sábado, 1 de janeiro de 2022

LIA

 Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

— Que garotinha birrenta. — Pensei comigo mesma! Os dias passavam lentos, e eu sempre cuidando de Samanta a filha do senhor Norton! Eu praticamente morava naquele serviço, ajudando a criar aquela rebelde garotinha, desde que a mãe dela havia falecido no parto. Bom! Acho que já tinha me apegado a menina, até dormíamos juntas, como se fossemos mãe e filha. Até participava das reuniões e festas na escola preparatória da pequena.

Tinha também pai do senhor Norton! Sempre sentado em sua poltrona favorita, sempre lendo e sempre calado. De olhar sereno e sedento, ao mesmo tempo, o velho senhor procurava disfarçar sempre quando me olhava com os profundos olhos azuis piscina.

Já o dono da casa eu observava a distância, mais que segura, e com certa curiosidade, ver aquele homem de meia idade que pouco dizia. Ele fechado em si mesmo, e sempre sentado em seu escritório. Ele sempre fazendo e refazendo balancetes, planejamentos, revisando relatórios, dando poucos telefonemas e assinado ordens de serviço. Ou mesmo em momentos mais agitado quando contratava diferentes buffets para pequenas festas e fechadas recepções que dava em casa. Eventos reservados para celetos clientes, poucos amigos e diretores da empresa. Norton trabalha em casa como se queria evitar perguntas embaraçosas e para se agarrar a dolorosas memórias, de quando saia para trabalhar e voltava tarde da noite quando a falecida esposa dormir no sofá a espera dele. Em suma a culpa de não estar em casa com os seus consumia aquele homem.

Certa noite, colocando a pequena Samanta na cama para dormir, escuto senhor Norton a poucos passos atrás de mim. Virei-me apreendida com o inusitado.  

— Poderia arrumar o nó da minha gravata? — Perguntou de forma seca e formal.

— É claro que sim senhor Norton, é um prazer. — Ele me devolveu um olhar calmo é atrevido ao mesmo tempo! O executivo estava seguro de si como sempre.   

— Sabe Lia, nunca te agradeci por estes anos de dedicação conosco.

Dei um nó de gravata Windsor, ele ergueu os braços e acariciou minha nunca com um leve toque com as costas da mão. Fixei o meu olhar nos olhos castanhos esverdeados dele, então eu não pude resistir ao toque, Norton me envolveu intensamente. Ainda segurando forte em minha nuca, puxou

meus cabelos com força, me colocando, contra parede.

— Quero muito te fazer mulher...deixa...! — As palavras se perderam no ar. Dominados pelo desejo subimos as escadas sem nada dizer. No quarto vendeu meus olhos, tirou as minhas roupas, me pegou no colo e jogou e me amarrou em na cama! Rendi-me completamente.

No permitíamos tudo, desde os mais profanos atos de desejos, um amor que reprimíamos há anos. Nossos corpos cada vez mais febris, e a insanidade de nossa mente. Ele sussurrava em meu ouvido, infindos prazeres. Fui a serva submissa, amante fiel, mulher e ele o meu homem, me tomava com força.  Havia muita paixão e o saboroso gosto do pecado. Luxúria!

E assim foram nossas noites de intensa paixão e muito amor! Ele me abraçava, não conseguia descrever o que sentia. Era uma viagem sem volta, ao paraíso, um eterno aconchego de amor. Noites abraçadas e corpos colados! Daquela noite em diante, só tinha olhos para ele. E quanto a garotinha Samanta, foi ficando menos rebele e atenciosa com o pai.

Novamente houve uma festa na casa de Norton... Então o dono casa cada me chamou.

— Lia, arrume o nó da minha gravata?!

—Sempre!

Acariciando meu corpo despido e excitado, me arrastou, ao seu quarto novamente... Nos amamos...

 

 

Fabiane Braga Lima é poetisa e contista em Rio Claro, SP

Contato: bragalimafabiane@gmail.com

Samuel da Costa é poeta contista em Itajaí, SC

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

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