Por Vânia Moreira Diniz (Brasília, DF)
Ninguém gosta de conversar
sobre a dor. As pessoas evitam falar sobre sofrimento e mostram uma faceta
sempre animada e para o alto. Nunca esqueço uma amiga muito especial que me
disse um dia depois de uma perda irreparável:
-Temos que mostrar sempre que
estamos bem. Ninguém gosta de encarar o sofrimento e preferem conversas
divertidas.
Hoje falando sobre a dor
interior lembrei-me dessa moça que sofria muito mais porque não conseguia se
libertar da certeza que deveria estar sempre alegre. E isso lhe custou alguns
danos porque de tanto se controlar teve que ser internada para um sério
tratamento. A dor não diminui simplesmente porque queremos esquecê-la.
Ao apreciar a natureza e me
extasiar com todo esse encanto misterioso, onde os pássaros voam tranquilos, em
extrema mansidão, as árvores sustentam suas raízes com segurança e o harmonioso
conjunto nos leva à tranquilidade momentânea, percorro com os olhos o ambiente
desejado nas horas conturbadas. E sinto uma sensação de paz. Isso talvez me
leve aos momentos de dor interior. Sobrepujadas pela certeza da
transitoriedade. Superadas pela convicção que nada é definitivo e irreversível.
Inúmeras vezes pergunto-me se
Deus está muito longe de mim. Ou eu dele. E imagino que devo me aproximar
quando entro em meu interior e sinto a marca de seu trabalho em sentimentos tão
profundos. Entendo que ele está por perto com a doçura do bom pai e a
compreensão que só os que muito amam sentem.
Isso acontece quando enxergo a
profusão de coisas lindas que meus olhos alcançam e sinto a pureza do ar gratificante
em cada elemento presente. Compreendo afinal que isso tudo é uma dádiva
misteriosa e magnificamente onipotente. Mas que talvez no momento não esteja
preparada para apreciar. Sinto-me ingrata e proponho-me a retroceder mesmo que
isso me custe nessas horas difíceis, de sofrimentos recentes e convicções
abaladas.
Vou andando com firmeza
enquanto todo o meu interior se reintegra na esperança que surge alvissareira
iluminando de leve um caminho paralelo e, contudo, promissor. Um dia senti que
o mundo era maravilhosamente fascinante e prometi que nada faria com que eu
deixasse de vibrar intensamente. Pretendo cumprir a promessa integralmente.
Olhando admirativamente e com
fé as montanhas elevadas querendo sempre permanecer erguidas e majestosas
prometo-lhes entender a encantada filosofia que inspiram e segui-las fazendo
com que meus sonhos persistentes tenham a mesma consistência que nada demove
nem mesmo os temporais devastadores ou as tempestades implacáveis.
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