Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)
‘’A morte não é a maior perda da vida.
A maior perda é o que morre em nós, enquanto
vivemos…!
Floresça, seja luz, mesmo diante do caos. ’’
Fabiane Braga Lima
O
sonhador, abriu os olhos, o domo azul acima dele, deu pistas de onde estava. Um
céu azul-celeste, um céu sem nuvens, uma gama variada de olores florais,
inundaram o olfato de Lesoto e zunidos de insetos em voo, sentenciaram onde o
sonhador estava. A cidadela das brumas, pelo menos o linear da cidade da afra
rainha.
Lesoto que estava deitado, em um solo macio, o sonhador sentiu o cheiro de
clorofila e as gramas espetando-lhe o corpo. Embora os muitos temores e os
variados cansaços, ordenaram que ele ficasse onde estava e o sonhador buscou
energias de onde ele mesmo não sabia que existiam. Ao erguer o dorso, ele
percebeu que estava em uma pequena colina verdejante e que o silêncio ali
imperava como um se fosse um aviso. A bruma espessa que o rodeava a colina,
evanesceu e a frente a névoa começou a evanescer e o portal da cidadela das
nuvens surgiu como um convite aterrador.
Lesoto, que percebeu que os dois monumentais guardas pretorianos, não estavam
postados nas laterais do portal. A grandiosa arcada, era abastosa em sua base e
conforme as duas hastes ganhavam o céu, ficavam delgadas e no topo, o sonhador
percebeu o signo amarelo de Hastur. Um tributo da milady Luna Dark, ao rei de
amarelo, pensou Lesoto, que estudou e percebeu que os biseis do cyborgue
Yendel, trabalharam ali, o sinctético deus Calibor fora sagrado e consagrado em
belas-artes. Nas suas atrozes conquistas interestelares, ao longo de tempos
atemporais, nas suas pilhagens pelos multiversos sem fim.
Lesoto se levantou de forma vigorosa, ele percebeu que usava uma bata
cerimonial, percebeu que pôr fim chegara onde queria estar, Botswana estava por
detrás daquele portal. O seu rei e pai ali estava, era ali que o sonhador
deveria estar e o sonhador caminhou os poucos metros e adentrou na cidade das
nuvens. Viu as estreitas passarelas de pedra suspensas no ar por vigas, eram
torres em ilhas de degredos com as suas colossais, fabulosas torres
pontiagudas, eram púrpuros palacetes rodeados de jardins verdejantes e as
quedas de águas alabastrinas, que brotavam das suas laterais. Ao centro a
cidadelas das brumas, rodeada com as torres abóbadas e o palácio principal, a
colossal morada da afra rainha Luna Dark ao centro. Lesoto, o sonhador olhou
para baixo e só viu as brumas, enfim a cidade das nuvens, um lugar onde nenhum
sonhador tinha permissão de pôr os pés. A luminescência ao fundo maravilhou os
olhos do sonhador. E Lesoto sabia que quem ousava frequentar a morada da
semi-deusa Luna Dark, não saia vivo. Lesoto cruzou o portal de entrada da
cidade!
***
Ernesto Cacinda, o major-general, por
fim despertara, estava de volta ao mundo em vigília, um forte cheiro de incenso
chegou ao militar de alta patente com força e amargor. As costas lhe doíam,
pois estava deitado em uma cama de bambu e um silêncio sepulcral imperava no
ambiente e conforme os olhos do sonhador se acostumaram com a semi-escuridão.
Cacinda, percebeu os corpos sem vida em toda parte, ao chão, sentados em suas
cadeiras, deitados em suas camas de bambu, interrompidos em suas funções
cotidianas.
Então o agente de segurança, ligou o
alerta total dentro dele, trôpego se ergueu e vagou pelo perímetro. E as lentes
de contatos, nos olhos de Ernesto Cacinda escaneou as dezenas dos corpos sem
vida. E não foram encontrados ferimentos graves e os corpos estavam quentes,
apesar do escaneamento dar conta que estavam mortos a mais de vinte e quatro
horas. E as leituras faciais, apontavam que eram os seguranças do lugar, os
usuários, os gerentes, os subgerentes, os empregados do opiário. Eram homens e
mulheres, idosos e jovens adultos, de várias etnias, idades e de variadas
nacionalidades.
Ernesto Cacinda, viu a porta de
entrada, caminhou para fora do opiário e a forte luz do sol do meio dia, não
lhe feriu os olhos, pois os filtros das lentes de contato, protegeram as
retinas e a militar ligou a manopla no seu braço direito. No limiar da porta,
abrupto, virou-se para trás, o punho fechado acertou o vazio e a onda magnética
destruí, tudo que estava à frente.
— Acalma-te soldado! — Falou uma voz
forte de comando.
Ernesto Cacinda, o major-general,
abrupto se voltou para frente e atônito viu Botswana, vestido à moda europeia,
o general sorria emocionado. Botswana abriu os braços e Ernesto Cacinda
relutava em abraça-lo. Somente deu dois passos à frente, pois entendeu o motivo
dos corpos sem vida atrás dele.
— Eram criminosos e fracos, meu filho,
iriam morrer de qualquer forma! — Disse o general com todo o peso que a
autoridade que lhe conferia.
— Para onde vamos agora? — Perguntou
emocionado Ernesto Cacinda!
— Para o novo mundo meu filho.
Fragmento
do livro Opera mundi, texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista, cronista,
novelista e bibliotecária em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Argumento
de Samuel da Costa, poetisa, contista, cronista e novelista em Itajaí, Santa
Catarina.
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