Eliza, alegre e carinhosa, com sua beleza exuberante, chamava a atenção de todos a sua volta. Mulher simples, sempre muito integra repudiava qualquer tipo de maldade e preconceito. Com um sentimento bem comum de quem sai dos interiores afastado rumo aos grandes e médios centros urbanos, ela acreditava que um dia, poder melhorar de vida e ajudar a família!
Ela trabalhava no turno
da manhã na recepção, de um hotel requintado onde passava seus dias e noites,
quase sem folgas e toda sorridente, a receber ocasionais e acidentais turistas
de veraneio que muitas das vezes nem o idioma ela compreendia. Eliza cursava
turismo e hotelaria na parte da tarde, com uma bolsa de estudos integral, pois
boa parte do parco salário, que recebia, mandava para a família. Eliza sentia
muitas saudades das simplicidades afetivas da sua terra natal. Mas prometeu
para si mesmo e, para aos seus pais, voltar um dia para onde nasceu, para dar
uma vida mais digna para os seus, longe da miséria.
A recepcionista nutria
uma paixão idílica por Ezequiel sócio e gerente do Hotel. Ezequiel era um homem
de meia idade e de posses, vivia rodeado de atraentes e jovens mulheres que
simplesmente gravitavam ao seu redor. Ele imerso nas idas e vindas de hospedes
sempre exigentes, mal dava pela mera existência opaca de Eliza, quanto mais da
idílica paixão da moça por ele.
Certo dia ao fim da tarde,
Eliza chegando a pé da universidade, que não era muito distante do hotel, em que
trabalhava. Ela encharcada e com frio pela forte e repentina chuva de verão que
caia torrencialmente. Ela em um rompante, autopreservação, decidiu usar o hall
de entrada ao invés da entrada lateral de serviço. Ela decidiu ignorar todo o
treinamento que lhe passavam e repassaram várias e várias vezes, a entrada
principal era somente para hóspedes. A recepcionista pretendia subir para dependência,
dos empregados do hotel às pressas e passar incólume, para evitar embaraços e constrangimentos
com quem quer que seja. E lá estava ele, o gerente Ezequiel postado no hall de
entrada do hotel, recebendo uma leva de turistas estrangeiros falando uma
língua estranha, que Eliza não compreendia. E como sempre, o elegante gerente
estava rodeado de belas mulheres, enquanto os homens estavam debruçados no
balcão de recepção e as voltas com as muitas bagagens que estavam no meio do
hall e os carregares de bagagens.
Em um instante apenas e
os olhares de Eliza e Ezequiel se cruzaram, como se dois mundos avessos e
alheios que se chocaram de forma explosiva. Enquanto lá fora os relâmpagos
faiscaram o céu cinzento e atingiram o chão, os fortes estrondos que se
sucederam e ondas, assustaram a todos e a todas sem distinção. E as luzes se
apagaram por instantes, até o gerador auxiliar do hotel entrou rápido em
funcionamento e reestabelecendo as luzes. Ezequiel correu intempestivo até Eliza, preocupado, pois o que ela
não sabia, nem mesmo o próprio Ezequiel sabia de fato, ele sempre esperava a
jovem recepcionista retornar da universidade ao fim da tarde.
— Eliza o que aconteceu
contigo?! — Preocupado e com a respiração ofegante, o gerente estava a poucos
centímetros da jovem funcionária do hotel.
— Nada senhor, apenas
peguei chuva no caminho.
— Então suba e vá se
trocar! — A ordem que era geralmente seca agora tinha um certo tom leve e
suave. A cena passou desapercebida de muitos que estavam ocupados de mais com a
chuva, o relâmpago e com queda de energia.
Eliza ficou assustada por
uns instantes, mas retomou a realidade e partiu ruma a ala dos entregados. Mas
não demorou muito e Ezequiel bateu de leve na porta do modesto quarto de Eliza.
A recepcionista, ainda estava encharcada, em um misto de hesitação e
normalidade abriu a porta pois ela já sabia quem era no outro lado da
porta.
— Estava preocupado...
Eliza bateu com força a
porta, sem nada dizer, na cara do seu chefe e patrão. Não depois de muito tempo
do ocorrido, recomposta e devidamente uniformizada, ela arrependia do como tinha
agido com Ezequiel foi procurá-lo. Eliza saiu a procura do gerente, pelos
corredores do hotel a fora. Foi encontrá-lo olhando profundamente para o teto,
ele estava deitado no sofá no vestuário reservado aos empregados do hotel, ele
parecia muito cansado. Eliza confusa ficou parada a poucos metros dele, decidiu
voltar a realidade cotidiana e ocupar o seu posto de trabalho no turno da
noite. No outro dia ela pretendia pediria desculpas para Ezequiel!
No dia seguinte pela
manhã, no retomar a rotina diária, ambos não se encontraram, não se falaram e
não se olharam. A agenda das atividades do dia chegou pelas mãos do subgerente,
em invés das mãos do gerente do hotel, que pessoalmente acompanhava toda a funcionalidade
do hotel a cada passo a cada detalhe. E o dia se passou em sem atribulações
maiores.
Ao final do dia ao retorno de Eliza da
universidade, como sempre ela usou a entrada de serviços. E Ezequiel estava
esperando Eliza no limiar da porta do quarto da recepcionista
— Dê-me a tua mão e venha sem medo! — Ezequiel
olhava para os olhos delas. A paixão crescia cada vez mais entre os dois.
Ezequiel levou
delicadamente Eliza até a suíte particular reservada para os donos do hotel! Lá chegando a recepcionista sequer notou o
deslumbrante da decoração do quarto. Ezequiel vendou os olhos da jovem, beijou
sua boca, acorrentou em sua cama saciou seus prazeres. Madrugada a fora e lhe
serviu com a luxuria mais requintada! Ezequiel era um homem maduro, e lhe ensinou
os prazeres mais profano! Insaciados de amor!
E, assim as noites foram
ficando cada vez mais excitante, ele a torturava, e acalentava em seus corpos,
despidos livres, era dominada por aquele homem.
Mas Ezequiel já não vivia
sem ela. Eram dois corpos e um só destino.
Eu sempre cuidarei de
você! — Então pegando em sua mão. E tirou de seu bolso um presente, era um anel
de noivado....
— Elizabeth aceite?!
— Sou sua!...
Fabiane Braga Lima: texto
e argumento
Samuel da Costa: texto e
revisão
Renan Fillipi da Costa: revisão
Fabiane Braga Lima é
poetisa e contista em Rio claro S.P
Contato: bragalimafabiane@gmail.com
Samuel da Costa é poeta
contista em Itajaí SC
Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br
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