quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

PELÉ

Por Napoleão Valadares (Brasília, DF)


Parte agora o grande atleta,

talvez vibrando, talvez            

sorrindo, como outras vezes

ele partiu para o abraço

depois do seu gol de placa.

Jogou com bola de meia,

cabeceou vida certeira,

fintando todos os vícios

e amortecendo no peito

os conselhos de Dondinho.

Titular de quatro copas,

de três delas campeão,

da Seleção artilheiro,

rei e cidadão do mundo,

teve sete bolas de ouro.

Dos homens o mais famoso,

com mil, duzentos e oitenta

e três gols, ninguém chegou

a seus pés, somente a bola,

a menina dos seus olhos.

Como goleador sem par

e o jogador mais completo

que pisou nesses gramados,

colecionou mil troféus

e foi o atleta do século.

São Pedro, sabendo disso,

convocou-o para o Céu,

e ele respondeu de pronto:

“Já vou. E começo aqui

e agora a minha arrancada.

Voz grave, pedindo a bola,

recebeu um lançamento

disparando pelo espaço,

driblou Mercúrio três vezes

e deixou Vênus pra trás.

Bateu a mão para a Terra,

jogou beijo para a Lua,

avançou, passou por Marte,

aplicou fintas em Júpiter,

saindo pela direita.

Num passe para Garrincha,

deslocou-se para o meio,

tabelando com Didi,

fez uma ginga e passou

entre Saturno e Urano.

Desviou-se de Netuno,

deu um chapéu em Plutão,

chutou, balançou a rede

e saltou, sem gravidade,

abraçando o infinito.

        (29 de dezembro de 2022)

 

Um comentário:

  1. Pelé foi meu ídolo do futebol, merece nosso aplauso. Bela poesia - parabéns!

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