domingo, 1 de dezembro de 2024

ABC DO PRECONCEITO

Por Azagaia (Edson Amândio Maria Lopes da Luz, Namaacha, Província de Maputo, Moçambique, 06/05/1984 - Khongolote, Maputo, Moçambique, 09/03/2023; Rap e Hip Hop)

Crédito: Antonio Forjaz/YouTube.

SOU ETERNA ENLUARADA



Por Nauza Luza Martins (Brasília, DF)

 

Sou mulher de 60+ e ainda tenho a lua como cúmplice e companheira. Sou Enluarada. Ai de mim, que sofro de amores perdidos por aí nas curvas do tempo. Não me importa. Sei que meus lamentos românticos são como cada fio de luz da lua que brilha em meu rosto à espreita na janela. Em qualquer lugar do mundo onde você estiver podemos nos conectar em cada fase da lua.

Se ainda busca o rastro das estrelas te convido a frequentar a lua em cada fase dela. Nunca falha. A lua é constante. O calendário lunar é certo. Se liga, venha banhar-se comigo no mar em dias de lua cheia. Verá a real cor dos meus olhos.  Minha essência, o melhor da minha beleza de mulher dona de mim, apaixonada pela vida e por ti. Não me falte. Te espero na próxima lua cheia em nossa praia favorita.

Quero me abraçar a ti para me aquecer em nossos banhos de lua. Tocar teu corpo me dá choque elétrico. Temo morrer de amor. Teu cheiro me embriaga, tua voz soa longe me ressuscitando da experiência de quase morte por amor. O vento frio da noite de lua nos leva ao aconchego do nosso ninho de amor. Você criou nosso cantinho aconchegante. Lá somos um só. Os raios de lua irradiam nossas verdades contidas em nosso olhar. Queimam nossa pele que só encontra lenitivo no corpo a corpo, pele a pele, olhos nos olhos, boca faminta explorando os espaços de nossos corpos propícios ao desenrolar do nosso desejo, aos perigos do nosso olhar enluarado.

 

Nauza Luza Martins

Brasília, 19/08/24.

 

Sobre a autora: 

Autora é maranhense da cidade de Monção, reside em Brasília/DF desde 1982. Assistente Social graduada pela UFMA. Servidora pública aposentada do Governo do DF. Tem três filhos. Cursou Mestrado em Política Social na Universidade de Brasília/UnB; Docência na Educação Superior/IESB e Especialização em Violência Doméstica/USP. Escreve poemas e contos desde os 14 anos. Livros publicados: Jogo de Palavras/2017 e Interlúdio Poético/2020, Chiado Books; Além dos Seus Olhos/2021, Ed. AL; Despertar da Enluarada/2023, Ed. Versejar. Coautora em mais de 200 Antologias poéticas nacionais e internacionais. Organizou 20 Antologias Poéticas. Membro de várias Academias Literárias e Entidades culturais em Brasília e outros Estados. Detentora de Títulos, Comendas, Certificados, Menções Honrosas e Destaques Literários pelo seu trabalho como Poeta, Escritora, Ativista, Produtora Cultural e Antologista. Prefaciadora e Autora convidada de várias obras literárias.

 


 

SINFONIA INCENDIÁRIA

Por Eduardo Waak (Matão, SP)


“Sinfonia Incendiária” é ao mesmo tempo um poema e uma constatação. Uma percepção da realidade intangível e um lamento acuado de um filho da Luz neste planeta obscuro. Escrito de um fôlego só, busca exorcizar os fantasmas do século XXI, que num festim diabólico envolvem a população mundial. Se não temos forças para mudar a ordem das coisas, podemos ao menos transformar o nosso modo de ser e de sentir, ainda que tangidos feito gado rumo ao matadouro. Neste espectro econômico, bélico e imperialista, os seres humanos pouco a pouco perdem sua função, identidade e utilidade. Amealhar territórios, bens materiais e naturais é o que conta, ainda que milhões (ou mesmo bilhões) de vidas sejam sacrificadas. Para a produção deste filme contamos com as imagens de Silvia Izquierdo, chefe de fotografia da Associated Press (AP) no Brasil. Nascida no Peru e residente no Rio de Janeiro, seu combativo olhar tem repercussão mundial, expondo as chagas de uma sociedade brutalizada. Nascida no Chile e residente na França, a compositora Anita Tijoux participa com dois temas de sua autoria, “1977” e “Shock”. Aqui apresentados em versão instrumental, suas músicas trazem uma potente mensagem pela liberdade de expressão e defesa da natureza. Esta é nossa pequena contribuição, numa época caótica, para despertar as pessoas da letargia (auto)imposta pelo Sistema opressor e totalitário.

