domingo, 1 de maio de 2022

POINT BLANK

 

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

Primeira parte

 

Raimundo Nonato Corrêa Júnior era parecido fisicamente com o do pai, exceto no temperamento, isso saíra à mãe diziam. Não levava desaforo para casa, coisa normal para quem vive no recôncavo baiano. E ao saber que o prefeito, a pretexto de pressões sociais, que a população da pequena cidade fizera, que cairá sobre seus ombros, despediu o pai de Raimundo embora da prefeitura.

O guarda-livros Raimundo Nonato Corrêa, muito popular e amigo de todos, fora pego desviando verbas da prefeitura. Pai de oito filhos e funcionário público respeitado.

Muitos atribuíam o fato como obra do próprio prefeito de acusar o guarda-livros de desfalque. O medo do prefeito era que Mundinho, como Raimundo Nonato era conhecido, ser chamado a concorrer nas próximas eleições para prefeito. Era a muito que Raimundo era assediado pela oposição. Mas, quem mesmo não absolveu a demissão de Raimundo foi o filho mais jovem da família Corrêa.        

        

 

Point Blank

Segunda parte

 

            A mauser destravada, que apontava para o vazio da caatinga, com seu mato ralo e árvores tortuosas. O jovem, mirrado e bem alinhado, não ligou para o sol abrasador sobre sua cabeça, nem a boca seca que pedia água. E a arma não parecia pesar nada, nas mãos do rapaz, de seus quatorze anos de idade, que nunca pegara em uma arma antes na vida.

Ele mesmo se espantou com a facilidade e naturalidade da coisa toda. E como era fácil esperar o carro do prefeito passar e diminuir na curva. O prefeito, com seu terno branco inconfundível e, como ele deveria estar ao lado do motorista e não no banco traseiro. A ira animal que tomava conta de Raimundo Nonato Corrêa Júnior parecia não ter fim e tinha que dar um tiro na cara do Cabra safado’’ que tanto prejudicou seu pai e sua família.  


Samuel da Costa é contista, cronista e funcionário público em Itajaí, Santa Catarina.

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

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