Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Dizem que cachorro é como uma
criança e eu me arrisco a dizer que é sim. É de uma pureza e sensibilidade
enorme! Eu vou lhe chamar de Lupi. Lupi apareceu numa tarde de verão em frente
à casa de Dona Mariana. Debaixo de sua janela arregalou os olhos em sua
direção.
Os olhos de Lupi eram grandes
e brilhantes, seu pelo era um amarelo cremoso, coisa mais linda! Ele tinha um
jeito meigo de encantar qualquer pessoa.
Mariana tentou mandar ele
embora, mas não conseguiu. Dona de casa nunca pensou ter um cachorro, mas isso
não quer dizer que não gostasse de bicho.
Já noite, deu-lhe água e um
pouco de comida. Ao amanhecer Dona Mariana encontrou Lupi em frente a sua
janela latindo e chorando pedindo comida. Os olhos pareciam os olhos de uma
criança molhados de lágrimas.
Chegando na janela vem a sua
filha, toda encantada com o bichinho: — Olha mãe, ele tá chorando. Tadinho,
parece uma criança. —Disse a menina. Lupi
estava em boa companhia se sentindo bem naquele quintal.
Mas nem toda história termina
bem, no final de semana o marido de Dona Mariana pediu para a esposa e a filha
não darem comida ao cachorro, assim ele iria embora. No fim de tarde, vendo que
o Lupi não tinha ido embora, o homem pegou um pau e deu pauladas no cachorro
sem piedade.
A filha deste homem berrou aos
prantos pedindo para o pai parar. Infelizmente, seu Juscelino, assim vou
chamar, parecia estar com o demônio no corpo. A sua alma era tomada de muita
covardia e ruindade. Lupi desapareceu. A
menina crê até hoje que seu pai matou aquele cachorro que mais parecia uma
criança indefesa querendo um pingo de amor.
E coisas assim marcam a vida
de uma pessoa. Aparentemente a pessoa segue em frente a sua vida, escreve novas
histórias, mas fica aquele sentimento de pesar dentro dela.
Clarisse da Costa é cronista e
poetisa em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
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