terça-feira, 1 de abril de 2025

SER A RAINHA NAS PASSARELAS DAS VAIDADES

 Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)

 

Um dia me disseram

Que eu sou uma mulher selvagem!!!

E obtusa e irresponsavelmente distante

E eu respondi de pronto

E de imediato

Irmãos de sangue não deveriam se beijar

Almas gêmeas não deveriam ser tocar

Enamorados virtuais

Não deveriam se encontrar

No deserto do real

***

Todos os meus sonhos diáfanos

Estão fora do meu alcance

Tudo o que eu precisa fazer

É continuar me movendo

Em direção das astrais quimeras

Em reinos além da imaginação

***

Responda-me agora!

Quando tu vens me encontrar?

No Beco do Brooklyn?

Quando tu vens borrar o meu Adore?

Diga-me que tu vais sequestrar?

A minha vulcânica alma negra!

Na calada da noite!

***

Acorde-me devagar

Do meu sonhar acordada

Toma-me o meu lânguido

Corpo em chamas

Abrace a minha celeste alma imortal

Inunda-me de prazer astral.

***

Para ser honesta comigo mesma!

Estou impressionada

Com as minhas repentinas

Mudanças internas

E as inesperadas e repentinas bênçãos

Que surgiram e ressurgiram

Na minha breve vida.

De mulher jovem adulta

***

Na medida que me ajusto

As minhas vontades vãs

Eu mergulho em novos títulos

Aéreos e etéreos,

E álgidos espaços abissais

Nos hipertextos

***

E não brinque mais

Como meus sentimentos hialinos

De menina-mulher

Nascida e criada no novo século

Deixe para depois

Quando eu não estiver mais aqui

Eu a cega te vendo...

Eu a surda te ouvindo...

Eu a inexistente te sentindo às avessas

***

Ser eu a soberana rainha absoluta

Ao sul da fronteira

A lânguida a caminhar no arrebol

A tardinha com os pés descalço

Mergulhados nas umbrosas

Areias atlânticas

***

Desfilo eu dona de mim

Nas passarelas das vaidades

Da Barra norte a Barra sul

Sou a poetisa inexata

E inexistente a vagar

No vazio

 

Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, de Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

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