sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

PARALELO 30 (EM NEGRAS HORAS)

Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)


A infindável necessidade
De te descobrir... Nas sombras…
Pois somente lá... Na completa escuridão...
Tu se te revelas tão pura!
Tão sozinha! Tão minha...


Samuel da Costa


Submergi nas turvas águas
Do Rio Hudson
Em pleno álgido dezembro
Eu submergi para a hirta realidade
Como quem furtivamente
Foi se encontrar
Com um amante clandestino
No meio da tarde
No meio da semana
***
I submerged in the murky waters
From the Rudson River
In the height of December
I submerged into the stark reality
As if stealthily
Went to meet
With a clandestine lover
In the afternoon
In the middle of the week

***
Sim! Eu assisti ao longe
Na segurança mais que tranquila
Do alto da minha torre de marfim
Eu vi o povo apoplético
A passar em marcha
No meio da rua
Erguendo os seus cartazes
Em fúria a bradar palavras de ordem
***
Eu emergi das águas poluídas
Do Rio Hudson, em pleno dezembro
Como quem escapa em desespero
Do cárcere de uma gaiola dourada
***
Hey!
Morgan Lander
Take your crazy electric guitar
And play something
Only for me

***
Sim!
Eu tenho o péssimo hábito
De sofre na solitude
Da minha mítica
E etérea Turris ebúrnea
Eu de negro e sozinha
Na completa escuridão abissal
***
Eu não acredito no sofre coletivo
Eu não acredito
Na sofreguidão na coletividade

Nenhum comentário:

Postar um comentário