Revista Cerrado Cultural
Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
domingo, 1 de dezembro de 2024
ABC DO PRECONCEITO
SOU ETERNA ENLUARADA
Por Nauza Luza Martins (Brasília, DF)
Sou
mulher de 60+ e ainda tenho a lua como cúmplice e companheira. Sou Enluarada.
Ai de mim, que sofro de amores perdidos por aí nas curvas do tempo. Não me
importa. Sei que meus lamentos românticos são como cada fio de luz da lua que
brilha em meu rosto à espreita na janela. Em qualquer lugar do mundo onde você
estiver podemos nos conectar em cada fase da lua.
Se
ainda busca o rastro das estrelas te convido a frequentar a lua em cada fase
dela. Nunca falha. A lua é constante. O calendário lunar é certo. Se liga,
venha banhar-se comigo no mar em dias de lua cheia. Verá a real cor dos meus
olhos. Minha essência, o melhor da minha
beleza de mulher dona de mim, apaixonada pela vida e por ti. Não me falte. Te
espero na próxima lua cheia em nossa praia favorita.
Quero
me abraçar a ti para me aquecer em nossos banhos de lua. Tocar teu corpo me dá
choque elétrico. Temo morrer de amor. Teu cheiro me embriaga, tua voz soa longe
me ressuscitando da experiência de quase morte por amor. O vento frio da noite
de lua nos leva ao aconchego do nosso ninho de amor. Você criou nosso cantinho
aconchegante. Lá somos um só. Os raios de lua irradiam nossas verdades contidas
em nosso olhar. Queimam nossa pele que só encontra lenitivo no corpo a corpo,
pele a pele, olhos nos olhos, boca faminta explorando os espaços de nossos
corpos propícios ao desenrolar do nosso desejo, aos perigos do nosso olhar
enluarado.
Nauza Luza Martins
Brasília, 19/08/24.
Sobre a autora:
SINFONIA INCENDIÁRIA
VERSOS DO NORDESTE
Por Henrique Lucas (Careiro, AM)
Peço licença com alegria ao nosso Pai Criador
Para descrever com humildade e sabedoria
Esta terra linda que a natureza consagrou
Batizando de Nordeste um sarau de poesias
A pátria Brasilis de bravos, da arte e do amor
Alagoas de Zumbi, o Palmares o sol da libertação
Vidas Secas de Graciliano, dos marechais do sertão
Em Maceió tem candomblé, fé, esperança e tradição
Rio Velho Chico, alimenta e sacia a sede da população
Bahia de Castro Alves e do nobre Jorge Amado
Terra de fé, dos tambores de um povo abençoado
Tem festas e praias o ano inteiro eita povo animado
Teu Pelourinho de cores coração de São Salvador
Estado do acarajé, és um romance-agreste de amor
Ceará meu coração, meu mar, meu torrão de Assaré
Da Jandaia, o berço de Iracema, de José de Alencar
Povo valente, cabra da peste, espaçosos e certezas
Canta na terra da poesia popular, o Cariri a Fortaleza
Maranhão de Gonçalves Dias “terra onde canta o sabiá”
Do Poema Sujo que gritava a liberdade de Ferreira Gullar,
Povo erudito e popular dos lençóis de areias e arroz de
cuxá
Sob a lua de palha folcloreia o boi-bumbá, cultura e raiz
Cidade de São Luís a ilha do amor da poesia deste povo
feliz
Paraíba de Augusto dos Anjos, terra leste tropical
Do Auto da Compadecida de Ariano Suassuna genial
Em tuas praias Manaíra e Tambaú dos verdes cacoais
Oh São Francisco, abençoe João Pessoa em seus faróis
Ao canto de tua natureza que dedilha tuas orquídeas e sóis
Pernambuco terra do sol de Cabral e Bandeira
Atlântico Marco Zero, linda Olinda brasileira
És um paraíso do nosso Deus Criador
Da cidade velha a Boa Viagem a gaivota a voar
Povo ordeiro de Recife no canto galo e frevo para amar
Piauí do delta Parnaíba, Frank Aguiar e Osmália Lira
Teus parques, arqueologia e pinturas históricas
Da Caatinga as mangueiras Terra de nossas memorias
Das palmeiras babaçu, marujada, reisado cultura que fascina
Das cascatas e praias banha-se a menina cajuína Teresina
Rio Grande do Norte
de Renata Mar a poesia de sal
Berçários de areias de prata que alimenta esta terra
O braço forte potiguar, na vela ao vento a surfar a bela
Natal
Duna que espelham os olhos mundo, pau-brasil e jatobá
És Natal a rainha do litoral, a esperança do farto pescar
Sergipe de Fausto Cardoso de um soneto de amor
De Atalaia a São Cristóvão antiga Capital
A fé em São Francisco e a alegria do povo do forró
Biguá, acauã e beija-flor enfeitam este estado azul
É para viver a natureza na beleza da metrópole Aracaju
Obrigado meu Deus, meu poeta maior e Criador
Permita-me mais um pedido deste poeta e pecador
Não deixe a seca castigar este povo trabalhador
O Nordeste é poesia, é raça é o DNA deste país
Viva o Nordeste Brasileiro, o cordel da vida feliz!
