sábado, 1 de julho de 2023

A VOLTA

Por Izemar Fernandes Batista (Brasília, DF)

 

Volta-se de um amor

como um fogo de artifício:

apagado, vencido.

 

Volta-se de um amor

como uma cachoeira:

derramada, jogada, lá embaixo.

 

Volta-se de um amor

como um barco depois da procela:

dilacerado, roto.

 

Volta-se de um amor

como passarinho que perdeu o ninho:

desesperado, aflito.

 

Volta-se de um amor

como uma flor no ocaso do dia:

pendida, despetalada.

 

Volta- se de um amor

como um menino surrado:

choroso, desiludido.

 

Volta-se de um amor

como um palhaço despedido do circo:

destronado, traído.

 

Volta-se de um amor

como um rio que seca:

trincado, vazio.

 

Volta-se de um amor

como um náufrago:

cansado,

arquejando,             

sozinho,

na praia.

 

Volta-se de um amor,

assim. 

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