Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
‘’Reinvento-me, sou filha do vento,
Caminho por horizontes,
Nos quais deixo sempre um pouco de mim.
Filha do vento, errante, estrangeira,
Caminho por horizontes, sem fim..!’’
Fabiane Braga Lima
O satélite artificial, orbitava no seu próprio eixo e orbitava ao redor
do planeta Terra. Em forma de rosca, ligado por uma estrutura interna e forma
de X. Nomeado de Sexto campo orbital, a estação espacial compartilhada, tive
este nome porque cinco estações foram projetadas anteriormente. Os primeiros
projetos, davam conta de uma prisão de segurança máxima, orbitando o planeta
Terra. Os altos custos da construção, o caráter desumano do projeto, as muitas
inseguranças jurídicas, as instabilidades de todas as ordens, apontaram
simulações e projeções, feitas por computadores e cálculos orgânicos. Feitos
por especialistas de uma gama variada de áreas das ciências humanas e das
ciências exatas. Os dados revelaram sempre os mesmos resultados, os custos
altos dos projetos, em todos os sentidos, deixavam os benefícios
irrisórios.
Somente o sexto projeto, depois de
longos e lentos debates, uma vez finalizado, foi posto em prática, a ideia era
as grandes corporações, a sociedade organizada e de estados nações em uma
cooperação inédita até então. Construir uma estação espacial compartilhada, um
centro de pesquisas avançadas. Uma estação espacial compartilhada, de pesquisas
e inovações, para superar os novos e grandes desafios, impostos pelos avanços
tecnológicos e as mudanças climáticas. Em cooperação fraternal, soluções
simples, para resolver problemas complexos, era o lema que embasou o sexto
campo orbital.
O som
de uma esteira, em funcionamento, se misturou com sutis sons de gotejares. Os
tanques robôs, iam e viam aos sabores de abafados gemidos de dores e lamúrias
sussurrantes. Na completa escuridão, olores florais que se misturavam com o
pútrido cheio de carne morta, uma lufada de sabores de óleo e de cobre,
percorreram o ambiente.
— Onde eu
estou? Que eu estufando aqui? — O sussurro desesperado em meio a escuridão, não
passou despercebido e do disciplinador. A máquina viva se aproximou do ser
biomecânico, que estava preso em câmara buriladora de inexatidões.
— Ser biomecânico pronto para a terceira fase inicial educação
emocional digital!! — Pronunciou o tanque robô.
As fortes luzes se acenderam em abrupto, a cena opaca e confundiu o ser
biomecânico preso a uma cápsula de cristal líquido.
— Torna as dores em prazeres tecnológicos e descobre
novos seres biomecânicos! É a nossa função aqui ser biomecânico! — Disse
o tanque robô na frente do ser biomecânico. As pinchas dos braços mecânicos
abriram e um grunhido ecoou no vácuo cósmico sem fim. — Aqui testamos a resistência cerebral cibernética é testada até o
limite de computadores quânticos!
— Adoro
trabalhar contigo, Boris, as tuas linhas de programação são arte pura! — Disse
Cali, a engenheira mecatrônica!
— Inspiro-me no teu trabalho elegante, minha querida colega de trabalho! —
Respondeu o Boris o programador de computadores.
Estavam no laboratório de desenvolvimento de mecatrônica, no setor dois, da
estação Sexto campo orbital, o acampamento comumente chamado! Estavam no nicho
de Boris, que estava desenvolvendo a programação que iria ser usada em braços
mecânicos, peças que iriam realizar operações médicas simples e complexas. Os
quatro setores, que desenvolviam trabalha em separado e complementares, iam do
centro da estação espacial, se estendiam até um quarto dos quadrantes.
— Quando iremos por estas em ação? — Perguntou Cali, que estava sentada ao lado
de Boris, que terminava a programação.
— Uma inteligência artificial irá comandar os teus belos braços, pois a experiência pode levar à morte. Serão três diretrizes,
orgânica onde médicos e médicas irão operar os seus bebês, a distância ou na
sala de cirurgia, a segunda é o profissional devidamente registrado dará as
instruções a viva voz ou programar na distância. E a última e mais radical de
todas será a inteligência artificial, que comandará o espetáculo —
Respondeu Boris, enquanto digitava no computador quântico.
— Muitos vieses meu querido, muitos perigos à vista! O que ocorrerá se estas
máquinas pararem em mãos insanas? — Perguntou Cali, não escondendo as
preocupações.
—
Protocolos minha querida colega de trabalhos, vários e antes que me pergunte as
tais três leis da robótica, são devaneios pueris de um otimista desvairado. E
nem todo mundo terá acessos às nossas queridinhas que estamos desenvolvendo,
seja pelo preço, seja por leis, normativas decretos e coisas que o valham.
Aqui não suspendemos os juramentos que os bons doutores, doutoras e demais
profissionais da saúde bem o fazem quando recebem os seus canudos. — Responde
Boris, o programador de computadores.
— Interessante, por isto que gosto de números e a boa e velha metalurgia! Pelo
visto acabaste! — Disse Cali de forma triunfante.
— Ainda não minha querida, colega de trabalho! Temos que ver como o burilador
de inexatidões está tratando a inteligência artificial que comandará os teus
braços mecatrônicos! — Disse o programador, tirando as mãos do teclado.
Um robô doméstico, se aproximou dos dois cientistas, o som das esteiras
triangulares, os ganidos mecânicos e digitais inundaram o laboratório. O dorso
da peça baseada em um cubo, que imitava a assadura de um dorso humano,
angustiava Boris e fascinava Cali, a cabeça em forma de um paralelepípedo. Os
dois olhos frios esféricos vermelhos sangue giraram. Segurava um pequeno disco
rígido externo, com as duas mãos em pinchas.
— Em um extermínio científico! Ser sintético uma
tortura psicológica que mata lentamente! — Disse o tanque robô, diante
de uma capsula de cristal líquido.
Duas finas hastes de metal, saíram da base do robô! Se conectando ao ser
biomecânico encapsulado, que queria gritar, mas pode porque não tinha boca, dos
cotocos dos braços e pernas surgiram os membros faltantes. Umas infestações de
gafanhotos sintéticos, a nuvem dos insetos empesteou a cápsula, comia a carne
sintética, do ser biomecânico, a cada naco de carne os insetos eram absorvidos
pelo ser biomecânico. Boca, nariz, dentes, pelos, genitais, orelhas, foram
surgindo.
Fragmento
do livro: Sono paradoxal, texto de Samuel da Costa, poeta, novelista e contista
em Itajaí, Santa Catarina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário