sábado, 1 de março de 2025

SOMOS PRIMOS UNS DOS OUTROS

Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal) 

 

" Descendo de D. Afonso Henriques, assim como o leitor, e igualmente de qualquer servo de plebe do século XII. Todos os europeus descendem de Carlos Magno e de Maomé. Todos os seres humanos vivos descendem de Confúcio. E também de qualquer escravo do antigo Egipto. São surpresas da Matemática da genealogia." - Jorge Buescu.

Portanto, meu caro leitor, somos todos primos, uns dos outros, em diferente grau de parentesco.

 Descendemos de Reis, somos primos de navegadores e, do célebre sábio de Israel: Salomão. Para sabermos se é verdade, basta paciência, e procurar bisavós; os bisavós dos bisavós.... É a conclusão a que chegou a Matemática da genealogia.

Uns, descobrem rapidamente o ilustre parente, recuando duas ou três gerações; outros precisam de recuar, após aturadas pesquisas, até á 340º geração, para encontrarem, entre os antepassados, figuras ilustres.

Assevera a Matemática da genealogia que todos nós temos um pai e uma mãe; quatro avós e oito bisavós; e quanto mais recuarmos, o número dos antepassados, via masculina e feminina, avoluma-se. Claro que a genealogia deverá ser, se possível, em linha direta, e masculina.

 A árvore genealógica é gigantesca: os ramos acabam por se entroncarem num tronco comum. Árvore cujas raízes se perdem num único tronco: a Árvore da humanidade.

Não erramos se dissermos – o brasileiro tem raízes em África, na Europa e em todos os outros continentes, devido à imigração maciça, mormente no século XX, o que alterou bastante as antigas tradições dos primitivos colonizadores – portugueses e italianos.

Tudo ou quase tudo, que escrevo, é a conclusão a que chegou, Joseph Chang, da Universidade de Yale.

Tive oportunidade de entrevistar figura importante da nobreza portuguesa, da mais nobre linhagem. A certo passo da conversa, falou-me do pai – reconhecido intelectual, – e comunicou-me seu pensar sobre o que é ser nobre:

- " Ser descendente de... é orgulho; mas não privilegio, pelo contrário, um dever: há obrigações a respeitar – como o nome que recebemos – pela atitude, probidade e carácter. Para ser nobre, não basta ter sangue " azul". Mas só são verdadeiramente, nobres, os que respeitam os antepassados – pela conduta e atitude. Infelizmente nem todos pensam assim."

As citações e pareceres apresentados, nesta crónica, foram colhidas do tomo: " Ascendência Portuguesa de uma Família Nobre Portuguesa" – Introdução.

NO TEMPO EM QUE SE QUEIMAVAM BÍBLIAS

Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)

  

Minha bisavó Júlia era católica de quatro costados. Nos confusos anos da Primeira República, quanto mangadores acercavam-se do peristilo dos templos, chaqueando " beatas", a bisavó Júlia, apoiada na fina bengala de ébano, passava entre os enegrumes indiferente à cachoada, para participar na missinha.

Recém-casada viveu em Massarelos. Uma manhã bateram-lhe à porta – era desconhecido, que pretendia ler a Bíblia. Gostou do que ouviu, e adquiriu: " O Novo Testamento" editado na Typografia Universal, em 1868.

Na hora de almoço, o marido, viu o Livro " maldito", e intimou-a a queimá-Lo, por ser protestante! Não obedeceu, atirou-O para cima de guarda-louça, quando ele saia, deliciava-se com a leitura.

Erradamente há quem pense que a Igreja salva, olvidando o que disse Jesus – " Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai. - Mt7:21

E como conhecemos a vontade do Pai?

Na Bíblia; melhor no Evangelho - que é o manual de instrução do crente.

Crente, é o que crê em Jesus e pertence à Igreja universal. Seja: católico, evangélico. ortodoxos, e até seitas, desde que frequente, com fé, o templo, sem interesse monetário ou promoção social.

Fico banzado ao conhecer desavenças entre fiéis de Confissões diferentes. Não somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai?

Voltemos à bisavó Júlia:

Escutou certo domingo, a prática de abade, que recomendava – queimar Bíblias protestantes. Escrupulosa, resolveu conversar com o padre, porque possuía uma, recheada de preciosas gravuras, em dois volumes. Meteu os tomos na bolsa, e abalou em busca do sacerdote.

Este, viu; examinou; apreciou as gravuras e, concluiu:

. " É pena queimá-La! Eu fico com Ela...

Empertigou-se a bisavó, e repostou:

- " Se serve para o Senhor abade, também serve para mim!"

Enfiou os Livros na saca, e saiu apressadamente. Era Senhora simples, mas de compreensão rápida...

A cena que narrei aconteceu no primórdio do século XX. Hoje seria absurda.

Como disse: a Igreja não salva, mas Deus. Segundo o evangelista Billy Graham, que por mais Igrejas que se passe, em norma, regressasse à da infância.

