quinta-feira, 1 de setembro de 2022

PENHASCO...

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

 

           Richard era um homem solitário rodeado de livros raros e caros vinhos. Acordava cedo, tomava seu demorado banho, tomava seu requintado café e então saia para correr. Adorava olhar as paisagens, ele morava próximo de montanhas, longe de tudo, de todas e de todos.

          Porém, no passado adorava frequentar festas, Richard era um homem de muitas posses, que de repente largou tudo, pois se sentia exausto de pessoas fugazes e interesseiras, nas quais diziam ser amigos, entre aspas.

Certo dia, como de costume saiu para correr, mesmo se sentindo cansado continuou o trajeto. De repente, se viu cercado por um nevoeiro, e já não enxergava mais nada. Ficou intacto sem saber o que fazer, foi quando sentiu uma mão lhe guiando. Amedrontado, abriu os olhos, era uma senhora, confuso, não sabia o que fazer, quis fugir, mas foi barrado por uma jovem mulher.

– Calma rapaz, onde pensa que vai!?  

           – Minha família me espera – Respondeu mentindo, como sempre quando perguntavam pela família.

              Foi conduzido até uma casa simples, pelas duas mulheres, ele parecia estar em um sono profundo e preso em um sonho denso. A casa não era estranha para Richard.  Ele olhou para os quadros nas paredes e os muitos porta-retratos espalhados pela casa, ficou perplexo e mudo. Eram fotografias de pessoas conhecidas, eram fotografias de sua família e muitas dele.

 – Essa casa humilde foi tudo que nos restou, papai. – Disse a jovem olhando nos olhos de Richard

          – O senhor perdeu a imobiliária em jogos e com suas amantes.

         – Preciso ir embora, preciso! – Gritou não aguentando a pressão.

         – Sim, papai, mas antes de ir embora olhe bem para esta senhora que lhe salvou do nevoeiro, olhe bem!?

        Aquietou-se ao ver a mulher, ele sabia que era sua esposa Catharina. Mas se angustiou e saiu correndo, ele queria voltar para casa. Enfim, chegando em casa, não a encontrou, infelizmente. Catharina jazia morta, ela caiu em um penhasco.

       O penhasco, no qual ele nunca tinha avistado na vida. Mas a imagem da amada esposa morta depois que se lançava em um penhasco abraçada com a filha deles nos braços. Richard não conteve as suas lágrimas,

        Ao acordar do pesadelo terrível o insípido corretor de imóveis, que passava pela crise da meia idade. Que a tempos se isolava da família, indo viver sozinho no meio da nada decidiu voltar para casa.

          Quem te ama de verdade não desiste, supera junto as crises, os erros. Te respeita, apoia e abraça forte, mesmo triste. Quem te ama fica. Beleza acaba em frações de segundos.

            Ao ficar de frente da esposa e com a filha pequena nos braços ele não se conteve

       – Perdoa-me Catharina!? – Perguntou à esposa – Sempre! Mas não se jogue num penhasco novamente.

 

 

Fabiane Braga Lima é poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo.

Contato: bragalimafabiane@gmail.com

 

 

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