sexta-feira, 1 de agosto de 2025

EDITORIAL

Um Cerrado de Palavras

Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF)

Sempre acreditamos que a literatura é o coração pulsante de uma cultura e, no Brasil de hoje, o que vemos é um cenário vibrante, cheio de vida.

A literatura brasileira contemporânea é um convite fascinante para mergulhar em mundos diversos. Nossos autores e autoras, com sensibilidade aguçada e um olhar atento para o que nos cerca, estão nos presenteando com histórias que nos emocionam, nos provocam e nos fazem refletir sobre quem somos e onde estamos.

Saímos do lugar-comum para explorar as complexidades do ser humano. Das grandes cidades aos recantos mais afastados do interior; da força da mulher à delicadeza das relações humanas; dos desafios sociais aos mergulhos existenciais mais profundos – tudo isso encontra eco nas páginas da Revista Cerrado Cultural.

O que mais nos toca é a autenticidade dessas vozes. Não há medo de experimentar, de brincar com a linguagem, de romper com os padrões. É uma literatura que respira, que pulsa no ritmo de nosso tempo, mas que também se conecta com as raízes de nossa identidade. Ela nos convida a rir, a chorar, a nos indignar e a sonhar.

E o melhor de tudo: essa literatura está mais acessível do que nunca! Seja em livros físicos, e-books ou audiolivros, há sempre uma história esperando para ser descoberta. Para quem está começando a desbravar esse universo, a dica é simples: deixar-se levar pela curiosidade, e permitir-se nessa jornada.

A literatura contemporânea brasileira é um espelho de nossa alma, um convite ao diálogo e à construção de um futuro mais rico em significados.

  

NÃO DEIXE PARA DEPOIS


Por Amauri Holanda de Souza (Fortaleza, CE)

 

 

O amor, quando não vivido,

não se extingue;

apenas se recolhe —

na amargura de quem não é amado,

na dor silenciosa de quem o busca.

 

Adiar a entrega

é postergar a própria existência,

sustentar a ilusão

de que o tempo aguarda indecisões.

 

Há quem segmente a vida

em gavetas de prioridades,

mas o afeto

não aceita postergação,

nem se curva

à razão do adiamento.

 

Negar a presença

é abdicar da essência.

Fingir que não vê

é eleger o não-ser

como território da negação.

 

A cegueira do sentimento surge

quando o outro vira objeto,

quando o vínculo se esvazia,

quando a escuta se torna

mero ato de ouvir.

 

O verdadeiro amor não se entrelaça

com o absenteísmo:

é exercício diário,

presença consciente,

disponibilidade sem cálculo.

 

Amar é requinte de servir,

pois servir na entrega

é reconhecer no outro

a mais profunda extensão do ser.

 

O afeto guardado por tempo demais

aprende a silenciar —

e, no vazio,

se desfaz na amplitude da espera.

 

O tempo não devolve

o que foi negado;

acumula ausências,

arquiva gestos não feitos

e, cedo ou tarde, cobra

o preço do não vivido.

 

Quem posterga o sentimento

julga exercer autonomia,

mas permanece prisioneiro

da própria falácia.

 

E quando desperta,

não há mãos estendidas,

nem olhos que aguardam,

nem lábios sedentos,

nem corpos capazes de sustentar

o peso de uma paixão adiada.

 

Deixar para depois,

quando se trata de amor,

é aposta insensata.

O verdadeiro amor não habita o depois:

reside, inteiro, no agora —

ou jamais se torna real.

 

 

Sobre o autor: Amauri Holanda de Souza nasceu em Quixadá, Ceará, e atualmente reside em Fortaleza. É graduado em Direito e licenciado em Ciências da Religião. Atualmente, é  mestrando em Direito pelo Centro Universitário Christus – Unichristus, além de possuir Mestrado e Doutorado em Teologia. Realizou diversas especializações, entre elas pós-graduações em Direito Penal, Direito do Consumidor, Direitos Humanos e Antropologia Social e Cultural. É especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, além de detentor de formação complementar em Psicanálise Clínica e Tanatologia.Na área pública, desempenhou funções relevantes, tais como Conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ceará e Ouvidor da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará.

É membro de renomadas instituições acadêmicas e culturais, entre as quais se destacam: Academia de Letras e Artes de Fortaleza; Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil; Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes;Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos.

Recebeu diversas distinções honoríficas, incluindo: Embaixador da Paz; Comendador da Cultura Nacional; Doutor Honoris Causa em Ciências Jurídicas, Filosofia e Psicanálise; Prêmio “Caneta de Ouro” e o título de “Benfeitor das Ciências, Letras e Artes”, concedidos pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes (FEBACLA); Medalha e Certificação pelo trabalho humanitário, concedidas pela Associação Brasileira das Forças Internacionais da Paz no Brasil – ABFIP/CE, em solenidade realizada em 2024 na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.

