sábado, 1 de janeiro de 2022

O NINHO DA SERPENTE


Para João Carlos Pereira 

 

            Parece que a teoria da relatividade foi feita especialmente para aquele lugar. Onde o tempo parece ter vontade própria. Anda de forma rápida quando quer andar. E, às vezes parece que paira no ar, de forma mágica.

Quando Ademar caíra naquele local o tempo andava de forma bem lenta. E ele não via a hora de ver seus entes queridos novamente. E uma simples visita no cárcere onde sua irmã e amigas vieram visitá-lo.

E, era para ser apenas mais uma simples visita, não fosse Marcelo de Sousa Andrade, ou melhor, Marcelinho Serra-Fita como era popularmente conhecido dentro e fora de prisão, ao vê-las partirem, ele foi categórico ao dar a ordem para Ademar: — Chama elas de volta! Chama agora! Marcelinho tinha o olhar vil de uma cobra.

A figura do guarda, fortemente armado, postado na guarita de observação, que vigiava os encarcerados, parecia uma figura folclórica, uma mera figura decorativa. Como também o carcereiro que assistia aquela cena, sem nada fazer ou dizer alguma coisa.           

Para Ademar, o tempo que pairava no ar, agora o sufocava, porque Marcelinho Serra-Fita, quem realmente mandava naquele lugar de angústias e muitas dores. Resolveu, após algumas visitas íntimas, oficializar o seu casamento com a irmã de Ademar. Uma união que Ademar não sabia se comemorava ou maldizia. 

Samuel da Costa é contista em Itajaí, Santa Catarina

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br 

 

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