segunda-feira, 1 de julho de 2024

PENSANDO BEM, QUE MAL TEM?

Por Leandro Bertoldo Silva (Padre Paraíso, MG)

 

Sabe aquelas histórias bem curtinhas que faz a gente até pensar que é mentira? Pois é… Aqui vai uma!

Ah, eu me lembro, eu me lembro… Foi um alvoroço naquela cidadezinha. Nunca havia acontecido um assalto, unzinho sequer para contar história. E olha que história era o que mais existia no meio daquela gente.

Mas naquela noite o falatório foi geral. Logo que o sacristão abriu a igreja para a missa das oito, alguém gritou: Cadê o Santo Antônio? Virgem Maria! O São Pedro também sumiu! E lá se foi o São João! Socorro, Ave Maria! Foi você, Marinalva? Me respeita, seu Batista! Foi a Emengarda! Queria se casar, levou o Santo Antônio e os outros pra padrinho.

E agora, São José?

No meio de toda aquela agitação um risinho se ouviu. Para espanto de todo mundo, descia em azul do manto de Nossa Senhora a própria Santa a mirar com um doce olhar o rosto de cada um.

— Como disse o poeta: “não entendo essa gente, seu moço, fazendo alvoroço demais…” É festa junina, ora essa! Santo não tira férias, mas também pode brincar, ou não pode?

Ao dizer isso, apontou para a praça da cidade toda enfeitada com bandeirolas coloridas, barraquinhas e até pau de sebo. Lá, bem no meio, estavam eles.

Que aquarela!

 

Quando oiei a fogueira,

Antônio, João e Pedro

brincavam nela…

 

Por que razão não há de poder os Santos pularem as suas fogueiras?

 

É, pensando bem, não faz mal para ninguém.

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