terça-feira, 1 de julho de 2025

UM ESTRANHO CASO

 Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)


Ao anoitecer, um silêncio pairava no ar no velho casarão, uma inquietação me fez despertar, era tarde da noite. Acordada sai da cama, então sonolenta desci as escadas, liguei o alerta total, alcancei o primeiro andar, fui beber um copo de água. Uma vez na cozinha, não abri a geladeira e decidi ir direto para pia, peguei um copo de cristal no armário. O barulho da torneira, ainda enchia os meus ouvidos, a água quase transbordava no copo, quando uma voz glacial, inundou o ambiente. Olhei para trás era um homem mal-vestido.

 — Podes me arrumar um copo de água, por favor! — Disse o estranho.

           — O que? — Perguntei, estava desconcertada.

Em meio aos turbilhões de sentimentos e pensamentos confusos, só uma pergunta, ficou martelando na minha cabeça: ‘’— Como um completo estranho entrou na minha casa!’’

Como, se asas brotassem nos meus pés, voei pelas escadas e voltei para a segurança do meu quarto. No meu quarto, repassei a cena, tinha um completo estranho na minha cozinha, tinha os fortes olores de jasmim misturados com o odor putrefato de alguém que vive nas ruas. Tinha os olhos azuis ejetados e um sorriso com dentes e hálitos perfeitos. Tinha o som estridente, do copo cheio de água gelada, que a gravidade lançou ao chão. Tinha a minha necessidade de deitar-se na minha cama, me cobrir o meu corpo, dormir e acordar em um mundo que fazia sentido.   

Ao acordar, no meu quarto e na minha cama, me levantei e olhei no espelho, eu lentamente desci as escadas. Os fortes odores tinham desaparecido e na cozinha lá estava ele, o homem misterioso, sentado na mesa da cozinha. Olhei para o relógio, postado na parede era madrugada e nada dele querer partir. Naquela hora tive um pensamento esquecido que talvez ele estivesse morto. Mas, a respiração dele ficou cada vez mais ofegante, parecia irado, eu fingi não estar preocupada, mas o meu corpo estava gelado. Perguntei para o estranho quando iria embora, e ele em um rompante me pegou pelo braço, jogou-me na parede, me beijou. O forte odor, me invadiu de novo, e como adivinhando o que eu sentia, o estranho me largou e me disse que precisava tomar um banho. Pegou na minha mão, com uma delicadeza máscula, me conduziu para fora da cozinha e rumamos ao desconhecido. 

O estranho, agia como se fosse o dono da casa, como se conhecesse a casa pois subiu as escadas, invadiu o meu quarto, acendeu a luz, foi até o guarda-roupas, pegou uma toalha e partiu rumo ao meu banheiro. Mandou-me ficar bem quieta. Tirou as roupas encardidas, notei o carpo atlético do estranho, ele entrou no box de acrílico e fechou, abriu o chuveiro, 

Profanação! Estou desejando um estranho, uma pessoa que conheço. Não resisti, entrei no box e subitamente me entreguei aquele estranho! Sedento, parecia devorar cada parte do meu corpo, com força colocou a mão na minha boca e mandou eu ficar quieta! Mandou-me não gritar e somente sentir.

Lá fora a vida ocorria naturalmente e começou a chover forte, e na minha realidade a madrugada parecia assustadora, nada dele ir embora. Depois do banho ele me amarrou na cama, desceu as escadas, escutei o barulho, abriu a torneira. Voltou com um copo de água nas mãos, ele segurava com as duas mãos firmes.  Molhou meu corpo e delicadamente secou com sua boca, me fez sentir os prazeres requintados, ele era um cavaleiro!

Deliciou-me de profundos prazeres libidinosos, entre muitos beijos ardentes e orgasmos, nossos corpos se encaixaram no pecado! Profanação!? Não sei? Me sentia completa, e ali, nosso estranho amor foi consumado, selado. Diante das minhas perguntas! Calou-me apenas com um beijo...! Ele partiu!

Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e dois sorrisosTexto e argumento de Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo.

Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista, poeta e contista em Itajaí, Santa Catarina. 

 

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