sexta-feira, 1 de agosto de 2025

OPERA MUNDI: THE CITADEL OF MISTS

Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

‘’A morte não é a maior perda da vida.

 A maior perda é o que morre em nós, enquanto vivemos…!

Floresça, seja luz, mesmo diante do caos. ’’

Fabiane Braga Lima

 

            O sonhador, abriu os olhos, o domo azul acima dele, deu pistas de onde estava. Um céu azul-celeste, um céu sem nuvens, uma gama variada de olores florais, inundaram o olfato de Lesoto e zunidos de insetos em voo, sentenciaram onde o sonhador estava. A cidadela das brumas, pelo menos o linear da cidade da afra rainha.

            Lesoto que estava deitado, em um solo macio, o sonhador sentiu o cheiro de clorofila e as gramas espetando-lhe o corpo. Embora os muitos temores e os variados cansaços, ordenaram que ele ficasse onde estava e o sonhador buscou energias de onde ele mesmo não sabia que existiam. Ao erguer o dorso, ele percebeu que estava em uma pequena colina verdejante e que o silêncio ali imperava como um se fosse um aviso. A bruma espessa que o rodeava a colina, evanesceu e a frente a névoa começou a evanescer e o portal da cidadela das nuvens surgiu como um convite aterrador.

            Lesoto, que percebeu que os dois monumentais guardas pretorianos, não estavam postados nas laterais do portal. A grandiosa arcada, era abastosa em sua base e conforme as duas hastes ganhavam o céu, ficavam delgadas e no topo, o sonhador percebeu o signo amarelo de Hastur. Um tributo da milady Luna Dark, ao rei de amarelo, pensou Lesoto, que estudou e percebeu que os biseis do cyborgue Yendel, trabalharam ali, o sinctético deus Calibor fora sagrado e consagrado em belas-artes. Nas suas atrozes conquistas interestelares, ao longo de tempos atemporais, nas suas pilhagens pelos multiversos sem fim.

            Lesoto se levantou de forma vigorosa, ele percebeu que usava uma bata cerimonial, percebeu que pôr fim chegara onde queria estar, Botswana estava por detrás daquele portal. O seu rei e pai ali estava, era ali que o sonhador deveria estar e o sonhador caminhou os poucos metros e adentrou na cidade das nuvens. Viu as estreitas passarelas de pedra suspensas no ar por vigas, eram torres em ilhas de degredos com as suas colossais, fabulosas torres pontiagudas, eram púrpuros palacetes rodeados de jardins verdejantes e as quedas de águas alabastrinas, que brotavam das suas laterais. Ao centro a cidadelas das brumas, rodeada com as torres abóbadas e o palácio principal, a colossal morada da afra rainha Luna Dark ao centro. Lesoto, o sonhador olhou para baixo e só viu as brumas, enfim a cidade das nuvens, um lugar onde nenhum sonhador tinha permissão de pôr os pés. A luminescência ao fundo maravilhou os olhos do sonhador. E Lesoto sabia que quem ousava frequentar a morada da semi-deusa Luna Dark, não saia vivo. Lesoto cruzou o portal de entrada da cidade!     

***

Ernesto Cacinda, o major-general, por fim despertara, estava de volta ao mundo em vigília, um forte cheiro de incenso chegou ao militar de alta patente com força e amargor. As costas lhe doíam, pois estava deitado em uma cama de bambu e um silêncio sepulcral imperava no ambiente e conforme os olhos do sonhador se acostumaram com a semi-escuridão. Cacinda, percebeu os corpos sem vida em toda parte, ao chão, sentados em suas cadeiras, deitados em suas camas de bambu, interrompidos em suas funções cotidianas.

Então o agente de segurança, ligou o alerta total dentro dele, trôpego se ergueu e vagou pelo perímetro. E as lentes de contatos, nos olhos de Ernesto Cacinda escaneou as dezenas dos corpos sem vida. E não foram encontrados ferimentos graves e os corpos estavam quentes, apesar do escaneamento dar conta que estavam mortos a mais de vinte e quatro horas. E as leituras faciais, apontavam que eram os seguranças do lugar, os usuários, os gerentes, os subgerentes, os empregados do opiário. Eram homens e mulheres, idosos e jovens adultos, de várias etnias, idades e de variadas nacionalidades.

Ernesto Cacinda, viu a porta de entrada, caminhou para fora do opiário e a forte luz do sol do meio dia, não lhe feriu os olhos, pois os filtros das lentes de contato, protegeram as retinas e a militar ligou a manopla no seu braço direito. No limiar da porta, abrupto, virou-se para trás, o punho fechado acertou o vazio e a onda magnética destruí, tudo que estava à frente.

— Acalma-te soldado! — Falou uma voz forte de comando.

Ernesto Cacinda, o major-general, abrupto se voltou para frente e atônito viu Botswana, vestido à moda europeia, o general sorria emocionado. Botswana abriu os braços e Ernesto Cacinda relutava em abraça-lo. Somente deu dois passos à frente, pois entendeu o motivo dos corpos sem vida atrás dele.

— Eram criminosos e fracos, meu filho, iriam morrer de qualquer forma! — Disse o general com todo o peso que a autoridade que lhe conferia.

— Para onde vamos agora? — Perguntou emocionado Ernesto Cacinda!

— Para o novo mundo meu filho.

 

Fragmento do livro Opera mundi, texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista, cronista, novelista e bibliotecária em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Argumento de Samuel da Costa, poetisa, contista, cronista e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

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