Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Eu tenho que escolher
Entre sobreviver e o existir
A minha vida as minhas escolhas
Eu escolho sobreviver e existir
***
A única maneira
De eu vencer é o teu nunca desistir
Podes estar na escuridão agora
E se sentindo perdida
Eu gosto disso
Pois tu podes confrontar
Os vossos atos falhos
***
Tomei a decisão mais que consciente
Quero eu compor os melhores textos
Sem drama ou algo especialmente interessante
Por mais difícil que se possa pensar
Quase sempre eu escrevo por escrever
Então tenho eu a imensurável
Sensação de ter experimentado
As sobreposições de luzes
Frias, quentes e vagas
***
Pensei em comprar um novo disco rígido
Foi ontem ao final da tarde
Para fazer os backups
Das minhas imagens refletidas
Do espelho convexo
E os meus antiquíssimos arquivos
Que insisto em não deletar
***
Quando eu arquivava as minhas imagens
Eu me deparei
Com algumas sobreposições
De tons sobre tons
Entre luzes frias, luzes quentes
E nevoentas luzes vagas
***
Eram para ser uma celebração
Mais que deslumbrante
Ser eu a imperatriz soberana
Das minhas próprias criações
Ver os meus versos e as minhas prosas
Publicadas para me cobrir de orgulhos
Com efusivo amor
De pessoas que eu não conheço
E que nunca irei conhecer
***
O orvalho pode até ter
Lavado os meus negros e sedosos cabelos
Ter borrado a minha maquiagem
Mas nada poderia me impediria
De estar onde eu quero estar
***
Muito obrigada minha querida
Por confiar em mim
E ter chegar até aqui
Pois um olhar mais atento às coisas descabidas
Uma visão especialmente aguçada de mulher
Viras as minhas partes intercambiáveis
E retráteis e cheia de fogo
A necessidade de que eu tenho lutar
Para eu me reencontrar comigo mesma
***
Aqui termino o meu breve relato
Foi algo que fiz ontem
A tardinha
Uma sessão de fotografias textuais
Sem maquiagem alguma
Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, de
Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de
Balneário Camboriú, Santa Catarina.
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