Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Estava ela pensando na figura da mulher
vestida toda de branco e seu olhar sem vida, que complacentemente chamava as
pacientes para o que parecia ser mais uma consulta, a voz da atendente era
de um tom monocórdio e quase sem vida. Como se fosse um ato mecânico, que se
repetia dia após dia.
Ela também pensava no que deixara para
trás, quando passou pela porta envidraçada. Aquele local que parecia ser uma
clínica hospitalar, mas na verdade o lugar cheirava a morte, pairava no ar o
olor putrefato de cadáveres.
Pensara na decisão repentina que
ela tomou:
—
Por que não fiz o aborto, meu Deus?
Ana Paula Caetano pensava em tudo, na
família, na vergonha e nos que os outros iriam falar e os dedos em riste. Ela
pensou em todos e todas, menos no filho que teria para cuidar sozinha daqui
alguns meses.
Samuel da Costa é contador e funcionário
público em Itajaí, Santa Catarina.
Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br
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