sábado, 1 de julho de 2023

FLOR DO MATO (O PASSEIO PELO JARDIM)

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

 

O enfermeiro chegou, enfim, chegou a minha hora de descansar um pouco. Tomás, não se aquietou a noite toda, não me deu sossego, hoje mesmo ligarei para o médico dele. Mas quero falar com o jardineiro, antes que Tomás acorde novamente.

Tomás, tem sido a cruz que carrego, seu estado de vida está piorando. Aparentemente, é como um moribundo, deitado em sepulcro, esperando a morte chegar. Machuca muito, ter que dizer isto, no meu âmago sangrando de dores. Preciso sair um pouco, como de costume eu quero ir ao jardim, ver e sentir as flores matinais, estão cada dia mais belas. Isaac, o jardineiro, sempre cuidando do meu belo jardim. Hoje, a primeira flor que fui ver, foi a flor do mato. As minhas flores, estavam deslumbrantes, valentes e vivas, algumas já estavam mortas, devido à geada.

— Isaac, parece que as flores estão murchando. — Falei assim que vi o jardineiro se aproximar.

— Elas estão morrendo, devido à geada, senhora! — Disse Isaac com pesar.   

— Percebi, Isaac! — Disse concordando com o jardineiro.

Não havia o que fazer, a não ser cobri-las. O meu jardim é vasto de flores, eu queria ver como estavam as minhas outras plantas. Mas antes de começar a minha caminhada, percebi que Isaac, me olhou, fixo, ele estava lacrimejando. Assim como eu, ele sentia adoração pelas flores. Enquanto isto, a valente flor do mato parecia estar sorrindo, linda, já Isaac queria arrancá-la de lá. Em meio a geada e o sol, sempre audaz.

Ao final do dia, depois que eu me entreter com o meu jardim o dia inteiro. O enfermeiro se foi, chegou minha vez, de ficar com o meu esposo, notei que ele estava mais magro e sorrindo. Tomás, queria se curar e voltar a ser aquele homem feliz.

— Tomás, meu amor, parece ser outro! — Disse para o meu esposo com ternura.  

Notei que os olhos de Tomás, brilhavam, enquanto ele se esforçava para emagrecer. Não havia palavras para dizer, o quanto, me sentia, feliz.


Texto de Fabiane Braga Lima, poetisa, contista e novelista em Rio Claro, São Paulo.

Contato: debragafabiane1@gmail.com

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