sexta-feira, 1 de agosto de 2025

OPERA MUNDI: LESOTO E A CIDADE DAS NUVENS

Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

            A neblina densa evanesce aos poucos, Lesoto então vislumbrou uma enorme procissão de embarcações a frente, olhou para os lados e para trás e viu a mesma cena dantesca. Eram embarcações, a perder de vista, eram Dhows com as suas portentosas velas brancas, Drakkar e Karve com as suas velas quadras, veleiros com as suas diferentes bandeiras e tamanhos variados. Eram canoas não tripuladas, de diferentes etnias e diversas origens, ordinárias e sofisticadas bateiras de pesqueiras e botes salva-vidas.

            Lesoto, um tanto atordoado, olhou para cima e viu uma outra procissão incomensurável, de zepelins de várias dimensões e nacionalidades, cruzavam o céu, com poucas nuvens. Estavam ferozmente, sendo tragados por buracos de minhoca, eram Pontes Einstein-Rosen e variadas dimensões. Lesou que vestia, uma bata multicolorida e longos cabelos dreadlock alourados. Antrorrobôs se desagruparam e se reagruparam, os traços caucasianos de Lesoto, cederam e deram lugar a traços negroides. Os lábios finos, engrossaram, os olhos verdes claros enegreceram, os longos cabelos dreadlock alourados, sumiram e um cabelo curto e negro à moda militar surgiu. E as longas e bem cuidadas unhas negras, encurtaram e no lugar unhas brancas e aparadas um lugar. O corpo magro e esguio, deu lugar a um corpo atlético e musculoso e pôr fim a pele amendoada, escureceu. Simultaneamente, os nanorobôs, se desagruparam e se reagruparam e reconstituem o tecido digital, que cobria o corpo de Lesoto. A bata multicolorida, que cobria dos pés até o pescoço, do sonhador, desapareceu. No lugar, sobrepôs paulatinamente, um sobretudo impermeável bege e nos pés um coturno e uma máscara de gás cobriu a face de Lesoto.

            Lesoto, ativou a visor térmico da máscara de gás, e o sonhador viu o que não deveria ver e não ansiava ver. Às belos-naves aéreas, estavam sendo conduzidas por Robôs Mores, feitos de matéria escura, era a guarda pessoal do cyborgue Yendel. E não, passou despercebido que as máquinas de guerra, que não deveriam existir, estavam cobertas por mantas amarelas puídas, um toque tétrico da afra rainha Luna Dark, deduziu Lesoto. O sonhador, resolveu escanear as embarcações e via as mesmas coisas, os mitológicos seres sintécticos, feitos de matéria escura, conduziam as embarcações. Eram cobertos por mantas esfarrapadas, seres humanoides, gigantescos, esguios, mortíferos, dedos finos como punhais, digitavam freneticamente em painéis virtuais amarelos, projetados à frente deles. O Lesoto, o sonhador, considerou a possibilidade, que os zepelins eram tributos a Calibor eram troféus de guerra. As embarcações, que cruzam o oceano nevoento e o sonhador não sabia o que pensar. E não demorou muito para Lesoto, o sonhador, escutar os cantos das Kiandas e os urros dos Umibozu, Kraken, Leviatã, Cila e o Caríbdis. Monstruosos tentáculos e bocarras gigantescas, tragavam as frágeis embarcações, um a um, os frágeis escaleres desapareciam em meio às brumas. Então odores putrefatos de peixes podres, trespassaram os filtros quânticos da máscara de gás de Lesoto.    

            Lesoto, se deu conta que estava em um pequeno escaler, ajustou o visor e escaneou e não encontrou o que procurava. Impulsionou uma pequena onde magnético e vislumbrou o robô More, que conduzia a embarcação. O humanoide conduzia a pequena embarcação e ignorava a presença de Lesoto na pequena embarcação. Estava digitando em seu painel digital velozmente. E uma voz inumana ressoou na mente do sonhador: — Humano tolo, não deverias estar aqui!

            Uma onda magnética emanada do cyborgue, atingindo frontalmente Lesoto, o erguendo e lançando-o para trás, as lentes da máscara de gás auto-ajustaram. Lesoto viu as pequenas janelas azuis e amarelas, eram equações complexas, trechos de livros de origens variadas, grimórios, canções antigas, sigilos malignos, páginas de livros antiquíssimos, instruções para rituais macabros de invocações. Aterrado Lesoto foi páginas dos livros Necronomicon, De Vermis Mysteriis, O Rei de Amarelo, O Livro de Eibon, Livro de Iode e os Fragmentos de Celaeno. Então, Lesoto logo deduziu que os cyborgue estavam invocando antigos deuses e dando oferecendo as embarcações e tudo o que elas carregavam ao longo das suas existências, como tributos aos deuses antigos. Lesoto ganhou altitude, ao longe viu o alto das coloridas torres abobadadas da Cidades das nuvens e o sonhador caiu na bruma.

 

Fragmento do livro Opera mundi, texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista, cronista, novelista e bibliotecária em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Argumento de Samuel da Costa, poetisa, contista, cronista e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário