quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

FABIANE BRAGA LIMA EM VERSOS E PROSAS

 Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

O suicídio da poesia!? 

Reconheci meu erro, ainda estava em um sonho, ou em um delírio que eu mesma deixei me levar, presa em um passado complexo cheio de mentiras. Um absurdo que até uma criança poderia desvendar!!!

E eu, tentando fazer rimas, poemas, sangrando, derramando lágrimas, assassinando a arte poética. Mas percebi o erro, toda aquela demência que me levava a querer se suicidar, junto com a poesia.

Então, me libertei dessa insanidade de um passado que me comprometia e me matava aos poucos, com lembranças tóxicas, nas quais esqueci há muito tempo.

Silenciei a minha poesia e criei uma palavra nova chamada (vida). Parei no tempo, mas me reinventei. Hoje, as minhas utopias são carregadas de magia, onde lavo minha alma com prazer. Minha arte carrego comigo!!!


A mais bela poesia


Minha escrita sem nexo, hoje grita

Há uma certa repetição de palavras

Poemas incoerentes, sem lucidez...

Palavras aglomeradas, infindas rimas.

Leio um livro, talvez tenha inspiração

Mas, a saudade me faz companhia

Sempre presente, me faz melancólica

 Aonde se esconde...!? Não lhe vejo!

Leal e afável. De repente, me deixou

Palavras belas, tua essência incógnita 

Formoso, não sei!  Vasto de encanto...

Tento decifrar, não consigo, não lhe ouço

Preciso recomeçar, viver. Largo tua mão!

Cativou-me, seremos a mais bela poesia...

  

Deixei a porta semiaberta

 

É tão estranho o modo como te amo! Minhas lágrimas cessaram, mas tive que ser forte, crescer, virar mulher. Machucou, e aqui estou de pé refazendo a vida, inexplicável. Hoje, não sei como eu me refiz com a ausência. A minha madrugada ficou vazia, sombria, árdua.

Todo este caos me consumiu, uma virou tatuagem em minh’alma, reflexo no coração. Fechei a porta várias vezes, mas você sempre entrava. Na verdade, era proposital, deixava semiaberta para que pudesse entrar.

Foi minha loucura, cura, incógnito amor! Meu mar imenso, mistério, revelou instigantes segredos. Entreguei a minha melhor parte, primícias. Não ouso desvendar seus mistérios, não quero mentir a porta ainda encontra-se semiaberta.

Todo amargo da vida engoli, e a muito tempo refiz-me! Mas, ainda lhe sinto tocando em meu corpo nesse silêncio que nos rodeia. Hoje é diferente, não sinto carência nem aquele amor demasiado. Mas posso sentir me tocando- me... 

 

Jornada

Madrugada chegou, silêncio no peito,

Mente oscila, atrita voz silenciosa,

Alma rasgando, grito calado de aflito

Saudade daquele amor antigo, amigo.

No oceano de lamuria, insônia castiga

Lembranças infindas ilusões, intrigas,

Lágrimas caem no rosto, sob’ desgosto,

Entrego, vivo, amo, universos opostos.

Nítido ver, quem n’alma chorou, sofreu

Calado esperar, o amor que aflorou, viveu

Do nada calou-se de amor padeceu!?

Não! Coração avisou, sofreu, revigorou,

Seguiu sua jornada, amou, não negou!

Hoje a alma silenciosa, vive, sobreviveu...!


 

Vida

Entreguei todo meu amor com respeito

Mas ventos fugazes chegaram, devastaram,

Levaram-te pra longe do meu peito,

Tantas lembranças, amor d’primavera.

Lembro- me, juras e juras, promessas

E, nesta vida árdua, vejo tudo complexo

Calo- me, pois nada sou, sou irresoluta

Na minha mente há verdades e mentiras.

Pensando bem, tudo tem um porém!

Posso ver beleza em pequenos detalhes

Tão perto, no amor indelével, no infinito.

Tenho um segredo, e digo sem medo!

No amor pela vida, na sutil dádiva divina,

Lá encontra-se a mais bela poesia........

***Vida


Verbo amar

Afasto, tenho medo, fato!

Às vezes decifro no íntimo,

Amor errante, pleno, amargo,

Tudo isso torna-se místico.

Se ao menos, quisesse amar

Paixão cresce, como apagar!?

Mas teus olhos negros, sereno,

Não consigo, tente aqui ficar.

Diz que nunca vai me deixar

Enlouqueço, por Deus, não vá,

Meu amor, veja, meu venerar,

Beija-me, diga que me deseja.

No teu corpo febril quero verseja,

Minh’alma lhe fez, o verbo amar!...


Desculpa-me

 

Desculpa! Mas não o amo...

Tenho cicatriz por dentro, doí

Desculpa! Mas não lhe quero,

Nem ao menos, querido, venero.

Não posso mentir, sempre amei.

Percebeu?! Em instantes perdeu!

Perdeu todo amor que lhe dei.

E uma mulher, forte, hoje, nasceu.

Tudo por orgulho, loucura talvez!

Minh’alma se alegra outra vez,

Recomeçou novos caminhos.

Esqueceu a dor, todo desamor.

Basta! Carregar essa sina, mentira,

Tenho metas, me esqueça, amor…!


Fabiane Braga Lima é cronista, contista e poetisa, em Rio Claro, SP.

Contato: bragafabiane95@gmail.com

 

 

Moço faceiro

 

Prometo te dar afagos,

 Com cálidos desejos

Recíproco amor, verdadeiro.

***

Prometo e amar

Agora e sempre

No nosso tempo atemporal

***

Chegue de mansinho, moço faceiro

Envolva-me nos seus ternos abraços

Não demore, venho agora, ligeiro

***

Dispo-te com os olhos meus

Dispo-te em pensamentos

Trago-te para o estro meus

***

Despido do mundo, não oscile, 

Não me engane, entregue-se inteiro.

***

Dos passos que dou

No meu caminhar

Entre as estrelas

Trago-te junto a mim


Fabiane Braga Lima, Rio Claro, São Paulo e Samuel da Costa, Itajaí, Santa Catarina

 

 

 

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