sábado, 1 de julho de 2023

PATINHO FEIO?

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

Para uma saúde mental eu estava distante de uma realidade saudável. Ter a sua existência questionada é muito cruel para quem ainda tinha em seus braços uma boneca branca, já muito usada. Crescendo e passando por todas as fases da vida fui buscando entender tudo que acontecia. Não aceitei o que queriam para mim, eu fui subindo os degraus da vida. Com a perda da minha mãe aos meus 34 anos de idade, fui em busca das minhas raízes. Eu me posicionei como mulher preta e procurei entender tudo que se passou na minha infância até a fase adulta.

O mais difícil aconteceu, achei o mundo onde eu me encaixava e podia me defender de forma limpa, eu encontrei a escrita. A literatura hoje é o meu reino encantado e com ela uma nova mulher aflora todos os dias em mim. Ainda sim ouço dizerem que sou uma princesa. Para o poeta catarinense uma "deusa negra".

E eu que sempre me vi como o patinho feio da história. Talvez porque a sociedade com seus estereótipos em relação a nós mulheres negras me fez chegar nesse ponto.

 Num dia eu sou morena, no outro eu sou mulata, quando não negrinha. E aí, quem eu sou?

Clarisse da Costa é poetisa, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa Catarina.

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

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