Por Napoleão Valadares (Brasília, DF)
Parte agora o grande atleta,
talvez vibrando, talvez
sorrindo, como outras vezes
ele partiu para o abraço
depois do seu gol de placa.
Jogou com bola de meia,
cabeceou vida certeira,
fintando todos os vícios
e amortecendo no peito
os conselhos de Dondinho.
Titular de quatro copas,
de três delas campeão,
da Seleção artilheiro,
rei e cidadão do mundo,
teve sete bolas de ouro.
Dos homens o mais famoso,
com mil, duzentos e oitenta
e três gols, ninguém chegou
a seus pés, somente a bola,
a menina dos seus olhos.
Como goleador sem par
e o jogador mais completo
que pisou nesses gramados,
colecionou mil troféus
e foi o atleta do século.
São Pedro, sabendo disso,
convocou-o para o Céu,
e ele respondeu de pronto:
“Já vou. E começo aqui
e agora a minha arrancada.”
Voz grave, pedindo a bola,
recebeu um lançamento
disparando pelo espaço,
driblou Mercúrio três vezes
e deixou Vênus pra trás.
Bateu a mão para a Terra,
jogou beijo para a Lua,
avançou, passou por Marte,
aplicou fintas em Júpiter,
saindo pela direita.
Num passe para Garrincha,
deslocou-se para o meio,
tabelando com Didi,
fez uma ginga e passou
entre Saturno e Urano.
Desviou-se de Netuno,
deu um chapéu em Plutão,
chutou, balançou a rede
e saltou, sem gravidade,
abraçando o
infinito.
(29 de dezembro de 2022)
Pelé foi meu ídolo do futebol, merece nosso aplauso. Bela poesia - parabéns!
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