Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
Ao anoitecer um silêncio pairava no ar no velho
casarão, uma inquietação me fez despertar, era tarde da noite. Acordada sai da
cama, então sonolenta desci as escadas, liguei o alerta total conforme ganhava
o primeiro andar, fui beber um copo de água. Na cozinha, eu não abri a
geladeira e decidi ir direto para pia, o barulho da torneira ainda enchia os
meus ouvidos e a água quase trasbordava no copo, quando uma voz glacial inundou
o ambiente. Olhei para trás era um homem mal vestido.
— Pode me arrumar um copo de água por favor! —
Falou enfático o estranho.
— O que? — Respondi, em meio aos turbilhões de
sentimentos e pensamentos confusos, só uma pergunta ficou martelando na minha
cabeça: — Como um completo estranho entrou na minha casa!
Como se
asas brotassem nos meus pés, eu voei pelas escadas e voltei para o meu quarto.
No meu quarto repassei a cena, tinha um completo estranho na minha cozinha,
tinha os fortes olores de jasmim misturado com o odor putrefato de alguém que
vive nas ruas. Tinhas os olhos azuis ejetados e um sorriso brando, com dentes
perfeitos. Tinha o som do fino copo de cristal cheio de água gelada que deixei
cair no chão. Tinha a minha necessidade de deitar na minha cama e dormir e
acordar em um mundo que fazia sentido para mim.
Ao acordar no meu quarto e na minha cama, me
levantei olhei no espelho eu lentamente desci caminhar até as escadas. Chegando
na cozinha notei que os fortes odores, tinham desaparecido por completo e lá
estava ele, o homem misterioso, sentado na mesa da cozinha. Olhei o relógio
postado na parede e era madrugada ainda e nada dele fazer menção de partir.
Naquela hora tive um pensamento estranho, que talvez ele estivesse morto. Mas,
a respiração dele ficou cada vez mais ofegando, parecia irado, eu fingi não
estar preocupada, mas o meu corpo estava tremendo. Perguntei para o estranho
quando iria embora, e ele em um rompante, ele se levantou e me pegou pelo
braço, jogou-me na parede, me beijou. O forte odor invadiu os meus sentidos de
novo, e como adivinhando o que eu sentia, o estranho me largou e me disse que
precisava tomar um banho. Pegou na minha mão e me conduziu para fora da cozinha
rumo ao desconhecido.
O estranho agia como se fosse o dono da casa,
como se conhecesse a casa pois subiu as escadas, invadiu o meu quarto, acendeu
a luz, foi até o guarda-roupas, pegou uma toalha e partiu rumo ao meu banheiro.
Mandou-me ficar bem quieta. Tirou as roupas encardidas, notei o corpo atlético
do estranho, ele entrou no box de acrílico e fechou, abriu o chuveiro,
Profanação! Estou desejando um homem estranho,
uma pessoa que não conheço, que nunca vi na vida. Não resisti, entrei no box e
subitamente me entreguei aquele homem estranho! Sedento, parecia devorar cada
parte do meu corpo, com força colocou a mão na minha boca e mandou eu ficar
quieta! Mandou-me não gritar e somente sentir.
Lá fora a vida ocorria naturalmente e começou a
chover forte, e na minha realidade a madrugada parecia assustadora e nada do
estranho ir embota. Depois do banho ele me amarrou na cama, desceu as escadas,
escutei o barulho, abriu a torneira. Voltou com um copo de água nas mãos, ele
segurava o copo com as duas mãos firmes. De voltou das amarras, pediu
gentilmente para eu me levantar, eu obedeci, eu de pé ao lado da cama, ele molhou
meu corpo nu e delicadamente secou com sua boca, me fez sentir os prazeres
requintados, ele era um cavaleiro devasso!
Deliciou-me de profundos prazeres libidinosos,
entre muitos beijos ardentes e orgasmos, nossos corpos se encaixaram no pecado!
Profanação!? Não sei? Me sentia completa, e
ali, nosso estranho amor foi consumado, selado. Calou-me apenas com um beijo e
simplesmente partindo sem nada dizer! Voltei para a cama e dormir serena para
acordar no dia seguinte como quem acorda de um sonho.
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