OCEANOS ATLANTIZANTES
Por Paulo Henrique Medrado (Vitória da Conquista, BA)
Dialogar
Logar em outra dimensão
Usar a conta para contar um conto, um desencontro, um
encontro de mentes...
Mentalizar, vasculhar e perscrutar sem ferir a mente
do outro,
Deixar um aviso: piso em solo sagrado e saio
eticamente.
E perceber que a realidade não mente e que o homo
sapiens traz algo de aprendiz de feiticeiro e quiçá, mudar a rota da energia
para outra matriz diligentemente,
Deixar o rio seguir seu curso, o corpo sentir seu
pulso e a natureza naturando seu frondoso percurso,
Sobre outros modos, moldes e modelos modeláveis com a
natureza e por ela, com ela e para ela reorientar o curso feito raiz...
Sentir o ar no pulmão
Sentir o sol na tez
Sentir o afeto na tempestade,
Diferenças, multiplicidades, singularidades nos
oceanos atlântizantes de águas que adoçam mesmo quando salgam...
Subvertendo o saber, o sabor aceito, vendo nascer
novas teorias sobre outros efeitos, consilientes, que promovam autocorreções
conscientes.
EL DÍA D
Por María Vilalta (San Lorenzo, Prov. de Santa Fé, Argentina)
Por la orilla de la sombra
recorre el cuerpo
sus temblorosos agujeros.
Por la calle vienen
palabras ajenas.
Y entonces
una palabra sencilla
desprevenida
sutura
con remiendos de luz
los huesitos.
Sobre a autora:
María Vilalta es profesora en Ciencias Económicas, post título en Lengua y Literatura (UNR); maestria en enseñanza del Latín y Cultura Clásica (Tech - Universidad Tecnológica); diplomada en Gerenciamiento Empresarial, título universitario otorgado por la UCA Córdoba y la sede de ciencias económicas UCA Rosario. Cursó el Segundo año aprobado en Licenciatura en Letras de la Universidad Nacional del Litoral, de la provincia de Santa Fe.
Tiene dieciocho libros publicados, entre los que se cuentan como últimas novelas,“Tánger en los ojos de Drissi” , “Con permiso de hablar”, “Te buscaré un amante”, “La línea de tu mano” y “Las dos patas del perro” (Premio Escriduende a la mejor novela negra 2018 otorgado por la Editorial Sial Pigmalión), también el cuento infantil “Medias Perdidas”. Post Título en literatura infantil de la UNR (Universidad Nacional de Rosario). Obtuvo 15 premios internacionales, y 56 nacionales. Ha sido traducida en el corriente año 2019, al árabe en Marruecos, donde su novela “Te buscaré un amante” se encuentra en todas las librerías del país.
Algunos de sus premios: Primer Premio de la SADE (Sociedad Argentina de Escritores) en Poesía 1993, Concurso Interprovincial, Chaco, Formosa, Misiones, Corrientes, Entre Ríos, Córdoba, Santiago del Estero, La Pampa, Santa Fe. Primer premio en poesía Concurso Internacional The Cove Rincón Internacional, Miami EEUU. Participó por selección de jurado en la muestra internacional de Poetas Iberoamericanos de la universidad St. Thomas University – Frederinton, New Brunswick. Canadá – Abril 2001 y en grabación en el programa radial “La voz y la palabra de poetas iberoamericanos contemporáneos” – Año 2001/2002/2003. Medalla de oro y Embajadora itinerante de La Casa del Poeta Peruano.
Participó en numerosos encuentros y
congresos nacionales e internacionales como ponente y dictado de talleres en
Paraguay, Perú, Puerto Rico, Ecuador, México, Uruguay, Colombia, Panamá,
Canadá, España. Francia. Marruecos, Túnez y
California, EEUU.
TATUAJES
Por Maria Vilalta (San Lorenzo, Prov. de Santa Fé, Argentina)
El
muchacho tenía un largo tatuaje en el cuello. La mujer esperaba su turno. El
uniforme de trabajo parecía darle una pátina de orgullo.
La
mujer cincuentona le preguntó ¿Qué es? Ese
cuello casi negro la había intrigado.
Una
máquina, dijo él. ¿No te da miedo? Insistió ella. La miró con algo de
desprecio.
Ella
avanzó para completar el trámite en Aguas del Estado y se olvidó del asunto.
Por la
noche no sabríamos si fue la pregunta ¿No te da miedo? O la casualidad que la
máquina se activó. Trituró todo el cabello del joven que amaneció pelado.
Sonambulismo, dijo él. Se preocupó recién a la segunda noche: vio un charco de sangre junto a la almohada y
media oreja arrancada.
Dicen
que no tuvo tiempo, escuchó la mujer cuando regresó a completar su trámite a
los cinco días.
¿Qué
pasó? ¿El muchacho del tatuaje?
¡Señora,
no pregunte! Tenemos suficiente con que haya caído aquí. Algo lo estaba
comiendo.
¡Ah!
¿Quiere
pasar de una vez?
No,
gracias volveré en otro momento. Puede que la máquina siga su camino.
¿Qué
máquina?
La
mujer no llegó a contestar, sintió la punzada en su dedo gordo. Después vino lo
de la sangre.