Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
— São só vinte quilômetros meu amigo! — Disse a figura ao volante.
— Que bom! — Respondeu de imediato o passageiro, não escondendo o mau
humor, pois ele não gostava muito das cidades grandes. Achava-as barulhentas,
congestionadas e distantes, ao contrário das cidades pequenas, que para ele
eram, as ideais de se viver. E o fato de estar ali era um calvário e um alívio
ao mesmo tempo. A muito queria que aquilo acabasse logo e mil coisas passavam
pela cabeça a esta altura. Mas, tinha decidido ir até o fim com a coisa toda e
de uma vez por todas. O fato dele ser pastor de profissão e, acima de tudo, por
fé. E ter que lidar todos os dias, com a ideia do pecado de si mesmo, e das
outras pessoas, não alterava o fato em nada para ele.
E uma simples olhada do motorista de táxi pelo retrovisor, foi o bastante
para acabar com a agonia iniciada quando ele saiu do hotel e embarcou naquele
veículo de aluguel. O olhar do chofer de praça denunciava a ambos.
— Posso fazer uma pergunta? O que o senhor veio fazer aqui na capital?—
Pergunta afinal o taxista, com seu sotaque inconfundível do norte do país.
— Vim procurar um pouco de diversão meu amigo, só um pouquinho e mais
nada! — E ambos deram risadas juntos
durante um certo tempo. Daí para parar em um motel de quinta categoria em uma
parte suspeita da cidade foi um pulo e tudo estava indo como ele bem imaginava
que seria. Tudo muito rápido e também impessoal. E a garota com a descrição que
ele pedira estava lá esperando-o no quarto. Ao bater com força na porta da
pocilga três vezes, como o instruíram e a mesma se abrir. E lá estava ela, como
ele bem imaginava que seria, linda, cálida, decadente e toda sorridente como um
anjo que perdeu as asas.
— Vim te buscar filha, vamos voltar para casa! Tua mãe te espera...
Samuel da
Costa é poeta e contista em Itajaí SC
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
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