sexta-feira, 1 de agosto de 2025

OLHOS AZUIS

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

Um dia desses estava saindo de casa para ir ao trabalho, quando uma garotinha abusada, me atirou um balão com água, para depois sair correndo em disparada rumo ao desconhecido. Fiquei intacta, mas ao mesmo tempo quis pegá-la pela orelha, pois era o único uniforme limpo, que tinha para trabalhar, o outro estava na lavanderia e um terceiro estava na costureira.

Então rapidamente voltei para casa para me trocar, coloquei uma roupa casual e fui para o escritório de contabilidade onde trabalho, lógico que ao chegar no meu trabalho, todos ficaram espantados.

Terminando o meu turno, fui embora para casa. No dia seguinte, sagaz, resolvi colocar uma roupa casual, para sair de casa e na noite anterior eu tinha deixado o meu uniforme novo, no carro, uniforme que eu tinha recebido da costureira.

Eu tinha certeza que a garotinha, estava com mais um balão para me molhar. Lá estava ela, com um balão prestes a me jogar. Olhei bem para ela, e sorri. Como era linda, seus olhos azuis brilhavam, cabelos ruivos despenteados e com algumas sardas no rosto. E mais uma vez me atirou um balão com água. Bom! Na verdade, ela queria somente brincar, fazer com que eu pudesse me sentir mais esperançosa, realmente estava bem dez esperançosa.

E, toda aquela brincadeira virou rotina, na qual me senti mais viva e com esperança de um mundo melhor. Afinal, o que temos feito de nós mesmos nesta dita modernidade líquida?

Todas as manhãs, a realidade nos assalta armada, como uma faca em punho. Viramos piada humana diante nosso próprio país. Então, a garotinha me disse com uma brincadeira infantil: — Uma fração de segundos pode ser tempo suficiente para mudar nossa história. Pense!

Enfim, um dia cessasse às brincadeiras infantis, e o que nos sobra? Lembre-se: O tempo urge, viva um dia de cada vez. Enquanto a mim? Preciso ir minha família me espera ....!


Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e dois sorrisosTexto e argumento de Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo.

Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista, poeta e contista em Itajaí, Santa Catarina. 

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