Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Para a poetisa Fabiane Braga Lima
Às vezes não me lembro
De onde eu venho
Ou para onde estou caminhando
E dizem que por debaixo
De corpos aquosos
Existem esperanças vãs
***
Então cruzamos
Bravios rios, mares intempestivos
As altas montanhas e os lagos misteriosos
Sempre em busca
De um pouco de liberdade
***
Usamos as ferramentas
Aos alcances das mãos
Para combater as injustiças
Levantemos bem alto
Os nossos braços a muito cansados
***
Desde o amanhecer
De novos dias
Até ao anoitecer
Das noites mais escuras
Permanecemos orgulhosos
***
Moedas raras e risos de ébanos
As nossas histórias fluem
Na fala do griot
Através do sol e das chuvas
Mantemos os nossos poderes
De ser quem somos de fato
***
Em dias aleatórios
E gosto muito mais de mim
Geralmente quando estou sozinho
Então sou mais forte
E mais sábia
***
Flanam pássaros negros
Acima de florestas de concreto
E quem será o meu futuro amante?
Os meus olhos estão aberto
Enquanto ele escapa
Pelas escuridões cotidianas
Recoberto de silhuetas vaporosas
Cercas eletrificadas e portentosas muralhas
Que procuram manter afastadas
E para impedir a minha imigração ilegal
Rumo a felicidade plena
***
Imagens valem mais que mil palavras
Diz o velho clichê barato
Mas como palavras precedem imaginários
A criar milhões de pensamentos impublicáveis
Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, texto de
Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de
Balneário Camboriú, Santa Catarina.
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