Por Samuel da Costa
(Itajaí, SC)
São saltos nada sutis
Que dei ao longo do
tempo
Em meio a corredores
escuros
Vazios e estreitos
***
Slide I: Escrevo não
por princípios
Slide II: Sempre
esqueço do que compus
Slide III: Lanço os
textos aos ventos solares
Slide IV: Não aguardo
que os outros possam compreendam
***
Ás vezes me sinto
Que estou na frente
De uma veemente banca
examinadora
Preste a me reprovar
***
Mas não é!
Nem é um pelotão de
fuzilamentos
Em uma realidade
mágica
Sou somente eu mesmo
revisando
Os meus estribilhos
Vagos, nevoentas e
quiméricos
***
Nota I: Por favor não
abra a porta
Nota II: Deixe-me
dormir até mais tarde
Nota III: Não fique
parada, com ouvido atrás da porta
Nota IV: Deixei os
meus manuscritos como testemunho
***
Decidi em abrupto
Vou ficar
enclausurado
Dentro de mim, daqui
para frente
Em uma
auto-consumeração inútil
Que não interessa
mais ninguém
***
O que eu não queria
mesmo
É estar dentro da
minha cabeça
Circum-navegado a
esmo
Sem início
Sem meio e sim fim
***
Sub-texto I: E não
que esqueci
Das pesadas botas
enlameada
A esmagar os meus
sonhos vãos
Sub-texto II:
Querubins e querubinas
Corriqueiramente vão
as academias
Para sagrarem a
Adônis, Afrodite e Eros
Sub-texto III: Chaves
que tilintam no ar
Não me apavoram mais
Na verdade, nunca me
apavoraram
Somente me distraiam
Fragmento do livro: Astro-domo,
texto de Samuel da Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa
Catarina.
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