terça-feira, 1 de julho de 2025

DERRAMADA EM CAMADAS DE QUEM EU DEVERIA SER...

 Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)

 

São dias escuros e noite convulsas

O tempo em que vivo

Eu não me importo com as anêmicas

Particularidades cotidianas

Que gravitam ao meu redor

***

Talvez! Digo eu então somente

Talvez e os meus ligeiros estros

Fossem mais sinuosos e curvilíneos

Tu me olharias com amenos olhares serenos

Eu não seria tão sorumbática assim

***

Se é verdade que o dito amor verdadeiro

Não conhece barreiras

O amar e o ser amada

Então é uma doidivanas desafinada

A cantar uma longa e triste canção

Nas ondas do rádio

***

E pensar que papai

Nunca levou mamãe para dançar

Nunca tiveram a sensação

De chegar em casa ao amanhecer

De um novo dia no pós-turbilhões

De espontâneos movimentos graciosos

Com a sensação ímpar

De tirar os sapatos dos pés

E cansados se atirarem na cama

***

Percebo fundamente

Que não vivo em um lar funcional

Somos nós contra o mundo

Disseram-me no almoço de domingo!

Translado-me então! Para um lugar comum

Certifique-me que vou escolher

Sabiamente os caminhos

Que devo trilhar

 

Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, texto de Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

 

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