Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Tenha um pouco de fé na vida
Que no fim tudo vai dar certo
Apenas dê um salto de fé
Segure-se nos teus os sonhos vãos
Disse o ateu em estado de remissão
***
No meu caminhar na hirta realidade
Rumo ao meu amor-próprio
A dor deveria passar
Assim que eu aprendi que clandestina
É a angustia que me habilita
***
Eu não sei para onde ir
Para onde vou
Eu e o meu cérebro cheio de ideias
Nada originais
Em tempos de inteligências artificiais
Eu emersa em um mar
De quiméricas lágrimas
***
E seu sobreviver
Até o final da tarde
Poderia ao adentrar da noite
Em um caminhar onírico
Ir até o campo santo
E entre doces vinhos e odoríficas velas
Um mergulhar em mim
Com a sacrossanta missão
De ser eu a excelsa colecionadora
De belas-letras mortas
***
Escolher o que eu quero lembrar
E o que faço questão de esquecer
O que muitos chamam de memória seletiva
Em maio a um oceano de inteligências artificiais
Cheios de coisas nenhuma
A produzir inutilidades fúteis e ultrapassada
E produzir a minha perda
Do direito que esquecer
Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, texto de
Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de
Balneário Camboriú, Santa Catarina.
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