VERSOS DO NORDESTE

Por Henrique Lucas (Careiro, AM)


Peço licença com alegria ao nosso Pai Criador

Para descrever com humildade e sabedoria

Esta terra linda que a natureza consagrou

Batizando de Nordeste um sarau de poesias

A pátria Brasilis de bravos, da arte e do amor

 

Alagoas de Zumbi, o Palmares o sol da libertação

Vidas Secas de Graciliano, dos marechais do sertão

Em Maceió tem candomblé, fé, esperança e tradição

Rio Velho Chico, alimenta e sacia a sede da população

 

Bahia de Castro Alves e do nobre Jorge Amado

Terra de fé, dos tambores de um povo abençoado

Tem festas e praias o ano inteiro eita povo animado

Teu Pelourinho de cores coração de São Salvador

Estado do acarajé, és um romance-agreste de amor

 

Ceará meu coração, meu mar, meu torrão de Assaré

Da Jandaia, o berço de Iracema, de José de Alencar

Povo valente, cabra da peste, espaçosos e certezas

Canta na terra da poesia popular, o Cariri a Fortaleza

 

Maranhão de Gonçalves Dias “terra onde canta o sabiá”

Do Poema Sujo que gritava a liberdade de Ferreira Gullar,

Povo erudito e popular dos lençóis de areias e arroz de cuxá

Sob a lua de palha folcloreia o boi-bumbá, cultura e raiz

Cidade de São Luís a ilha do amor da poesia deste povo feliz

 

Paraíba de Augusto dos Anjos, terra leste tropical

Do Auto da Compadecida de Ariano Suassuna genial

Em tuas praias Manaíra e Tambaú dos verdes cacoais

Oh São Francisco, abençoe João Pessoa em seus faróis

Ao canto de tua natureza que dedilha tuas orquídeas e sóis

 

Pernambuco terra do sol de Cabral e Bandeira

Atlântico Marco Zero, linda Olinda brasileira

És um paraíso do nosso Deus Criador

Da cidade velha a Boa Viagem a gaivota a voar

Povo ordeiro de Recife no canto galo e frevo para amar

 

Piauí do delta Parnaíba, Frank Aguiar e Osmália Lira

Teus parques, arqueologia e pinturas históricas

Da Caatinga as mangueiras Terra de nossas memorias

Das palmeiras babaçu, marujada, reisado cultura que fascina

Das cascatas e praias banha-se a menina cajuína Teresina

 

 Rio Grande do Norte de Renata Mar a poesia de sal

Berçários de areias de prata que alimenta esta terra

O braço forte potiguar, na vela ao vento a surfar a bela Natal

Duna que espelham os olhos mundo, pau-brasil e jatobá

És Natal a rainha do litoral, a esperança do farto pescar

 

Sergipe de Fausto Cardoso de um soneto de amor

De Atalaia a São Cristóvão antiga Capital

A fé em São Francisco e a alegria do povo do forró

Biguá, acauã e beija-flor enfeitam este estado azul

É para viver a natureza na beleza da metrópole Aracaju

 

Obrigado meu Deus, meu poeta maior e Criador

Permita-me mais um pedido deste poeta e pecador

Não deixe a seca castigar este povo trabalhador

O Nordeste é poesia, é raça é o DNA deste país

Viva o Nordeste Brasileiro, o cordel da vida feliz!

 

 

 


OCEANOS ATLANTIZANTES

Por Paulo Henrique Medrado (Vitória da Conquista, BA)

 

Dialogar

Logar em outra dimensão

Usar a conta para contar um conto, um desencontro, um encontro de mentes...

 

Mentalizar, vasculhar e perscrutar sem ferir a mente do outro,

Deixar um aviso: piso em solo sagrado e saio eticamente.

 

E perceber que a realidade não mente e que o homo sapiens traz algo de aprendiz de feiticeiro e quiçá, mudar a rota da energia para outra matriz diligentemente,

 

Deixar o rio seguir seu curso, o corpo sentir seu pulso e a natureza naturando seu frondoso percurso,

Sobre outros modos, moldes e modelos modeláveis com a natureza e por ela, com ela e para ela reorientar o curso feito raiz...

