AMOR E PECADO
Por Tiago Martins Koeler (Brasília, DF)
- Amo... -
disse ao vigário.
- Como? - indagou o outro.
- Amo... - tornou a dizer.
- Ora! E onde o pecado? Por que te confessas? Do que devo absolvê-lo? - interpelou, confuso
- Ela é casada.
- Hum!...
- Eu sou casado.
- Ah!...
- Amo, todavia... - enfatizou.
- Planejaste isso?
- Não!
- E ela?
- Muito menos.
O padre, agora em silêncio, movimentava, ciclicamente, indicador, médio e anular, numa estereotipia peculiar.
Decorrido, porém, breve intervalo, o vigário rompera o silêncio, recomendando em seguida:
- Dez rosários, meu filho.
- Dez rosários?
- Sim! Isso! Dez rosários.
- E conseguirei deixar de amá-la?
- É provável que não. Quiçá, seja tão improvável quanto provocar uma fenda numa rocha, lançando-lhe pétalas.
- Então... Por que não me condenas em definitivo?
- Ora! Se não tenho do que absolvê-lo, porque o teria de condená-lo?
- Não me condenas, então?
- Por amar?
- Sim...
- Meu filho - disse o confessor - se for para atirar a primeira pedra, que eu a atire diante do espelho. Ademais - prosseguiu - se amas, filho meu, por amor não te condenaria; e se tivesse do que condenar-te, por amor te absolveria.
- Amo-a profundamente, padre... É tanto amor que não sou capaz de contê-lo no próprio peito.
O sacerdote contemplou demoradamente o interlocutor.
- Como condenar-te?
- Sou um pecador - insistia.
- Por amar deveras?
- Sim. Meu pecado é amar...
O vigário, no limiar da paciência, penetrando, paternalmente, o olhar daquela ovelha, arrematou compassivo:
- Filho, acalma-te, vá e ama em paz.
(O poeta, contista e compositor Tiago Martins Koeler é autor
do livro ‘Veredas Poéticas’. Escritor Imortal e Membro Efetivo da Cadeira no 57
da Academia de Letras do Brasil/DF).
- Como? - indagou o outro.
- Amo... - tornou a dizer.
- Ora! E onde o pecado? Por que te confessas? Do que devo absolvê-lo? - interpelou, confuso
- Ela é casada.
- Hum!...
- Eu sou casado.
- Ah!...
- Amo, todavia... - enfatizou.
- Planejaste isso?
- Não!
- E ela?
- Muito menos.
O padre, agora em silêncio, movimentava, ciclicamente, indicador, médio e anular, numa estereotipia peculiar.
Decorrido, porém, breve intervalo, o vigário rompera o silêncio, recomendando em seguida:
- Dez rosários, meu filho.
- Dez rosários?
- Sim! Isso! Dez rosários.
- E conseguirei deixar de amá-la?
- É provável que não. Quiçá, seja tão improvável quanto provocar uma fenda numa rocha, lançando-lhe pétalas.
- Então... Por que não me condenas em definitivo?
- Ora! Se não tenho do que absolvê-lo, porque o teria de condená-lo?
- Não me condenas, então?
- Por amar?
- Sim...
- Meu filho - disse o confessor - se for para atirar a primeira pedra, que eu a atire diante do espelho. Ademais - prosseguiu - se amas, filho meu, por amor não te condenaria; e se tivesse do que condenar-te, por amor te absolveria.
- Amo-a profundamente, padre... É tanto amor que não sou capaz de contê-lo no próprio peito.
O sacerdote contemplou demoradamente o interlocutor.
- Como condenar-te?
- Sou um pecador - insistia.
- Por amar deveras?
- Sim. Meu pecado é amar...
O vigário, no limiar da paciência, penetrando, paternalmente, o olhar daquela ovelha, arrematou compassivo:
- Filho, acalma-te, vá e ama em paz.
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