sábado, 1 de janeiro de 2022

ELIZA

Eliza, alegre e carinhosa, com sua beleza exuberante, chamava a atenção de todos a sua volta. Mulher simples, sempre muito integra repudiava qualquer tipo de maldade e preconceito. Com um sentimento bem comum de quem sai dos interiores afastado rumo aos grandes e médios centros urbanos, ela acreditava que um dia, poder melhorar de vida e ajudar a família!

Ela trabalhava no turno da manhã na recepção, de um hotel requintado onde passava seus dias e noites, quase sem folgas e toda sorridente, a receber ocasionais e acidentais turistas de veraneio que muitas das vezes nem o idioma ela compreendia. Eliza cursava turismo e hotelaria na parte da tarde, com uma bolsa de estudos integral, pois boa parte do parco salário, que recebia, mandava para a família. Eliza sentia muitas saudades das simplicidades afetivas da sua terra natal. Mas prometeu para si mesmo e, para aos seus pais, voltar um dia para onde nasceu, para dar uma vida mais digna para os seus, longe da miséria.

A recepcionista nutria uma paixão idílica por Ezequiel sócio e gerente do Hotel. Ezequiel era um homem de meia idade e de posses, vivia rodeado de atraentes e jovens mulheres que simplesmente gravitavam ao seu redor. Ele imerso nas idas e vindas de hospedes sempre exigentes, mal dava pela mera existência opaca de Eliza, quanto mais da idílica paixão da moça por ele.         

Certo dia ao fim da tarde, Eliza chegando a pé da universidade, que não era muito distante do hotel, em que trabalhava. Ela encharcada e com frio pela forte e repentina chuva de verão que caia torrencialmente. Ela em um rompante, autopreservação, decidiu usar o hall de entrada ao invés da entrada lateral de serviço. Ela decidiu ignorar todo o treinamento que lhe passavam e repassaram várias e várias vezes, a entrada principal era somente para hóspedes. A recepcionista pretendia subir para dependência, dos empregados do hotel às pressas e passar incólume, para evitar embaraços e constrangimentos com quem quer que seja. E lá estava ele, o gerente Ezequiel postado no hall de entrada do hotel, recebendo uma leva de turistas estrangeiros falando uma língua estranha, que Eliza não compreendia. E como sempre, o elegante gerente estava rodeado de belas mulheres, enquanto os homens estavam debruçados no balcão de recepção e as voltas com as muitas bagagens que estavam no meio do hall e os carregares de bagagens.

Em um instante apenas e os olhares de Eliza e Ezequiel se cruzaram, como se dois mundos avessos e alheios que se chocaram de forma explosiva. Enquanto lá fora os relâmpagos faiscaram o céu cinzento e atingiram o chão, os fortes estrondos que se sucederam e ondas, assustaram a todos e a todas sem distinção. E as luzes se apagaram por instantes, até o gerador auxiliar do hotel entrou rápido em funcionamento e reestabelecendo  as luzes. Ezequiel correu intempestivo até Eliza, preocupado, pois o que ela não sabia, nem mesmo o próprio Ezequiel sabia de fato, ele sempre esperava a jovem recepcionista retornar da universidade ao fim da tarde.

— Eliza o que aconteceu contigo?! — Preocupado e com a respiração ofegante, o gerente estava a poucos centímetros da jovem funcionária do hotel.

— Nada senhor, apenas peguei chuva no caminho.

— Então suba e vá se trocar! — A ordem que era geralmente seca agora tinha um certo tom leve e suave. A cena passou desapercebida de muitos que estavam ocupados de mais com a chuva, o relâmpago e com queda de energia.

Eliza ficou assustada por uns instantes, mas retomou a realidade e partiu ruma a ala dos entregados. Mas não demorou muito e Ezequiel bateu de leve na porta do modesto quarto de Eliza. A recepcionista, ainda estava encharcada, em um misto de hesitação e normalidade abriu a porta pois ela já sabia quem era no outro lado da porta.  

— Estava preocupado...

Eliza bateu com força a porta, sem nada dizer, na cara do seu chefe e patrão. Não depois de muito tempo do ocorrido, recomposta e devidamente uniformizada, ela arrependia do como tinha agido com Ezequiel foi procurá-lo. Eliza saiu a procura do gerente, pelos corredores do hotel a fora. Foi encontrá-lo olhando profundamente para o teto, ele estava deitado no sofá no vestuário reservado aos empregados do hotel, ele parecia muito cansado. Eliza confusa ficou parada a poucos metros dele, decidiu voltar a realidade cotidiana e ocupar o seu posto de trabalho no turno da noite. No outro dia ela pretendia pediria desculpas para Ezequiel!

No dia seguinte pela manhã, no retomar a rotina diária, ambos não se encontraram, não se falaram e não se olharam. A agenda das atividades do dia chegou pelas mãos do subgerente, em invés das mãos do gerente do hotel, que pessoalmente acompanhava toda a funcionalidade do hotel a cada passo a cada detalhe. E o dia se passou em sem atribulações maiores.

 Ao final do dia ao retorno de Eliza da universidade, como sempre ela usou a entrada de serviços. E Ezequiel estava esperando Eliza no limiar da porta do quarto da recepcionista

 — Dê-me a tua mão e venha sem medo! — Ezequiel olhava para os olhos delas. A paixão crescia cada vez mais entre os dois.

Ezequiel levou delicadamente Eliza até a suíte particular reservada para os donos do hotel!  Lá chegando a recepcionista sequer notou o deslumbrante da decoração do quarto. Ezequiel vendou os olhos da jovem, beijou sua boca, acorrentou em sua cama saciou seus prazeres. Madrugada a fora e lhe serviu com a luxuria mais requintada! Ezequiel era um homem maduro, e lhe ensinou os prazeres mais profano! Insaciados de amor!

E, assim as noites foram ficando cada vez mais excitante, ele a torturava, e acalentava em seus corpos, despidos livres, era dominada por aquele homem.

Mas Ezequiel já não vivia sem ela. Eram dois corpos e um só destino.

Eu sempre cuidarei de você! — Então pegando em sua mão. E tirou de seu bolso um presente, era um anel de noivado....

— Elizabeth aceite?!

— Sou sua!...


Fabiane Braga Lima: texto e argumento

Samuel da Costa: texto e revisão

Renan Fillipi da Costa: revisão

 

 

Fabiane Braga Lima é poetisa e contista em Rio claro S.P

Contato: bragalimafabiane@gmail.com

Samuel da Costa é poeta contista em Itajaí SC

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

 


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