 Atua como presidente da Academia Interamericana de Escritores - AINTE. Como escritor e articulista, participou de diversas antologias publicadas no Brasil e no exterior. É autor de vários livros. Foi vencedor em 1º lugar, a nível nacional, nas categorias poesia e conto. Também é autor da letra e da música vencedora, em primeiro lugar, no festival de músicas cristãs.

Acumula ampla experiência docente em cursos técnicos, faculdades e universidades. Atualmente, exerce o cargo de professor efetivo na Prefeitura Municipal de Fortaleza (CE).

O SILÊNCIO DAS PESSOAS IDOSAS

Por Paulo Cezar S Ventura (Nova Lima, MG)

 

Ela, 99 anos, recebe um dos seus filhos com alegria, e depois volta ao silêncio, em sua cadeira preferida à beira da janela.

— Quantos anos eu tenho?

— Noventa e nove anos, mãe. Ano que vem será uma centenária.

— Nossa! Pra que viver tanto? Eu sempre fui tão ativa e hoje não dou conta de fazer mais nada.

— Tem problema não, mãe. Você já fez muito. Hoje tem muita gente que possa fazer por você. E ainda vai viver um tempo, você não tem nada! Mais forte que um carvalho velho!

— Pois é, quantas pessoas de minha idade têm a saúde que eu tenho?

O que é verdade. Seus indicadores de saúde são ótimos. Os medicamentos que toma são apenas dois: um contra a osteoporose pela manhã, um ansiolítico à noite para combater sua ansiedade e dormir melhor. Anda com ajuda de um andador por causa das artroses e está quase completamente surda. Temos que falar alto e bem perto dela e ter a sua atenção para que nos ouça. Ainda se alimenta com suas próprias mãos e detesta tomar banho. Já nos acostumamos com a costumeira reclamação: hora do maldito banho. Alguns amigos dizem o mesmo de seus pais idosos — por que não gostam de tomar banho?

Até mais de oitenta anos atuava como atriz em um grupo de teatro amador do Sesc-BH. Ficava empolgada com o teatro e com sua própria atuação e de seus colegas, quase todos e todas as pessoas idosas. E apresentavam em teatros, escolas, hospitais e presídios. Quando a direção do Sesc encerrou as atividades do grupo, por redução de despesas, veio a depressão.

Foi quando assistimos aquela mulher falante, ativa, inteligente e dinâmica ir declinando pouco a pouco: a depressão, a morte do marido, o isolamento por causa da pandemia, a surdez, a solidão. Claro, nunca está sozinha, tem sempre alguém da família com ela, vinte e quatro horas por dia. Mas isso não aplaca a solidão, que está dentro e não no entorno. Onde estão os amigos e amigas, os parentes de mesma geração, as vizinhas que vinham lhe visitar e pedir conselhos?  (Sim, ela dava até conselhos matrimoniais: — a gente tem que fingir que não viu e que não escutou). Restaram alguns poucos, muito poucos, ninguém tão idoso quanto ela, mas que já se retiraram à suas solidões acompanhadas.

Em alguns momentos, à mesa do café da manhã, conta algumas histórias:

— Quando eu era moça e trabalhava em Belo Horizonte, no Bairro Santa Efigênia, eu era muito conhecida, porque eu ajudava todo mundo que me pedia. E quando teve a inauguração do Edifício Acaiaca eu estava lá para assistir. Foi quando o Juscelino Kubitschek, que era o prefeito, me reconheceu e me chamou para cortar a fita com ele. (Até onde é verdade, até onde é invenção?)

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— Que chique, hein mãe? Amiga do JK!

Ainda lê o jornal todas as manhãs, sem óculos depois da cirurgia de catarata, mas não lembra mais do que leu, minutos depois.

— As notícias são as mesmas de ontem. Não muda nada.

Nesta semana ela estava à janela e percebeu a chegada de alguém no portão. De sua posição não reconheceu quem chegava e me chamou:

— Tem um mendigo na porta, vai ver o que ele quer. Acho que ele quer café.

— Mãe, é J. Um de seus muitos filhos (tem cinco filhos e quatro filhas).

Ela ri, recebe o filho com alegria, e depois volta ao silêncio, em sua cadeira preferida à beira da janela.

Ao silêncio! Ensurdecedor! Só posso ficar em silêncio também. A seu lado, segurando sua mão. De vez em quando ela me olha, E sorri.


Sobre o autor: Paulo Cezar S Ventura, Graduado (UFMG) e Mestre (USP) em Física, e Doutor em Ciências da Comunicação e da Informação, pela Université de Bougogne, em Dijon, França. Exerceu a profissão de professor, no CEFET-MG, onde dirigiu o LACTEA – Laboratório Aberto de Ciência, Tecnologia, Educação e Arte. Hoje se dedica à literatura e se identifica como poeta, cronista, contista e editor da Rolimã Editora Ltda. Autor de diversos livros. Participa do Movimento Vidas Idosas Importam e é membro da Academia Novalimense de Letras. pcventura@gmail.com - @paulocezarsventura

 

DE ANELO A TORMENTO

Por Dias Campos (São Paulo, SP)

         Como é maravilhoso quando conseguimos aquilo que almejávamos.

O fato de satisfazermos os nossos desejos, porém, não significa, necessariamente, que venhamos a desfrutar das alegrias que imaginávamos. Neste sentido, não são poucas as vezes que essas conquistas acabam produzindo verdadeiros suplícios!

Assim aconteceria com Camila, aluna do ensino médio, apaixonada pela vida marinha, e que, depois de muito insistir aos pais, ganhou de presente o cobiçado aquário de aniversário.

Por recomendação da loja especializada, o mimo, de 200 litros, seria inaugurado com quatro peixes apenas, pois isso ajudaria a manter baixo os níveis de contaminantes. E com o passar do tempo, ganhando-se experiência, o número de exemplares poderia ser aumentado.  

        A escolha dos primeiros inquilinos, um de cada espécie e coloridíssimos, foi feita a dedo pela adolescente, que não dispensou um peixe-palhaço – o carismático Nemo, imortalizado pela Disney – e uma grande anêmona que lhe serviria de abrigo.

         Camila passava horas deleitando-se com seus pets. E tantas, que seus pais por vezes tinham que lembrá-la de almoçar, de estudar, e de passear com as amigas.

         Certo sábado, à tarde, quando a garota dividia-se entre o aquário e o clipe da sua banda preferida, notou que o peixe-palhaço – batizado Paulinho, em homenagem ao seu crush – começou a se portar de maneira estranha àquela que o identifica. Em outras palavras, ao invés de ficar indo e vindo por entre os tentáculos da anêmona, ele partia em direção a um dos peixes, mordia-os algumas vezes, e voltava para a segurança de sua protetora.

          Até aí, Camila riu-se da sua ousadia.

      Esse comportamento, que parecia alegrar muito a Paulinho, por óbvio não agradava a nenhum dos outros peixes. Por isso, um e outro dos agredidos – que lhe eram maiores – passaram a reagir com mais veemência, repelindo o abusado tão logo eram incomodados.

        Só que o peixe-palhaço não se intimidava; pelo contrário, passou a intensificar os seus ataques, o que aumentava a fúria de suas vítimas e as levava a reações cada vez mais enérgicas.

        A estudante estava fascinada. Não se lembrava de ter lido ou assistido a nada que fosse parecido. Era evidente, portanto, que Paulinho destoava, que suas ações extrapolavam às catalogadas pelos biólogos marinhos. Por isso, tratou de escrever em um caderninho os fatos de que se lembrava, e ficou ainda mais atenta aos que viessem a ocorrer.

         E não tardaria a anotar um novo evento...

       À noite, depois de jantarem, enquanto a estudante, escarrapachada no sofá, agarrava-se ao celular, e seus pais, sentados defronte à TV, entretinham-se com um clássico, o preferido saiu do seu reduto, nadou em direção a um dos peixes, e passou a atazaná-lo de todas as formas possíveis. E como foram muitas as investidas, o rebuliço chamou a atenção de Camila.

         De repente, o infernizado, certamente porque não mais aguentasse tamanhos incômodos, partiu em perseguição do peixe-palhaço. E nadavam a toda velocidade, ziguezagueando por entre os corais, as plantas e os adornos submersos; sempre aquele no encalço deste.

          A jovem levantou-se, aproximou-se do aquário, e passou a observar a cena.

O ódio do atormentado estava longe de acabar. Sendo assim, ou ele alcançaria o provocador, e o estraçalharia, ou abandonaria a caçada, extenuado.

Mas não foi isso o que aconteceu. Em dado momento, quando o importunado estava prestes a agarrar a cauda do agressor, Paulinho, de inopino, precipitou-se sobre a anêmona e desapareceu por entre os seus tentáculos, fazendo com que o perseguidor contra eles se chocasse, sendo, com isso, imediatamente paralisado pela ação das células urticantes.

Camila soltou um grito!

Mas não havia o que fazer.

E o envenenado serviu de almoço.

Os pais da adolescente esforçaram-se por consolá-la. E para que esse infortúnio fosse superado, garantiram que comprariam outro peixe no dia seguinte, se ela quisesse.

Camila não respondeu. E preferiu refugiar-se em seu quarto pelo tempo necessário à conclusão daquele triste banquete. – Só que depois de muito soluçar, acabou adormecendo.

