por completo a prole atrás dele. E os filhos nem se deram conta que o pai deles estava conversando com uma completa estranha parada no meio da rua.

— Estou bem! Sinto muito a tua falta — Respondeu Bruno, com a voz embargada.   

— Como assim? Sentiu a minha falta!? — Devolvi furiosa e pensei comigo mesma, Bruno sempre viveu de mentiras, a vida dele era uma farsa! — Não, não, e não preciso ir embora. — Esbravejei olhando na cara de Bruno. Corri, nunca mais voltei a passar na frente do prédio onde Bruno vivia e nunca mais o reencontrei.

Recomecei a minha vida, longe daquele homem fraco, que vivia me enganado com juras falsas de amor eterno, foi apenas uma recaída e nada mais. Decide viver a minha vida, sem olhar para trás!

Para recomeçar é necessário evoluir, é preciso ter amor próprio para dar a largada. Que haja em nossos corações vontade de recomeçar, não apenas vontade, mas também muita coragem! Quanta a Bruno!? Já não sentia mais nada por ele....! Apenas uma certa curiosidade.

 

Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e dois sorrisosTexto e argumento de Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo.

Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista, poeta e contista em Itajaí, Santa Catarina. 

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