Por Clarisse Cristal
(Balneário Camboriú, SC)
Nos céus elas decidiram se
reunir,
Os selvagens espíritos de
ébano
Então alçam cósmicos
voos
Pois acredito que mulheres
negras
Deveriam fugir das verdades
***
Mas a verdade decidiu me
perseguir
Como uma sombra de uma pessoa
alvejada
Logo eu que gosto da minha
vida
Sem figuras débeis a me
circunvagar
***
Mas a hirta realidade continua
me lembrando
Que chova ou faça sol
As minhas cansadas pernas
Não cruzarão as ruas
congestionadas
Avenida Atlântica e a Avenida
do Estado
***
Então tu vai acreditar
Mas a verdade permanece a
mesma
Pois ninguém pode mudar
A sua aparência interior
E eu totalmente imersa
Na minha aura cativante
De energia feminina
***
E eu não pode deixar de sentir
O meu poder indomável!
O meu mundo muito particular
Cheio de magia e
maravilhosamente abstrata
***
Eu às vezes esqueço de parar
de refletir
Eu no escuro
Perdendo-me em
espetáculos fugazes
Esquecendo das efêmeras
belezas
Que me cercam
***
Eu não deveria acreditar
No poder da irmandade
feminina
Então sou a minha própria irmã
Eu sou a minha melhor amiga
A outra que precisa vez ou
outro
De certos incentivos extras
Eu me encontro com a minha
irmã
A minha melhor amiga
submergida em mim
***
Eu que não aceito os atuais
padrões
Éticos, sociais e culturais
Eu trajada com belas
vestimentas de ébano
Que deixam um gosto ruim
Em quem é obrigado
A viver e conviver comigo
Fragmento do livro: Sustentada no ar por negras
asas fracas, de Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e
bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.
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