No dia seguinte, nada denunciava o repasto que se verificou durante a noite, pois até as barbatanas do infeliz tinham sido digeridas.

De outra parte, os peixes conviviam em perfeita harmonia, mordiscando aqui e ali à procura de alimento.

Essa tranquilidade só foi quebrada quando a garota resolveu alimentá-los com um punhado de ração. E os esfomeados trataram de abocanhar o máximo que puderam.

Terminada a comilança, contudo, o peixe-palhaço voltou a aborrecer um novo escolhido.

Camila desesperou-se. E passou a gritar e a bater com a mão na parede do aquário, tudo para que Paulinho parasse.

Só que isso pouco adiantava. Daí que o azucrinado acabou reagindo da mesma forma que o seu antecessor, o que permitiu ao atiçador iguais malabarismos, e proporcionou à mortífera anêmona mais uma refeição.

Diante dessa repetição, o coração da estudante pulsava menos tristeza do que raiva. E ela teve vontade de pedir ao pai para que arrancasse a assassina, a jogasse na privada, e apertasse a descarga!

No entanto, Camila bem sabia quem era o verdadeiro culpado...

Mas será que a jovem teria coragem de desfazer-se daquele a quem carinhosamente apelidara de Paulinho? Não seria como se estivesse agourando as suas próprias pretensões amorosas?

E se Camila simplesmente doasse o outro peixe? Mas não praticaria a mesma injustiça que pensou impor à anêmona-do-mar?

Ela precisava tomar uma decisão, e rápido, pois, ao que tudo indicava, o próximo da lista não teria melhor sorte.

Só que a escolha não vinha, o que só fazia agravar os tormentos em seu coração.

O destino, contudo, acabaria apresentando uma solução, que Camila acataria sem nenhum remorso, assim que desligasse o celular – Sua melhor amiga avisava que acabara de ver Paulinho beijando uma piriguete na fila do cinema.

MEU PAI ESTÁ AQUI

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Meu pai está aqui

perto de mim.

Na terra ou no céu.

Presente está.

 

O amor nasceu

Pai e filho é eu.

O espírito santo

de amor.

 

Onde eu vou ele está.

Presente aqui.

Tão perto de mim.

Meu pai aqui está.

 

Então vou agradecer.

Pela vida de você.

Presente você está

aqui tão perto de mim.

 

Meu pai está aqui.

Está aqui.

Perto de mim.

 

FELIZ DIA DOS PAIS!

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Feliz dia dos pais.

O mês dos pais chegou.

Ser pai é cuidado e amor.

Grata ao meu eu sou.

 

Feliz dia dos pais.

Feliz meus papais.

Em especial meu pai.

Feliz dia dos pais.

 

Ser pai é cuidar e amar.

Até o pôr do sol raiar.

Feliz dia dos pais.

Meus papais.

 

Instagram: @liecifranborgesmartins

DUETO: NO CELESTIAL PÁRAMO TRANQUILO (DESATINO OU DESTINO?)

 Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

Fez-me refém da tua loucura,

Grito contido, desejo omitido.

Preciso possuir teu corpo.

***

Aqui o astro rei brilha soberano 

Aqui a serenidade me abraça

E a tua celeste figura delgada 

 Traz-me a paz serena

Em harmonias maviosas

De sintécticos violas, violoncelos e violinos 

***

Insanidade!

És a primícia que ofereço aos deuses,

 Mistério que toma meu corpo,

Invade meus desejos libidinosos,

Transbordando de vasta saudade.

***

Alva! Sinto os cristalinos versos teus

Os teus celestiais louvores

As tuas sacrossantas preces

Com abissal ardor e melancolia edílica 

***

Mas não te sinto, se esconde em versos profanos,

Heresia, me faz teu atroz pecado!

Imploro! Deixe-me sentir teu corpo sobre o meu.

 Diga-me se é loucura ou fantasia!?

Não me torture.

***

Alva! Sinto-te aqui flórea

Alva! Sinto-te diáfana

Alva! Diga somente para mim

Que não és uma doidivana quimera brumosa

A endoidecer a minha álgida razão pura 

*** 

Afasta-se do nada,

Deseja-me intensamente e me ignora...

Juro! Não consigo desvendar tuas inúmeras faces,

 Nem ao menos te esquecer posso.

Complexidade que alimenta,

Paixão que aos poucos machuca,

 Minha cura, sem juras...!

    ***

Cândida e serena

Quisera te trazer para o astral vergel

Dos místicos aedos decadentistas

Cândida e inefável

Quisera eu trespassar a realidade liquefeita

E te alcançar arcangélica

No celestial páramo tranquilo

 

Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e dois sorrisosTexto e argumento de Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo.

Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista, poeta e contista em Itajaí, Santa Catarina.