Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Conheceram-se, entre trocas de olhares furtivos,
curiosos e discretos sorrisos maliciosos, numa festa de casamento, de
improváveis amigos e amigas em comum. E desde aquele final de tarde ameno, não
se largaram mais. A misteriosa Angelina, sentiu uma imediata atração voraz por
Jhon, um entediado homem de família, maduro, de muitas posses, casado e com
filhos. Ambos gravitavam em universos sociais diferentes e ambos alheios um do
outro. Ainda na festa de casamento, discretamente travaram um diálogo rápido,
franco e sincero. E também, combinaram de trocar impressões íntimas em um lugar
mais reservado.
Após o primeiro encontro íntimo e secreto, passaram a se encontrar quase todos
os dias, sem levantar suspeitas, pois moravam na mesma cidade e no mesmo
bairro. Literalmente, bastava um aviso breve dele, logo ela saia ao seu
encontro, em poucos minutos, sempre no mesmo lugar, sempre à mesma hora, no
convulso centro comercial da cidade onde viviam.
Sedentos por aventuras, passaram a se encontrar em um lugar ermo, desolado e
dentro do confortável e luxuoso carro de Jhon. E no dia claro, em plena luz do
dia, na iminência de serem flagrados, Angelina se entregava totalmente para
ele! O gosto da aventura e, os sabores do perigo encheram de vida, os corações
e mentes do casal ocasional. Apesar de ser casado, Jhon nutria uma paixão
intempestiva por Angelina, os limites da perigosa aventura pura e simples
tinham sido ultrapassados.
E toda aquela atração sexual, foi crescendo, ambos
não conseguiam ficar mais longe um do outro. Então, em um rompante ele resolveu
alugar uma casa, no limiar entre o centro urbano apoplético e a calmaria
bucólica da zona rural. Lugar onde pudessem viver juntos, como amantes clandestinos
sem chamar a atenção de quem quer que fosse. Aquela que seria uma breve
aventura perigosa acabou se tornando uma ardente paixão desmedida, estava
virando doença!
Jhon tratava Angelina, como se ela fosse a sua
propriedade particular. E quando saia para o trabalho, ou passar mais tempo com
os filhos, no ninho de amor do casal, ele algemava a amante na cama. A
algemava, para que ela não pudesse fugir, pois seus ciúmes eram exagerados.
Angelina parecia gostar de tudo aquilo, era refém de sua própria demência,
virou serva submissa de Jhon, ambos pareciam doentes!
Toda aquela tórrida paixão virou dependência, como
se fosse uma droga, como se fosse uma obsessão, não existia mais vida, afetaram
as próprias famílias. John, já não se importava mais com a esposa e os filhos.
Quanto a Angelina, gostava de ser algemada, de ser machucada física e
emocionalmente. Vivendo sob as loucuras dos amantes sem limites. Como
entender!?
— Vai sair meu amor!? — Perguntava Angelina um
certo dia qualquer.
— Sim, mas logo volto. — A resposta vaga e monótona
fez tremer Angelina do seu cerne mais profundo, no âmago mais abissal da jovem.
— Jhon volte! Você se esqueceu de me algemar! —
Disse Angelina, em agonia.
Ela gostava da sensação de ser possuída! A atração
entre os dois foi ficando perigosa, toda aquela insanidade foi tomando conta da
mente deles. Enfim, não viviam mais. Famílias!? Deixaram-nos e ficaram os dois
sozinhos vivendo no limbo existencial. Mas, também havia como companhia fiel,
pairando no ar, uma leve sensação de vergonha! Sentiam-se envergonhados com
aquele relacionamento. E assim ficaram vivendo por um bom tempo como se somente
eles existiam.
Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e
dois sorrisos. Texto
e argumento de Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro,
São Paulo.
Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista,
poeta e contista em Itajaí, Santa
Catarina.
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