domingo, 1 de junho de 2025

UM POUCO DE FÉ E A REALIDADE REABILITADA

Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)

 

Tenha um pouco de fé na vida  

Que no fim tudo vai dar certo

Apenas dê um salto de fé

Segure-se nos teus os sonhos vãos  

 Disse o ateu em estado de remissão

***

No meu caminhar na hirta realidade

Rumo ao meu amor-próprio

A dor deveria passar

Assim que eu aprendi que clandestina

É a angustia que me habilita   

***

Eu não sei para onde ir

Para onde vou

Eu e o meu cérebro cheio de ideias

Nada originais

Em tempos de inteligências artificiais

Eu emersa em um mar

De quiméricas lágrimas

***

E seu sobreviver

Até o final da tarde

Poderia ao adentrar da noite

Em um caminhar onírico

Ir até o campo santo

E entre doces vinhos e odoríficas velas

Um mergulhar em mim

Com a sacrossanta missão

De ser eu a excelsa colecionadora

De belas-letras mortas

***

Escolher o que eu quero lembrar

E o que faço questão de esquecer

O que muitos chamam de memória seletiva

Em maio a um oceano de inteligências artificiais   

Cheios de coisas nenhuma

A produzir inutilidades fúteis e ultrapassada

E produzir a minha perda

Do direito que esquecer

Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, texto de Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

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