sábado, 1 de novembro de 2025

A FONTE

Paccelli M. Zahler (Brasília, DF)

 

A Sabedoria não reside em altares

Nem em volumes densos, de capa opulenta.

É um coração que escuta os pesares,

Uma alma atenta, que a dor não afugenta.

 

Não veste púrpura, nem tem brilho vão

De quem pensa saber, mas apenas repete.

É a calma firme após o furacão,

Um olhar que entende o que o silêncio promete.

 

No mosaico frágil de cada ilusão que cai,

Desvela-se a fibra do ser, sua essência crua.

Na curva do tempo, onde o presságio trai,

A real riqueza que o tempo não recusa.

 

É compasso lento de quem já viu o abismo,

E voltou com a poeira fina nos sapatos.

Sem a pose austera do dogmatismo,

Acolhe as cores dos desacatos.

 

Aprender a dança do não saber de cor,

É o cume sutil que a humildade oferece.

Sentir a beleza em cada matiz de dor,

E saber que a jornada jamais fenece.

 

É fonte que sacia, não água que se vende,

É rio que flui, ignorando o decreto.

Luz que se acende quando o olhar compreende

O sopro da vida em cada imperfeito afeto.

 

Que sua busca seja o espelho da paz,

Na arte de ser ponte, não muralha de silêncio.

E que o saber maduro, que a alma satisfaz,

Seja a melodia rara do seu discernimento.

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