Rivalidades entre cristãos, muito menos conflitos, como aconteceu na Irlanda, só representam ignorância, ou são apenas interesses políticos e económicos.

Admite-se proselitismo, mas ódios, desavenças são impróprias dos servos de Deus, e só demonstram ignorância.

Será que Ele, quando o crente estiver no Tribunal de Cristo – Rm14:10/2ºCor5:10 – perguntará, qual a Confissão que professou?

A ARTE POÉTICA DE VALÉRIA GURGEL (NOVA LIMA, MG)

 







ENCADERNAR É CONTAR HISTÓRIAS

Por Leandro Bertoldo Silva (Padre Paraíso, MG) 


Há mais de 2.500 anos, livros têm sido usados ao redor do mundo para diversos objetivos, desde religiosos, informativos, artísticos, entre outros. Códices maias, papiros egípcios, iluminuras de manuscritos medievais, as impressões de Gutenberg e Aldo Manúcio, cartografias, atlas das grandes navegações, cartilhas, livros para crianças, de cavalaria, de horas, são exemplos de um verdadeiro banquete e inspiração para a humanidade.

Por mais diversos os objetivos, uma coisa é certa: todos eles passaram pela encadernação, essa arte milenar a atravessar gerações. Não é exagero dizer, portanto, que a encadernação é uma das representatividades históricas mais importantes de que se tem notícia.

Não fosse ela, ainda hoje estaríamos a depender das pinturas rupestres feitas com ocre pelos aborígenes australianos ao representarem nas cavernas corvos e bisões.

A escrita como sistema de registro codificado, só aparece muito tempo depois, por volta do início do 4° milênio a.C., onde começam a ser desenvolvidas as estruturas por onde esses escritos tão ricamente ornamentados ganham morada e, consequentemente, preservação e, principalmente, mobilidade. Está aí uma imensa evolução! Duvida? Imagina carregar uma caverna no bolso…

Em cada época surgiram técnicas das mais simples às mais elaboradas. Encadernadores de várias partes do mundo contribuíram com suas criações que, ao longo dos anos, foram se desenvolvendo não apenas no critério documental, mas artístico. Alguém duvida que o Corão, o livro de Kells, os livros hebraicos são considerados verdadeiras obras de arte?

Em fins do século XVIII, o mercado de livros ganhou ainda mais notoriedade agora não com a hegemonia dos livros religiosos, mas também obras clássicas ao lado da ficção de entretenimento. Eram livros muito bem-produzidos e de encadernações luxuosas. Todo esse conhecimento foi e ainda é migrado para a produção artesanal de cadernos e muitos são os artesãos que se empenharam e se empenham nessa arte. Cada corte, cada ponto, cada costura repassadas e criadas são histórias sendo contadas. As técnicas são tão variadas quanto a criatividade de quem as realiza.

O melhor da encadernação é quando começamos a fazer os nossos próprios projetos! Estes da ilustração são cadernos em que utilizei algumas técnicas juntas, como a costura francesa, porém aparente, com a abertura tipo Copta a partir da estrutura do Sewn Boards Binding, que é o início da encadernação capa presa. Tudo isso com a nossa tradicional arte da decoração com recortes e colagens.

O resultado é um caderno extremamente elegante, contemporâneo e atraente pelas suas cores e infinitas possibilidades de gramaturas, tipos de papel e combinações. Perfeitos para escrita de memórias, escrita terapia, receitas, poesias, Bullet Journal e muito, muito mais.

Eu como escritor independente sempre desejei que os livros, mais do que o valor literário, pudessem ser vistos, eles mesmos, como objetos de arte. Por isso, escolhi produzi-los e confeccioná-los. Daí para os cadernos foi apenas um passo a partir de fundamentos de uma arte que está longe de acabar, mesmo com o advento da tecnologia. Basta lembrar novamente do princípio, onde muitos dos documentos, iluminuras, livros históricos produzidos pelos escribas em séculos passados, até hoje só existem graças a maior “tecnologia” da existência humana: a escrita à mão.

Portanto, deixo a seguinte reflexão: mesmo que um caderno e um lápis custem um pouco mais de dez centavos, como sugeriu Bob Grinde em uma de suas célebres frases, vale a pena comprá-los e escrever ideias e histórias que valham milhões.

 

PARA O TÉDIO, O TREINO

 Por Dias Campos (São Paulo, SP)

 

             Às vezes me pergunto por que tantas pessoas se entregam ao tédio?... Como se o dia não lhes oferecesse diversas oportunidades para reconhecerem o quanto a vida é pulsante.

Pois demonstrarei que em um simples passeio, mesmo que curto, muitos eventos, bons e ruins, estão aí, pululando, ávidos por serem percebidos. Para isto, contudo, será preciso que mudemos o nosso hábito, de ver para enxergar.

Neste sentido, por levar uma vida sedentária, o meu médico determinou que caminhasse pelo menos uma vez por dia. Posteriormente, quando já tivesse adquirido certa resistência, deveria escolher algum esporte; e que, por óbvio, não poderia ser o levantamento de garfo.

             Como não quero pegar o carro para ir ao parque, o que implicaria perda de tempo e gasto de combustível, escolhi o percurso de um quarteirão ao redor do meu prédio – O quanto deveria andar não foi especificado pelo referido profissional.

            Quando comecei este novo ritual, tomando, como sempre, os cuidados que a metrópole impõe – olhar para frente, prevenindo-me da ação de punguistas, e, para baixo, a fim de não pisar em “caco de vidro” de cachorro –, notei um ipê rosa que estava recamado de pompons.

Esse fato, a floração, sempre aconteceu. No entanto, foram os meus olhos que, mais atentos que os de costume, passaram a enxergá-la, e a apreciá-la como bem merecia.

Senti, então, que começava bem o meu dia. E prossegui redobrando a atenção.

Nem andara dez metros e a pontaria de uma pomba zombeteira revelou-se muito bem alinhada. Daí que a aba do boné da jovem que caminhava à minha frente mudou de cor, o que a obrigou a aposentá-lo na lixeira mais próxima. – Nem se precisaria dizer que ela, além de praguejar em alto e bom som, fez questão de desejar vida longa àquela ave agourenta.

Ao alcançar a esquina, topei com uma ambulante que parecia vender quitutes deliciosos.

Muito embora já tivesse tomado o café da manhã, não resisti à atração que um bolo de cenoura com cobertura de chocolate exercia sobre o meu pobre espírito. E me deleitei com aquela iguaria.

Depois de virar na segunda esquina, os meus olhos confirmaram o que os meus ouvidos já deduziam – Uma equipe da prefeitura podava uma seringueira centenária.

Sei que essa providência é corriqueira e muitas vezes necessária. Afinal, muitas de nossas árvores não passam de gigantescos cortiços para insaciáveis cupins.

Só que não tenho como disfarçar a dor que sinto quando vejo esses primores da natureza sendo mutilados sem dó nem piedade.

O jeito foi seguir adiante, resignado.

Na metade do trajeto, não pude deixar de rir ao ver um Poodle Toy latindo enfurecido para um corpulento Golden Retriever, que permanecia impassível diante de tanta ameaça.

É espantoso como esses pequeninos viram feras bestiais quando se creem acobertados pelos donos!

Ao dobrar a última esquina, avistei, do outro lado da rua, uma daquelas barraquinhas de lona que muitos mendigos utilizam como moradia.

A entrada estava fechada, o que não permitia concluir se o ocupante ainda dormia ou se já tinha saído em busca de alimento.

Fosse como fosse, bendisse a alma que, incógnita, teve a providencial ideia de comprar esses abrigos e de distribuí-los para tantos desafortunados.

Já me aproximava do lar quando me deparei com uma cena relativamente comum nas ruas de grande circulação. Era uma estátua viva, um rapaz fantasiado de anjo, todo alvo, em cima de um pedestal improvisado, e que entregava um bilhetinho para quem contribuísse com alguns trocados.

Ora, como a curiosidade aumentasse, e como nunca saio desprevenido, resolvi ofertar cinco Reais e ver o que a sorte me reservava.

Ao abrir o papelucho, não pude esconder o espanto. É que não me lembro de ter lido nos biscoitos da sorte, nem de ter recebido de algum realejo, uma mensagem afirmando que em vinte quatro horas muitos lances aconteceriam, mas que estes só seriam captados se os olhos estivessem bem abertos.

Pois apertei o passo, entrei eufórico no apartamento, sentei-me defronte ao computador, e deixei fluir esta crônica, na certeza de que os entediados, mirando-se nos exemplos que testemunhei, concordarão que é preferível enxergar a ver, e buscarão modificar-se a cada novo amanhecer.

GESTOS FEMININOS

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Toda mulher tem

gestos femininos.

Que encanta e fascina.

Chega até quebrar as rimas.

Esses gestos são suáveis.

 

Da sua doce voz

até no seu cozinhar.

A delicadeza com

ela está.

Nesse gesto eu vou pular no mar.

 

Dentro do seu lar ela

se dedica sem cessar.

Com os seus filhos não

tem limites para amar.

Nesses gestos eu vou ao Paraná.

 

Gestos femininos todo

cheio de brilho.

Tem uma mulher.

Sua beleza se iguala

ao mar imenso e lindo é.

 

INSTAGRAM: @liecifranborgesmartins

VOZES FEMININAS

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Alô, eu sou uma

mulher sensível.

Olá, também sou incrível.

Acorda e vai brilhar.

 

Grita o amor próprio

em frente ao mar.

Eu sou como Amélia

guerreira por demais.

 

Me espelho na Dandara

mulher incrível e muito mais.

Sou como Isaura que não

se rende por nada.

 

Ou até uma princesa

igual a princesa Isabel.

Cheia de beira.

 

Vozes femininas.

Tão lindas e belas

vozes são.