Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Para
uma saúde mental eu estava distante de uma realidade saudável. Ter a sua
existência questionada é muito cruel para quem ainda tinha em seus braços uma
boneca branca, já muito usada. Crescendo e passando por todas as fases da vida
fui buscando entender tudo que acontecia. Não aceitei o que queriam para mim,
eu fui subindo os degraus da vida. Com a perda da minha mãe aos meus 34 anos de
idade, fui em busca das minhas raízes. Eu me posicionei como mulher preta e
procurei entender tudo que se passou na minha infância até a fase adulta.
O mais
difícil aconteceu, achei o mundo onde eu me encaixava e podia me defender de
forma limpa, eu encontrei a escrita. A literatura hoje é o meu reino encantado
e com ela uma nova mulher aflora todos os dias em mim. Ainda sim ouço dizerem
que sou uma princesa. Para o poeta catarinense uma "deusa negra".
E eu
que sempre me vi como o patinho feio da história. Talvez porque a sociedade com
seus estereótipos em relação a nós mulheres negras me fez chegar nesse ponto.
Num dia eu sou morena, no outro eu sou mulata,
quando não negrinha. E aí, quem eu sou?
Clarisse
da Costa é poetisa, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
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