Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
No ônibus que pego para ir ao
serviço, vejo sempre uma catadora de materiais recicláveis e percebo que
ninguém se senta perto dela. Há um certo descaso, um nojo repulsivo com aquela
mulher!
Certo dia, resolvi segui-la
pelas ruas, então ela pegou a sua carroça, fez as suas orações, entrou em
alguns comércios, pediu licença e recebeu alguns recicláveis e foi catar
algumas latinhas. O dono de um restaurante,
reclamou e agressivo disse: — Basta! Suma daqui! Agora não volte mais. E assim
foi sua rotina da pobre mulher, ao anoitecer vai embora, ela passou em
supermercado e comprou leite e pão para a família.
Ao sair do mercado, eu ofereci alguma
ajuda, ela desconfiou de mim por alguns segundos. Ela ser consciente de quem é
a onde estava, me ponderou sobre o fato do veto do governo ao auxílio
emergencial naquele tempo de pandemia da Covid-19. Ato que atingiu os mais
pobres e principalmente os catadores de materiais recicláveis! Perguntei se era
casada! Ela entre olhos rasos d’água me disse: — Meu marido teve que amputar as
pernas. Ela parecia uma senhora bem velha, mas ainda era jovem. Historicamente,
não existe ajuda do poder público para os mais pobres, e precisamos ser
solidários e ajudá-los, juntando materiais recicláveis, sendo mais tolerantes.
Termino este relato, com a
fala da jovem senhora muito sofrida, que me olhou nos meus olhos e me disse:
—Eu espero ver dias melhores! Nos despedimos e ela foi embora sorrindo, mas
chorando por dentro, pois seus filhos estavam esperando por ela, estavam esperando
por comida...!
Texto de Fabiane Braga Lima,
poetisa, contista e cronista em Rio Claro, São Paulo.
Contato:
debragafabiane1@gmail.com
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