 

Sentir o ar no pulmão

Sentir o sol na tez

Sentir o afeto na tempestade,

Diferenças, multiplicidades, singularidades nos oceanos atlântizantes de águas que adoçam mesmo quando salgam...

 

Subvertendo o saber, o sabor aceito, vendo nascer novas teorias sobre outros efeitos, consilientes, que promovam autocorreções conscientes.

 


EL DÍA D

Por María Vilalta (San Lorenzo, Prov. de Santa Fé, Argentina)


Por la orilla de la sombra

recorre el cuerpo

sus temblorosos agujeros.

Por la calle vienen

palabras ajenas.

Y entonces

una palabra sencilla

desprevenida

sutura

con remiendos de luz

los huesitos.

 

Sobre a autora: 

María Vilalta es profesora en Ciencias Económicas, post título en Lengua y Literatura (UNR); maestria en enseñanza del Latín y Cultura Clásica (Tech - Universidad Tecnológica); diplomada en Gerenciamiento Empresarial, título universitario otorgado por la UCA Córdoba y la sede de ciencias económicas UCA Rosario. Cursó el Segundo año aprobado en Licenciatura en Letras de la Universidad Nacional del Litoral, de la provincia de Santa Fe. 

Tiene dieciocho libros publicados, entre los que se cuentan como últimas novelas,“Tánger en los ojos de Drissi” , “Con permiso de hablar”, “Te buscaré un amante”, “La línea de tu mano” y “Las dos patas del perro” (Premio Escriduende a la mejor novela negra 2018 otorgado por la Editorial Sial Pigmalión), también el cuento infantil “Medias Perdidas”. Post Título en literatura infantil de la UNR (Universidad Nacional de Rosario). Obtuvo 15 premios internacionales, y 56 nacionales. Ha sido traducida en el corriente año 2019, al árabe en Marruecos, donde su novela “Te buscaré un amante” se encuentra en todas las librerías del país.

Algunos de sus premios:  Primer Premio de la SADE (Sociedad Argentina de Escritores) en Poesía 1993, Concurso Interprovincial, Chaco, Formosa, Misiones, Corrientes, Entre Ríos, Córdoba, Santiago del Estero, La Pampa, Santa Fe. Primer premio en poesía Concurso Internacional The Cove Rincón Internacional, Miami EEUU. Participó por selección de jurado en la muestra internacional de Poetas Iberoamericanos de la universidad St. Thomas University – Frederinton, New Brunswick. Canadá – Abril 2001 y en grabación en el programa radial “La voz y la palabra de poetas iberoamericanos contemporáneos” – Año 2001/2002/2003. Medalla de oro y Embajadora itinerante de La Casa del Poeta Peruano.

Participó en numerosos encuentros y congresos nacionales e internacionales como ponente y dictado de talleres en Paraguay, Perú, Puerto Rico, Ecuador, México, Uruguay, Colombia, Panamá, Canadá, España. Francia. Marruecos, Túnez y  California, EEUU.

 


TATUAJES

Por Maria Vilalta (San Lorenzo, Prov. de Santa Fé, Argentina)


El muchacho tenía un largo tatuaje en el cuello. La mujer esperaba su turno. El uniforme de trabajo parecía darle una pátina de orgullo.

La mujer cincuentona le preguntó ¿Qué es?  Ese cuello casi negro la había intrigado.

Una máquina, dijo él. ¿No te da miedo? Insistió ella. La miró con algo de desprecio.

Ella avanzó para completar el trámite en Aguas del Estado y se olvidó del asunto.

Por la noche no sabríamos si fue la pregunta ¿No te da miedo? O la casualidad que la máquina se activó. Trituró todo el cabello del joven que amaneció pelado. Sonambulismo, dijo él. Se preocupó recién a la segunda noche:  vio un charco de sangre junto a la almohada y media oreja arrancada.

Dicen que no tuvo tiempo, escuchó la mujer cuando regresó a completar su trámite a los cinco días.

¿Qué pasó? ¿El muchacho del tatuaje?

¡Señora, no pregunte! Tenemos suficiente con que haya caído aquí. Algo lo estaba comiendo.

¡Ah!

¿Quiere pasar de una vez?

No, gracias volveré en otro momento. Puede que la máquina siga su camino.

¿Qué máquina?

La mujer no llegó a contestar, sintió la punzada en su dedo gordo. Después vino lo de la sangre.