sexta-feira, 1 de agosto de 2025

PRESENÇA MAGNÉTICA: METAMORFOSES EM CONDUÍTES METÁLICOS

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

E os cibernéticos deuses e deusas

Quedaram do céu noturno

Eles foram os nossos xamãs

 De um longínquo passado remoto  

***

Em sidéreas belas-letras

Somos nós dois ornados e irmanados  

Em sintéctica armaduras de contas

Enquanto outros permaneceram

Como paradoxos distantes

No tempo e no espaço

***

E o fulguroso olhar de lince

 Uma quimérica ponte

Entre o primitivo

E as infinitides cósmicas

***

E nos dois renascidos em circuitos resistores

Guardados e resguardados

 Por estáticas sentinelas pretorianas

Em um futuro ainda não escrito

***

Os nossos dulcíssimos rostos

Postados em telas de cristal líquido

Circuitos afros que pulsam

Em ritmos de tribos

A muito esquecidas

***

Coroam as negras cabeças

Artificiais penas vermelhas e pretas

Espinhos mecânicos

A tecer testemunhos celestes

De um ignoto mundo onde a natureza

E as álgidas máquinas se tornaram uma só

***

Visões de positrônicos olhos brilhantes

Banhados diáfanas sombras

E babujados em luzes negras

Em uma existência vazia

 Entre as esfuziantes presenças

E as trágicas ausências

***

São sussurros de uma afra ascendência

Um sopro de divindade

No vazio atual que nos consome

***

Na jornada pelos oceanos de estrelas mortas

Lembro-me de sentir curioso e calmo

 Como se esse sonho supra-real  

Uma conversa entre mim

E a floresta encantada


Fragmento do livro: Astro-domo, texto de Samuel da Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina. 

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