sexta-feira, 1 de agosto de 2025

MANTENHO O MEU EQUILÍBRIO ATÉ EU ME LIBERTAR

 Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)

Por hora meu

Sinto-me completamente abandonada

Deixada sozinha à mercê

Dos meus pensamentos, sonhos e desejos

Mais impróprios e inadequados

***

Olhei no espelho côncavo

Bem na minha frente

E tudo o que eu pode ver

É que a imagem refletida não é minha

***

Trabalhei nos teus pensamentos convexos

Disse-me o psiquiatra gestaltiano

Emprestado de mamãe

***

Sei que o psiquiatra gestaltiano nunca entenderá

Os meus muitos motivos

Quando disse que eu encontrei

No meu mundo de fantasias

O meu verdadeiro propósito de vida

***

Deixe florescer o meu corpo

E a partir daí ficou estranho

Todas às vezes que eu adensava

E adormecia

Deixava o mundo em vigília

E flanava na terra dos sonhos

***

No coração do meu reino nevoento

A cidade das nuvens

Onde as poeiras estelares

Consagram os sacrossantos rios e lagos

E os antigos deuses e deusas astrais

Sussurravam os seus sigilos

Nos bosques encantados

Onde nasceram os meus místicos estros

As minhas míticas prosas

***

Dispensei o psiquiatra gestaltiano

De mamãe

Agora equilibrada eu regresso

A minha noturna paz desarmônica

Ser uma pessoa razoavelmente feliz

E ter calma ao caminhar pelo campo santo

Rumo a eternidade

 

Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, texto de Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

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