sexta-feira, 1 de agosto de 2025

DOS MEUS SENTIMENTOS MAIS PROFUNDOS...

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

São saltos nada sutis

Que dei ao longo do tempo

Em meio a corredores escuros

Vazios e estreitos

***

Slide I: Escrevo não por princípios

Slide II: Sempre esqueço do que compus

Slide III: Lanço os textos aos ventos solares

Slide IV: Não aguardo que os outros possam compreendam

***

Ás vezes me sinto

Que estou na frente

De uma veemente banca examinadora

Preste a me reprovar

***

Mas não é!

Nem é um pelotão de fuzilamentos

Em uma realidade mágica

Sou somente eu mesmo revisando

Os meus estribilhos

Vagos, nevoentas e quiméricos

***

Nota I: Por favor não abra a porta

Nota II: Deixe-me dormir até mais tarde

Nota III: Não fique parada, com ouvido atrás da porta

Nota IV: Deixei os meus manuscritos como testemunho

***

Decidi em abrupto

Vou ficar enclausurado

Dentro de mim, daqui para frente

Em uma auto-consumeração inútil

Que não interessa mais ninguém

***

O que eu não queria mesmo

É estar dentro da minha cabeça

Circum-navegado a esmo

Sem início

Sem meio e sim fim

***

Sub-texto I: E não que esqueci

Das pesadas botas enlameada

A esmagar os meus sonhos vãos

Sub-texto II: Querubins e querubinas

Corriqueiramente vão as academias

Para sagrarem a Adônis, Afrodite e Eros

Sub-texto III: Chaves que tilintam no ar

Não me apavoram mais

Na verdade, nunca me apavoraram

Somente me distraiam

 

Fragmento do livro: Astro-domo, texto de Samuel da Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

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