Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Arte mural (poesia vívida
suspensa no ar)
São dois textos absurdos
Em dois multi-versos contíguos
Hão de ser duas vidas
Em duas linearidades
Difusas
***
Em dois lugares
Em duas cidades
Abstratas
***
Em duas verves
Hão infinitos vorazes desejos
Rápidas, velozes
E atrozes
***
Em dois convulsos poemas
Pós-impressionistas
Que eu procuro
Em vão
Te procura
***
São dois opúsculos inexatos
A vagar
No multi-verso digital
***
São duas obras inacabadas
Em dois tempos atemporais
Que procuro te encontrar
E que vou te encontrar
Samuel
da Costa é poeta em Itajaí SC
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
Crisálida
Para Mari Gomes
Na hora máxima
Na hora mágica
Na nossa hora extrema
***
É tua figura angelical fulgáz
De tu menina/mulher
Que sibilina brota na minha
Imaginação em desalinho
Com o tempo presente
Vem-me a tu delicada imagem
Postada ad eternum na janela digital
No tempo abstrato
Que é atemporal
No múlti-verso binário
Pós-contemporâneo
***
Na nossa hora máxima
Na nossa hora mágica
Na nossa hora máxima
Somos então somente
Nós nevoenta infanta minha
Samuel
da Costa é poeta em Itajaí SC
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
Coroada com flores raras
(seductus voluptatibus carnis)
Para Caroline Severino
‘’Meu corpo fica sedento de
desejo e amor,
Não nego. Controlo-me, só
quero senti-lo!
Sentir cada toque de sua mão
sobre o meu corpo.
Do nada me faz sentir amada!
Não há cobranças....’’
Fabiane Braga Lima
Por onde tu desterrada...
Sonolentamente vagavas?
Antes de seres coroada!
Em um celestial conclave notívago
Com dadivosas ebúrneas
Flores raras
E cândidos louvores
A soberana suprema imperatriz
Dos vagos estribilhos
Do negro poeta atemporal
***
Tenho que sofrer
Todas as dores do mundo
Profundamente e sozinha
Antes da minha eminente
Queda para o alto
Antes de adentra nobilíssima
Na sidérea câmara ardente
***
E tu lápida seduzida
Pelos prazeres da carne
E tu fúlvida conduzida
Pela mítica lira do aedo de ébano
***
Apátrida por escolha minha
Da realidade liquefeita reinante
Em que vivo
Emparedada fico
Nas decadentes ruinas decrepitas
Do palácio das memórias perdidas
Samuel
da Costa é poeta em Itajaí SC
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
Destino/manifesto
Manifesto
Não ser igual a todos e todas
Levados sem resistências alguma
Pelas oceânicas marés
Das ocasionalidades momentâneas
Das fluidas ocasiões
Da contemporaneidades afins
Não ser internado
Não deixar ser interditado
Não querer ser interditado
Por quem quer que seja
Em qualquer hora
Em qualquer tempo
Em qualquer lugar
***
Destino!!!
Não ser igual a quem quer que seja
Lançados aos sabores dos ventos alísios
Não ser exilado
Não deixar ser exilado
Por qualquer um
Por quem quer que seja
Em momento algum
***
Destino/manifesto
Não ser igual as outras pessoas
Não se autoexilar
Não preferir se auto-exilar
Não deixar ser exilado
Não deixar ser interditado
Não querer ser interditado
Não se render aos tédios liquefeitos
Não ceder aos caprichos
Dos momentâneos detentores
Do poder
Samuel
da Costa é poeta em Itajaí SC
Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br
Dorsal oceânica (Repousa em
mim todas as águas)
‘’Todos os mares, todos os estreitos,
Todas as baías, todos os golfos,
Queria apertá-los ao peito,
Senti-los
bem e morrer!’’
Álvaro de Campos
Que repouse em mim
Todas as límpidas águas
Bravias e retificadas
Tranquilas e cristalinas
Dulcíssimas e salgadas
Hialinas e impuras
E aéreas
***
Que repouse ad aeternum
Na minha negra imaginação sublevada
O grande rio-açu
O rio retificado
O rio mirim
***
Um
decadente atracadouro
Há
muito abandonado
A própria sorte
Uma
pequena e frágil embarcação qualquer
Que
sei vai lenta e lânguida
A
navegar rumo ao indefinido
No
horizonte azul sem fim
Foi
navegar no Atlântico alvaresiano
Foi
encontrar a Dorsal oceânica
Nos
mares do sul
Para
nunca mais voltar
Para
nunca mais ser visto
***
Há um
atracadouro
Clandestino
em mim
Há um
abissal trágico naufrágio
Sentimental
em mim
De
alguém que partiu
Para
nunca mais voltar
Samuel
da Costa é poeta em Itajaí SC
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
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