segunda-feira, 1 de julho de 2024

CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

No ônibus que pego para ir ao serviço, vejo sempre uma catadora de materiais recicláveis e percebo que ninguém se senta perto dela. Há um certo descaso, um nojo repulsivo com aquela mulher!

Certo dia, resolvi segui-la pelas ruas, então ela pegou a sua carroça, fez as suas orações, entrou em alguns comércios, pediu licença e recebeu alguns recicláveis e foi catar algumas latinhas.  O dono de um restaurante, reclamou e agressivo disse: — Basta! Suma daqui! Agora não volte mais. E assim foi sua rotina da pobre mulher, ao anoitecer vai embora, ela passou em supermercado e comprou leite e pão para a família.

          Ao sair do mercado, eu ofereci alguma ajuda, ela desconfiou de mim por alguns segundos. Ela ser consciente de quem é a onde estava, me ponderou sobre o fato do veto do governo ao auxílio emergencial naquele tempo de pandemia da Covid-19. Ato que atingiu os mais pobres e principalmente os catadores de materiais recicláveis! Perguntei se era casada! Ela entre olhos rasos d’água me disse: — Meu marido teve que amputar as pernas. Ela parecia uma senhora bem velha, mas ainda era jovem. Historicamente, não existe ajuda do poder público para os mais pobres, e precisamos ser solidários e ajudá-los, juntando materiais recicláveis, sendo mais tolerantes.

Termino este relato, com a fala da jovem senhora muito sofrida, que me olhou nos meus olhos e me disse: —Eu espero ver dias melhores! Nos despedimos e ela foi embora sorrindo, mas chorando por dentro, pois seus filhos estavam esperando por ela, estavam esperando por comida...!

 

 

Texto de Fabiane Braga Lima, poetisa, contista e cronista em Rio Claro, São Paulo.

 

Contato: debragafabiane1@gmail.com

 

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