Por Amauri Holanda de Souza (Fortaleza, CE)
O amor, quando não vivido,
não se extingue;
apenas se recolhe —
na amargura de quem não é amado,
na dor silenciosa de quem o busca.
Adiar a entrega
é postergar a própria existência,
sustentar a ilusão
de que o tempo aguarda indecisões.
Há quem segmente a vida
em gavetas de prioridades,
mas o afeto
não aceita postergação,
nem se curva
à razão do adiamento.
Negar a presença
é abdicar da essência.
Fingir que não vê
é eleger o não-ser
como território da negação.
A cegueira do sentimento surge
quando o outro vira objeto,
quando o vínculo se esvazia,
quando a escuta se torna
mero ato de ouvir.
O verdadeiro amor não se entrelaça
com o absenteísmo:
é exercício diário,
presença consciente,
disponibilidade sem cálculo.
Amar é requinte de servir,
pois servir na entrega
é reconhecer no outro
a mais profunda extensão do ser.
O afeto guardado por tempo demais
aprende a silenciar —
e, no vazio,
se desfaz na amplitude da espera.
O tempo não devolve
o que foi negado;
acumula ausências,
arquiva gestos não feitos
e, cedo ou tarde, cobra
o preço do não vivido.
Quem posterga o sentimento
julga exercer autonomia,
mas permanece prisioneiro
da própria falácia.
E quando desperta,
não há mãos estendidas,
nem olhos que aguardam,
nem lábios sedentos,
nem corpos capazes de sustentar
o peso de uma paixão adiada.
Deixar para depois,
quando se trata de amor,
é aposta insensata.
O verdadeiro amor não habita o depois:
reside, inteiro, no agora —
ou jamais se torna real.
Sobre o autor: Amauri Holanda de Souza nasceu em Quixadá, Ceará, e atualmente reside em Fortaleza. É graduado em Direito e licenciado em Ciências da Religião. Atualmente, é mestrando em Direito pelo Centro Universitário Christus – Unichristus, além de possuir Mestrado e Doutorado em Teologia. Realizou diversas especializações, entre elas pós-graduações em Direito Penal, Direito do Consumidor, Direitos Humanos e Antropologia Social e Cultural. É especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, além de detentor de formação complementar em Psicanálise Clínica e Tanatologia.Na área pública, desempenhou funções relevantes, tais como Conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ceará e Ouvidor da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará.
É membro de renomadas instituições acadêmicas e culturais, entre as quais se destacam: Academia de Letras e Artes de Fortaleza; Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil; Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes;Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos.
Recebeu diversas distinções honoríficas, incluindo: Embaixador da Paz; Comendador da Cultura Nacional; Doutor Honoris Causa em Ciências Jurídicas, Filosofia e Psicanálise; Prêmio “Caneta de Ouro” e o título de “Benfeitor das Ciências, Letras e Artes”, concedidos pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes (FEBACLA); Medalha e Certificação pelo trabalho humanitário, concedidas pela Associação Brasileira das Forças Internacionais da Paz no Brasil – ABFIP/CE, em solenidade realizada em 2024 na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
Atua como presidente da Academia Interamericana de Escritores - AINTE. Como escritor e articulista, participou de diversas antologias publicadas no Brasil e no exterior. É autor de vários livros. Foi vencedor em 1º lugar, a nível nacional, nas categorias poesia e conto. Também é autor da letra e da música vencedora, em primeiro lugar, no festival de músicas cristãs.
Acumula ampla experiência docente em cursos técnicos, faculdades e universidades. Atualmente, exerce o cargo de professor efetivo na Prefeitura Municipal de Fortaleza (CE).
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