Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Mulheres de negócio usam
batom!
Fabiane Braga Lima
Por
Deus, como me dói a cabeça! Mas não! Eu não vou sair daqui, também não vou
abrir os meus olhos inchados, eu não quero. Léa, me deixou sozinho de novo, bem
que me avisaram, todos os meus familiares, amigos, conhecidos e às vezes até
desconhecidos.
Cuidado
com a Léa, mas Léa grudou em mim igual a uma sarna, uma erupção cutânea, que se
espalhou pelo meu corpo por inteiro. Para mim, Léa era e é um paraíso perdido,
um jardim do Éden, um vergel suspenso no ar inalcançável. Mas as pessoas se
esquecem, ou preferem não saber que conheço Léa, desde quando eram crianças.
Sei quem ela é e como se comportava e se comporta.
Que
estranho, não é como se eu não pudesse me mexer, eu não quero me mexer. E tem
este formigamento no corpo inteiro, parece que eu estou mudando de pele. E
justamente nessas horas, que eu não quero que Léa olhe para mim, quando estou
angustiado. Quando tudo me parece errado e eu quero ser uma outra pessoa, não
algo melhor ou pior, eu querendo ser uma outra pessoa. Que horas são? Me lembrei,
estou deitado na cama, lutando contra o sono, as pernas, as minhas pernas estão
paralisadas.
Não!
Eu não quero que Léa saiba o que há dentro de mim, mas ela sabe de tudo, a
infeliz, ela me lê como se eu fosse um livro aberto em cima das pernas delas,
ela olhando para dentro de mim, enquanto ela finge que não lê. Enquanto eu bem
que gostaria de dar um tiro em mim mesmo, tendo ela como fiel testemunha
ocular, do meu derradeiro fim. Mas tem o fato de Léa gostar, mesmo, de me ver
trocar de pele, e Léa rindo de mim, rindo por dentro é claro.
Os
braços! Por que não se movem? Não sei! E não importa, o que importa mesmo, é
este sentimento de ser traído várias e várias vezes. Nesta minha curta vida,
Léa me sufocou muitas e muitas vezes e me anulando por completo, enquanto a
gente crescia juntos. E eu sei que eu sempre fui eu mesmo, mas Léa nunca foi
ela mesma, ela foi várias pessoas. Sim, a verdade é que Léa grudou em mim igual
a uma sarna, grudou na minha pele e nunca mais foi embora.
Deus!
Que cansaço, vou ficar aqui, deitado e ver o que acontece, mas já aconteceu,
estou me lembrando agora, arranquei Léa da minha pele e sangrei por dias a fio.
E sai de mim mesmo, sim eu troquei de pele e como doeu, desabei e me quebrei em
vários pedaços. Estou me lembrando agora, eu tinha sonhado, eu com os olhos
inchados, sonhei que Léa tinha morrido. E eu preso dentro de mim, tinha sonhado
que Léa tinha morrido.
Uma
coberta, estou com frio, estou congelando, agora que uma parte de mim, foi
amputada me parece que não sobrou muita coisa. Léa de fato, nunca tinha
pertencido a mim, ela nunca esteve aqui ao lado meu. E ela era e é a única
pessoa que sabe, por onde andei por um longo tempo da minha vida. Sim! Eu tenho
hombridade, para deixar tudo para trás e seguir em frente, eu tive coragem para
me separar, da minha alma gêmea siamesa.
Definitivamente,
eu vou me levantar, arrumar as minhas malas e partir, vou descartar Léa da
minha vida, todos os dias. Mesmo que eu, estrangulado, sou deixar a parte morta
da minha vida para trás, deixar a tortura para trás. Eu vou me exilar, em mim
mesmo, pois eu descartei Léa da minha vida para sempre. Eu definitivamente
mudei de pele e mudei por dentro.
Que
horas são? Eu não sei e não me importa, que o sol esteja a pino, vou ficar aqui
deitado, mais um pouco, enquanto sangrando e com os olhos inchados, mudo de
pele mais uma vez. Eu trocando de pele, como tivesse matado um bom amigo e
criando não um novo começo, mas um novo fim.
E
me lembrar que Léa tinha morrido em meus sonhos, enquanto estava preso dentro
de mim mesmo. Mas ela com outras pessoas, mas eu sabendo que ela não tem amores
e nem amigos em um ciclo de autopunição sem fim. É duro pensar em ver Léa, como
uma flor murcha, sem vida, é duro saber que somente Léa, esteve dentro de mim.
Me revirando, me retorcendo, me amando e me matando, em um espiral que volta
sempre para o mesmo lugar.
Por Deus! Está tudo tão escuro e frio agora! Estou trocando de pele, para tirar Léa de dentro de mim e em definitivo, pois eu não sou mais um ornamente quebrado, não estou mais com a cabeça encolhida, depois do bote da serpente. Não estou mais encharcado com o veneno da serpente, estou trocando de pele, para drenar Léa de dentro de mim.
Dórian
largou a revista Astro-domo em cima da mesa, na verdade a jogou, a poesia em
prosa que acabara de ler o magoou por inteiro, O professor de literatura
comparada, sei via em casa frase, em cada ponto e letra e sílabas em cada linha.
Deixar que a coisa se resolvesse sozinha não era uma opção em definitivo.
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