Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)
A
neblina densa evanesce aos poucos, Lesoto então vislumbrou uma enorme procissão
de embarcações a frente, olhou para os lados e para trás e viu a mesma cena
dantesca. Eram embarcações, a perder de vista, eram Dhows com as suas
portentosas velas brancas, Drakkar e Karve com as suas velas quadras, veleiros
com as suas diferentes bandeiras e tamanhos variados. Eram canoas não
tripuladas, de diferentes etnias e diversas origens, ordinárias e sofisticadas
bateiras de pesqueiras e botes salva-vidas.
Lesoto, um tanto atordoado, olhou para cima e viu uma outra procissão
incomensurável, de zepelins de várias dimensões e nacionalidades, cruzavam o
céu, com poucas nuvens. Estavam ferozmente, sendo tragados por buracos de
minhoca, eram Pontes Einstein-Rosen e variadas dimensões. Lesou que vestia, uma
bata multicolorida e longos cabelos dreadlock alourados. Antrorrobôs se
desagruparam e se reagruparam, os traços caucasianos de Lesoto, cederam e deram
lugar a traços negroides. Os lábios finos, engrossaram, os olhos verdes claros
enegreceram, os longos cabelos dreadlock alourados, sumiram e um cabelo curto e
negro à moda militar surgiu. E as longas e bem cuidadas unhas negras,
encurtaram e no lugar unhas brancas e aparadas um lugar. O corpo magro e
esguio, deu lugar a um corpo atlético e musculoso e pôr fim a pele amendoada,
escureceu. Simultaneamente, os nanorobôs, se desagruparam e se reagruparam e
reconstituem o tecido digital, que cobria o corpo de Lesoto. A bata
multicolorida, que cobria dos pés até o pescoço, do sonhador, desapareceu. No
lugar, sobrepôs paulatinamente, um sobretudo impermeável bege e nos pés um
coturno e uma máscara de gás cobriu a face de Lesoto.
Lesoto, ativou a visor térmico da máscara de gás, e o sonhador viu o que não
deveria ver e não ansiava ver. Às belos-naves aéreas, estavam sendo conduzidas
por Robôs Mores, feitos de matéria escura, era a guarda pessoal do cyborgue
Yendel. E não, passou despercebido que as máquinas de guerra, que não deveriam
existir, estavam cobertas por mantas amarelas puídas, um toque tétrico da afra
rainha Luna Dark, deduziu Lesoto. O sonhador, resolveu escanear as embarcações
e via as mesmas coisas, os mitológicos seres sintécticos, feitos de matéria
escura, conduziam as embarcações. Eram cobertos por mantas esfarrapadas, seres
humanoides, gigantescos, esguios, mortíferos, dedos finos como punhais,
digitavam freneticamente em painéis virtuais amarelos, projetados à frente
deles. O Lesoto, o sonhador, considerou a possibilidade, que os zepelins eram
tributos a Calibor eram troféus de guerra. As embarcações, que cruzam o oceano
nevoento e o sonhador não sabia o que pensar. E não demorou muito para Lesoto,
o sonhador, escutar os cantos das Kiandas e os urros dos Umibozu, Kraken,
Leviatã, Cila e o Caríbdis. Monstruosos tentáculos e bocarras gigantescas,
tragavam as frágeis embarcações, um a um, os frágeis escaleres desapareciam em
meio às brumas. Então odores putrefatos de peixes podres, trespassaram os
filtros quânticos da máscara de gás de Lesoto.
Lesoto, se deu conta que estava em um pequeno escaler, ajustou o visor e
escaneou e não encontrou o que procurava. Impulsionou uma pequena onde
magnético e vislumbrou o robô More, que conduzia a embarcação. O humanoide
conduzia a pequena embarcação e ignorava a presença de Lesoto na pequena
embarcação. Estava digitando em seu painel digital velozmente. E uma voz
inumana ressoou na mente do sonhador: — Humano tolo, não deverias estar aqui!
Uma
onda magnética emanada do cyborgue, atingindo frontalmente Lesoto, o erguendo e
lançando-o para trás, as lentes da máscara de gás auto-ajustaram. Lesoto viu as
pequenas janelas azuis e amarelas, eram equações complexas, trechos de livros
de origens variadas, grimórios, canções antigas, sigilos malignos, páginas de
livros antiquíssimos, instruções para rituais macabros de invocações. Aterrado
Lesoto foi páginas dos livros Necronomicon, De Vermis Mysteriis, O Rei de
Amarelo, O Livro de Eibon, Livro de Iode e os Fragmentos de Celaeno. Então,
Lesoto logo deduziu que os cyborgue estavam invocando antigos deuses e dando
oferecendo as embarcações e tudo o que elas carregavam ao longo das suas
existências, como tributos aos deuses antigos. Lesoto ganhou altitude, ao longe
viu o alto das coloridas torres abobadadas da Cidades das nuvens e o sonhador
caiu na bruma.
Fragmento
do livro Opera mundi, texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista, cronista,
novelista e bibliotecária em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Argumento
de Samuel da Costa, poetisa, contista, cronista e novelista em Itajaí, Santa
Catarina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário