terça-feira, 1 de julho de 2025

NÃO CORRA, MARIA (AS CONSEQUÊNCIAS DA PANDEMIA DE COVID-19)

 Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

             No momento que ocorre este drama, o estado do Maranhão tem mais de mil e seiscentos registros no interior em vinte e quatro horas e passa e dos mil centos e um mil, casos confirmados de Covid-19!

         Maria segurava firme nos braços seus dois filhos, ainda pequenos e ela estava amedrontada, caminhavam pela mata afora, na completa escuridão. A família, estava não muito longe da favela, onde viviam e pareciam fugir de alguém ou de alguma coisa apavorante. Muito cansada, Maria se sentou perto de um minúsculo córrego, de águas cristalinas, estavam famintos e sedentos. Beberam água e comeram o pouco do que tinham levado.

        Logo depois, recomeçaram a caminhar e chegaram em pouco tempo à beira de uma estrada deserta. Um carro parou, a poucos centímetros da família em fuga e o vidro do carro baixou.

         — O que estão fazendo aqui? Este é um lugar perigoso! — Disse a motorista, assustada e muito preocupada com a cena, que via. Uma mulher jovem, vestida com roupas simples e com dois meninos pequenos. Estavam maltrapilhos, vagando no meio do nada caminhando tarde da noite em uma rodovia deserta.

         — Por favor, minha senhora! Sai daqui agora! Ele vai me ver, vai embora! — Sussurrou Maria aflita para a motorista. 

          A motorista olhou com mais atenção e viu os hematomas no rosto magro e sofrido de Maria, os olhos vermelhos e roxos.

         — Mas ele quem, minha senhora? A senhora não quer mesmo uma carona? — Disse a motorista em um tom confortador.

         De repente, chegou um homem alto e forte e puxou Maria pelos cabelos com força, a levando novamente em direção a mata fechada. Maria tropeçou e foi ao chão, levando as duas crianças junto, a pequena bolsa que ela carregava se rasgou espalhando, os poucos pertences da família. O homem com tufos de cabelo de Maria na mão, olhava ameaçador ergueu o punho e jogou os tufos de cabelo em cima da mulher.    

          — O que pensa que está fazendo mulher, tu vais voltar pra casa agora! — Grito o homem com muita raiva.

            Maria se levantou, ela não chorava e nem se lamentava. As crianças choravam e corriam, tentando acompanhar o casal. Família entrou mata a dentro e foram tragados pela escuridão.

          — Larga minha mãe, larga ou chamamos a polícia! — Gritou o filho mais velho e começou a chorar alto.

          A motorista, atônita com a cena que presenciou e o que escutou de longe, pois as vociferações chegaram até ela, então percebeu que era o esposo e estava a violentando. Ela pensou em agir, mas não saiu do carro, pois o homem poderia estar armado. Mas não podia ver tamanha covardia e ficar quieta. Peguei o celular, mas não havia sinal no lugar ermo, ela saiu dali às pressas e foi encontrar ajuda no posto policial, não muito longe dali. Ali ela descobriu que o homem era velho conhecido da polícia, cheios de denúncias de pequenos delitos, agressões e violência doméstica.  

          Não demorou logo em seguida, chegaram autoridades na comunidade onde Maria vivia! Algemaram o agressor, ou seja, aquele monstro, e o levaram para delegacia, onde foi preso pois tinha um mandado de prisão em aberto. Enfim, Maria descansou, sentou-se em frente à casa e abraçou os filhos, vendo o marido aos berros ser levado pela polícia. Além de ser violentada, sofreu durante anos pressões psicológicas.

          A denunciante, ao em chegar em casa, ela que por anos trabalhou como escrivã, em uma delegacia de polícia civil, incomodado que estava foi pesquisar alguns dados sobre violências domésticas e foi isto que ela descobriu: Os índices de mulheres violentadas na pandemia da Covid-19 aumentaram, em torno de cinquenta por cento. Mais de quinhentas mulheres, são agredidas a cada hora no Brasil. A perda ou diminuição da renda familiar, pode ser um dos motivos. Como se não bastasse o aumento de bebidas alcoólicas leva jovens fora da escola a consumir bebidas em exagero.

             A escrivã aposentada após a leitura da pesquisa deixou esta mensagem na rede social dela: ‘’vamos refletir! Se acaso não formos vítimas, mais vizinho, ou parente, não devemos nos calar! Ligue 180 ou 190’. Nenhuma mulher merece sofrer violência doméstica, sexual, ou até mesmo psicológica, causando danos morais e diminuição do autoestima.''

          Enfim, não corra Maria, dê um basta na violência física, psicológica, sexual e moral. Não corra Maria

Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e dois sorrisosTexto e argumento de Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo.

Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista, poeta e contista em Itajaí, Santa Catarina. 

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