Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Um dia me disseram
Que eu sou uma mulher selvagem!!!
E obtusa e irresponsavelmente distante
E eu respondi de pronto
E de imediato
Irmãos de sangue não deveriam se beijar
Almas gêmeas não deveriam ser tocar
Enamorados virtuais
Não deveriam se encontrar
No deserto do real
***
Todos os meus sonhos diáfanos
Estão fora do meu alcance
Tudo o que eu precisa fazer
É continuar me movendo
Em direção das astrais quimeras
Em reinos além da imaginação
***
Responda-me agora!
Quando tu vens me encontrar?
No Beco do Brooklyn?
Quando tu vens borrar o meu Adore?
Diga-me que tu vais sequestrar?
A minha vulcânica alma negra!
Na calada da noite!
***
Acorde-me devagar
Do meu sonhar acordada
Toma-me o meu lânguido
Corpo em chamas
Abrace a minha celeste alma imortal
Inunda-me de prazer astral.
***
Para ser honesta comigo mesma!
Estou impressionada
Com as minhas repentinas
Mudanças internas
E as inesperadas e repentinas bênçãos
Que surgiram e ressurgiram
Na minha breve vida.
De mulher jovem adulta
***
Na medida que me ajusto
As minhas vontades vãs
Eu mergulho em novos títulos
Aéreos e etéreos,
E álgidos espaços abissais
Nos hipertextos
***
E não brinque mais
Como meus sentimentos hialinos
De menina-mulher
Nascida e criada no novo século
Deixe para depois
Quando eu não estiver mais aqui
Eu a cega te vendo...
Eu a surda te ouvindo...
Eu a inexistente te sentindo às avessas
***
Ser eu a soberana rainha absoluta
Ao sul da fronteira
A lânguida a caminhar no arrebol
A tardinha com os pés descalço
Mergulhados nas umbrosas
Areias atlânticas
***
Desfilo eu dona de mim
Nas passarelas das vaidades
Da Barra norte a Barra sul
Sou a poetisa inexata
E inexistente a vagar
No vazio
Fragmento
do livro, Sustentada no ar por
negras asas fracas, de Clarisse Cristal,
poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú,
Santa Catarina.
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