Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
E
os cibernéticos deuses e deusas
Quedaram
do céu noturno
Eles
foram os nossos xamãs
De
um longínquo passado remoto
***
Em
sidéreas belas-letras
Somos
nós dois ornados e irmanados
Em
sintéctica armaduras de contas
Enquanto
outros permaneceram
Como
paradoxos distantes
No
tempo e no espaço
***
E
o fulguroso olhar de lince
Uma
quimérica ponte
Entre
o primitivo
E
as infinitides cósmicas
***
E
nos dois renascidos em circuitos resistores
Guardados
e resguardados
Por
estáticas sentinelas pretorianas
Em
um futuro ainda não escrito
***
Os
nossos dulcíssimos rostos
Postados
em telas de cristal líquido
Circuitos
afros que pulsam
Em
ritmos de tribos
A
muito esquecidas
***
Coroam
as negras cabeças
Artificiais
penas vermelhas e pretas
Espinhos
mecânicos
A
tecer testemunhos celestes
De
um ignoto mundo onde a natureza
E
as álgidas máquinas se tornaram uma só
***
Visões
de positrônicos olhos brilhantes
Banhados
diáfanas sombras
E
babujados em luzes negras
Em
uma existência vazia
Entre
as esfuziantes presenças
E
as trágicas ausências
***
São
sussurros de uma afra ascendência
Um
sopro de divindade
No
vazio atual que nos consome
***
Na
jornada pelos oceanos de estrelas mortas
Lembro-me
de sentir curioso e calmo
Como
se esse sonho supra-real
Uma
conversa entre mim
E
a floresta encantada
Fragmento do livro: Astro-domo, texto de Samuel da Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário