quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

AS NEGRAS SOMBRAS, AS ÁLGIDAS LUZES E AS TRÁGICAS EMOÇÕES

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

Arte mural (poesia vívida suspensa no ar)

 

São dois textos absurdos

Em dois multi-versos contíguos

Hão de ser duas vidas

Em duas linearidades

Difusas 

***

Em dois lugares

Em duas cidades

Abstratas

***

Em duas verves

Hão infinitos vorazes desejos

Rápidas, velozes

E atrozes 

***

Em dois convulsos poemas

Pós-impressionistas

Que eu procuro

Em vão 

Te procura 

***

São dois opúsculos inexatos

A vagar

No multi-verso digital

***

São duas obras inacabadas

Em dois tempos atemporais 

Que procuro te encontrar

E que vou te encontrar

Samuel da Costa é poeta em Itajaí SC

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br  

 

 

Crisálida

Para Mari Gomes

 

Na hora máxima

Na hora mágica

Na nossa hora extrema

***

É tua figura angelical fulgáz

De tu menina/mulher

Que sibilina brota na minha

Imaginação em desalinho

Com o tempo presente

Vem-me a tu delicada imagem

Postada ad eternum na janela digital

No tempo abstrato

Que é atemporal

No múlti-verso binário

Pós-contemporâneo

***

Na nossa hora máxima

Na nossa hora mágica

Na nossa hora máxima

Somos então somente

Nós nevoenta infanta minha

Samuel da Costa é poeta em Itajaí SC

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br  

 

 

 

 

 

 

Coroada com flores raras (seductus voluptatibus carnis)

Para Caroline Severino

 

‘’Meu corpo fica sedento de desejo e amor,

Não nego. Controlo-me, só quero senti-lo!

Sentir cada toque de sua mão sobre o meu corpo.

Do nada me faz sentir amada! Não há cobranças....’’

Fabiane Braga Lima

 

Por onde tu desterrada...

Sonolentamente vagavas?

Antes de seres coroada!

Em um celestial conclave notívago 

Com dadivosas ebúrneas

Flores raras

E cândidos louvores

A soberana suprema imperatriz

Dos vagos estribilhos

Do negro poeta atemporal 

***

Tenho que sofrer

Todas as dores do mundo 

Profundamente e sozinha

Antes da minha eminente

Queda para o alto 

Antes de adentra nobilíssima

Na sidérea câmara ardente

***

E tu lápida seduzida 

Pelos prazeres da carne

E tu fúlvida conduzida

Pela mítica lira do aedo de ébano

***

Apátrida por escolha minha 

Da realidade liquefeita reinante

Em que vivo 

Emparedada fico

Nas decadentes ruinas decrepitas

Do palácio das memórias perdidas

Samuel da Costa é poeta em Itajaí SC

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br  

 

Destino/manifesto

 

Manifesto

Não ser igual a todos e todas

Levados sem resistências alguma

 Pelas oceânicas marés

Das ocasionalidades momentâneas

Das fluidas ocasiões

Da contemporaneidades afins

Não ser internado

Não deixar ser interditado

Não querer ser interditado

Por quem quer que seja

Em qualquer hora

Em qualquer tempo

Em qualquer lugar

***

Destino!!!

Não ser igual a quem quer que seja

Lançados aos sabores dos ventos alísios

Não ser exilado

Não deixar ser exilado

Por qualquer um

Por quem quer que seja

Em momento algum  

***

Destino/manifesto

Não ser igual as outras pessoas

Não se autoexilar

Não preferir se auto-exilar

Não deixar ser exilado

Não deixar ser interditado

Não querer ser interditado

Não se render aos tédios liquefeitos

Não ceder aos caprichos

Dos momentâneos detentores

Do poder 

Samuel da Costa é poeta em Itajaí SC

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br  

 

Dorsal oceânica (Repousa em mim todas as águas)

 

‘’Todos os mares, todos os estreitos,

Todas as baías, todos os golfos,

Queria apertá-los ao peito,

 Senti-los bem e morrer!’’

Álvaro de Campos

 

 

Que repouse em mim

Todas as límpidas águas

Bravias e retificadas

Tranquilas e cristalinas

Dulcíssimas e salgadas

Hialinas e impuras

E aéreas 

***

Que repouse ad aeternum

Na minha negra imaginação sublevada

O grande rio-açu

O rio retificado

O rio mirim

                                                                     ***        

Um decadente atracadouro

Há muito abandonado

 A própria sorte

Uma pequena e frágil embarcação qualquer

Que sei vai lenta e lânguida

A navegar rumo ao indefinido

No horizonte azul sem fim  

Foi navegar no Atlântico alvaresiano

Foi encontrar a Dorsal oceânica

Nos mares do sul 

Para nunca mais voltar

Para nunca mais ser visto

***

Há um atracadouro

Clandestino em mim

Há um abissal trágico naufrágio

Sentimental em mim

De alguém que partiu

Para nunca mais voltar

Samuel da Costa é poeta em Itajaí SC

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br  

 

 

 

 

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